Modelo econômico de La Liga, que ‘freia’ o Barcelona, poderia ser utilizado no Brasil?
La Liga divulgou nesta quinta-feira (12) o limite de gastos dos clubes da primeira e segunda divisões
A Trivela esteve presente em Madrid na coletiva em que La Liga divulgou nesta quinta-feira (12) o Limite de Custos Esportivos dos times da primeira e da segunda divisão, após a janela de transferência do verão europeu. Os porta-vozes foram o presidente de entidade esportiva, Javier Tebas, e Javier Gómez, diretor corporativo.
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Conhecido pela sigla em espanhol LCPD, o limite é o valor máximo que cada clube pode consumir durante a temporada, após as janelas de transferências (semestralmente).
Isso inclui gastos com jogadores, treinador principal, treinador adjunto e preparador físico da equipe principal – definidos como plantel que pode ser inscrito – e também gastos com equipes reservas, de base e outros – plantel que não pode ser inscrito.
A meta do LCPD é evitar situações de insolvência e garantir a sustentabilidade financeira dos clubes, promovendo um equilíbrio entre os gastos em contratações e as receitas líquidas do clube.
Na prática, se o time não cumpre com sua folha salarial e está em dívida com obrigações governamentais (como com a previdência social), La Liga pode punir os clubes.
As punições podem variar entre a retenção do repasse dos direitos de televisão até a queda de divisão ou exclusão de La Liga.
O modelo de La Liga serviria para o Brasil?
Presente no evento de imprensa no prédio que abriga a Business School de La Liga, a Trivela perguntou aos porta-vozes se o modelo tem inspiração nas ligas americanas (NFL e NBA) e se o modelo LCPD pode ser usado nos campeonatos sul-americanos.
Após negar inspiração nas ligas americanas (que não tem descenso), o presidente da Liga respondeu:
“As ligas sul-americanas, com divisões, promoções e quedas, algo que as ligas americanas não têm, podem usar o modelo espanhol”
Javier Tebas, presidente de LaLiga
O diretor financeiro, no entanto, fez ressalvas ao seu próprio modelo, apontando que é um atenuador, e não algo infalível.
“Nosso modelo, no entanto, não é perfeito. Ele não impede que um time tenha perdas. Se, por exemplo, ele não vende jogadores, pode ter perdas. Mas, nosso modelo reduz essas situações. Além disso, essa imperfeição também pode ser corrigida com mais atenção do gestor desse clube. Ele sabe que se não cumpre com essas obrigações, seu clube está fora da competição”
Javier Goméz, diretor corporativo de LaLiga
Teoricamente, o modelo seria aplicável às ligas sul-americanas, que necessitam de sustentabilidade para poder fazer seus campeonatos mais estáveis, rentáveis e atraentes para torcedores, patrocinadores e investidores.
A grande questão do modelo para o Brasil, em primeiro lugar, é que os times não estão reunidos em uma só liga, que determina regras, como em La Liga – e sim divididos em Libra e Liga Forte.
Em outro detalhe ainda mais complicado é a grande instabilidade financeira dos clubes brasileiros. Boa parte atua no vermelho na casa dos bilhões. O modelo teria que levar em conta a diminuição da dívida de forma gradual, não se o clube está ou não em situação de dívida.
Só após amenizar tal situação é que o modelo espanhol, tal como existe hoje, seria praticável no Brasil.
Quais os limites salariais divulgados por La LIGA para 2024/25?
As perguntas da coletiva de imprensa foram especialmente direcionadas sobre o Barcelona. Em crise nos últimos anos e gastando mais do que o LCPD permite, o clube conseguiu uma recuperação com o anúncio feito nesta quinta.
O limite passou de 204 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) da última divulgação (em janeiro) para 426 milhões agora (R$ 2,5 bilhões). No entanto, o clube ainda continua gastando mais do que pode e, segundo aponta o jornal Marca, Dani Olmo pode deixar de estar inscrito quando a janela de transferência se abrir em janeiro novamente.
A grande esperança do time catalão é a concretização de um possível novo acordo com a Nike. A renovação seria por 90 milhões de euros (R$ 54 milhões) por temporada, com luvas de 120 milhões de euros (R$ 720 milhões).
Além do Barcelona, outro exemplo apontado por Javier Goméz como delicado foi o do Sevilla. Sem a vaga na Champions, o time andaluz perdeu 70 milhões de euros (420 milhões de reais) em receitas. Com isso, o limite de custos do Sevilla é de apenas dois milhões de euros (12 milhões de reais), o menor entre a primeira e a segunda divisões da Espanha.
O Real Madrid é o time que mais pode gastar em La Liga, com o limite de 755 milhões de euros (R$ 4,5 bilhões), em situação totalmente confortável.
Para Javier Goméz, o grande problema dos times de La Liga (1ª e 2ª divisões) está nas equipes que caem de divisão. Equacionar um plantel com salário da primeira divisão na segunda causa incompatibilidades que nem sempre são resolvidas em apenas um semestre.
Os limites de custos esportivos de La Liga (2024-25)
Time de LaLiga (1ª divisão) | Limite de Custos Esportivo (em milhões de euros) |
---|---|
Athletic Bilbao | 100.818 |
Barcelona | 426.427 |
Espanyol | 8.789 |
Real Madrid | 754.894 |
Atlético de Madrid | 310.745 |
Sevilla | 2.499 |
Real Betis | 108.990 |
Real Sociedad | 159.259 |
Mallorca | 58.841 |
Valencia | 74.608 |
Osasuna | 51.862 |
Alavés | 38.628 |
Villareal | 135.860 |
Celta | 77.570 |
Rayo Vallecano | 45.371 |
Valladolid | 41.836 |
Leganés | 37.138 |
Girona | 94.464 |
Las Palmas | 40.320 |
Getafe | 39.172 |