La Liga

Imparável nesta retomada, o Real Madrid ratifica o momento e celebra seu 34° título em La Liga

A taça do Campeonato Espanhol estava nas mãos do Real Madrid. Que o Barcelona cometesse os seus erros, os merengues também tinham enormes méritos pela regularidade neste retorno de La Liga: a equipe de Zinedine Zidane apenas venceu. E, nesta quinta-feira, o décimo triunfo consecutivo confirmou o título aos novos campeões. Seria uma atuação sólida dos madridistas durante a maior parte do tempo, apesar do sufoco nos últimos instantes. Preponderariam algumas virtudes do time, para garantir o triunfo por 2 a 1 sobre o Villarreal: o poder de decisão de Benzema, os milagres de Courtois, a profundidade do elenco. Ao final, o resultado se combinou ainda com a derrota do Barcelona no Camp Nou para o Osasuna. Cenário perfeito para a comemoração dos madrilenos no Estádio Alfredo Di Stéfano.

Desta vez, em sua costumeira rotação das peças titulares, Zidane preferiu escalar uma equipe cheia de medalhões. A defesa manteve os nomes mais frequentes, enquanto o trio de meio-campistas foi o “clássico” – composto por Casemiro, Toni Kroos e Luka Modric. Mais à frente, além de Karim Benzema comandar as ações, Eden Hazard e Rodrygo apareciam por ali – com o brasileiro ganhando moral, pela oportunidade numa ocasião desse calibre.

O Real Madrid não provocou o caos no Villarreal como fez o Barcelona há poucas semanas. Em compensação, os merengues tinham uma atuação bem mais segura e não se expunham aos riscos. O time de Zidane se mantinha no ataque e buscava as suas brechas. O goleiro Sergio Asenjo faria a primeira boa defesa aos 15 minutos, num chute de Modric. Benzema era quem mais aparecia, se movimentando na linha de frente, e seria premiado com o gol aos 29 minutos. O lance surgiu a partir de uma excelente roubada de bola de Casemiro, que leu o passe e espetou a Modric. O maestro avançou e rolou para Benzema, com o caminho livre dentro da área. Então, o artilheiro só precisou definir por baixo de Asenjo e iniciar a festa merengue.

O Villarreal se via totalmente travado pelo Real Madrid. Thibaut Courtois era um mero espectador dentro de campo, sem que o Submarino Amarelo conseguisse invadir a área dos adversários. O meio-campo merengue fazia um trabalho perfeito na proteção e não permitia qualquer infiltração dos visitantes. A primeira finalização do Villarreal só aconteceu aos 39, num lance em que Samuel Chukwueze ainda acabou bloqueado. Os madridistas também tiraram o pé do acelerador antes do intervalo e administravam o resultado.

Na volta ao segundo tempo, o Villarreal realizou duas alterações, mas o andamento do jogo não mudou muito. O Real Madrid permanecia como senhor da noite e continha o Submarino Amarelo, por mais os adversários se adiantassem dentro de campo. Confortáveis, os merengues sequer faziam muito no ataque. Zidane acionaria seu banco de reservas aos 17, com as entradas de Marco Asensio e Vinícius Júnior, mas nem isso deu muito ânimo à equipe. O lance de maior preocupação ocorreria aos 22, numa saída de gol em que Courtois levou a pior e tomou uma joelhada no rosto. Seguiria em campo após o atendimento.

O segundo gol veio num lance isolado, aos 28 minutos. Após um desarme no meio, Sergio Ramos se mandou ao ataque e invadiu a área, tentando o passe a Vinícius Júnior. O zagueiro caiu depois de um leve contato e, num pênalti bastante questionável, diferente dos últimos favoráveis aos merengues, o árbitro apontou a marca da cal. Sergio Ramos assumiu a cobrança e tentou a genialidade: rolou a bola para Benzema mandar às redes. O problema é que o VAR flagrou a invasão dupla dentro da área e o árbitro mandou voltar a batida. Benzema, então, foi para o tiro e deslocou Asenjo, sem inventar ao estufar as redes.

O Real Madrid até pareceu se animar com o gol e tentou o terceiro. Vinícius Júnior seria travado ao invadir a área e, pouco depois, Kroos mandou um chute potente de média distância que estalou o travessão. Mas o Villarreal conseguiu voltar ao jogo, descontando aos 38. Mario Gaspar cruzou no capricho e Vicente Iborra pulou alto, para desviar de cabeça e tirar do alcance de Courtois. Zidane fez mais duas trocas, com as participações de Federico Valverde e Isco. De qualquer maneira, o Submarino Amarelo deu um calor nos madridistas durante os acréscimos.

Courtois seria a grande figura do Real Madrid no final do jogo. O goleiro realizou duas defesas excepcionais nos acréscimos. Primeiro, Javier Ontiveros cruzou, ninguém desviou e o belga deu uma linda ponte para evitar o empate. Depois, a sobra ainda chegou a Bruno Soriano e Courtois conseguiu rebater em cima da linha com o pé. Iborra mandou para fora o terceiro chute do bombardeio. Os merengues pensaram que o terceiro gol viria antes do apito final, numa jogada absurda de Vinícius Júnior. O brasileiro escapou do primeiro marcador na linha de fundo, passou pelo meio de outros dois e ainda fintou o quarto adversário na área, antes de entregar para Asensio marcar. Pena que o VAR anulou por causa de um toque no braço de Benzema durante a construção do lance. Nada que atrapalhasse a festa dos novos campeões.

Se esta não foi a melhor disputa do Campeonato Espanhol, não é isso que diminui os méritos do Real Madrid. Os merengues cresceram no torneio depois de um início vacilante, calcados na força de sua defesa e no acerto do meio de campo com as peças à disposição. A virada do ano já indicou a arrancada da equipe, apesar de uma ligeira queda em fevereiro. Neste momento, a vitória no clássico contra o Barcelona dentro do Bernabéu seria vital para injetar confiança nos comandados de Zidane. E o trabalho dos madridistas seria muito superior ao do Barça depois da paralisação de La Liga. Ao longo da retomada, não foram sempre brilhantes e até dependeram demais de resultados apertados, mas com consistência o melhor time se estabeleceu na liderança praticamente por inércia.

O Real Madrid termina a penúltima rodada com 86 pontos, abrindo sete pontos de vantagem sobre o Barcelona depois da derrota dos catalães. A arrancada ao final melhorou o aproveitamento, embora ainda seja uma pontuação mais baixa em relação aos campeões espanhóis desta década. E os números defensivos são excelentes, com apenas 23 gols sofridos nestas 37 partidas. Sem dúvidas foi um diferencial, assim como o protagonismo de Benzema no ataque. Dos 68 da equipe, o francês contribuiu com 21 bolas nas redes e oito assistências.

O troféu foi entregue ao Real Madrid ainda nesta quinta-feira, com a celebração dos jogadores no gramado do Estádio Alfredo Di Stéfano. Foi o terceiro título espanhol do clube nos últimos dez anos, em período dominado pelo Barcelona. Os merengues, ainda assim, continuam reinando como os maiores campeões de La Liga: totalizam 34 conquistas, contra 26 do Barça. E, por todos os problemas dos rivais, os madridistas se mostram mais estruturados para seguirem no topo durante os próximos anos.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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