La Liga

O sonho continua: Girona vence Barcelona em pleno Olímpico e rouba liderança do Real

O Girona não tomou conhecimento do Barcelona e manteve sua fama de visitante indigesto: 4 x 2 fora o baile

O Girona segue sonhando com o título e neste domingo (10), pela 16ª rodada de La Liga, mostrou que pode ter forças para sustentar a histórica campanha. O Barcelona, em pleno Estádio Olímpico, foi derrotado pelo time treinado por Michel por 4 x 2, com direito a olé e tudo mais. Melhor no primeiro tempo, nem tanto no segundo, o visitante marcou com Artem Dovbyk, Miguel Gutiérrez, Valery Fernández e Cristhian Stuani. Robert Lewandowski e Ilkay Gundogan diminuíram o que poderia ter sido um gigante vexame culé.

A vitória fez o modesto clube, que faz parte do Grupo City, retomar a liderança do Campeonato Espanhol ao chegar aos 41 pontos, dois a mais do que o Real Madrid, que empatou na rodada. O Barça de Xavi Hernández é apenas o quarto, com 34 de pontuação.

Sensacional primeiro tempo acaba com Girona melhor e na frente

O Girona, incomodo visitante (o melhor em La Liga com sete vitórias e um empate), entrou na partida querendo jogar. A formação era um 3-4-3 intenso, rápido e postado com linhas altas. A escalação contava com dois brasileiros: Yan Couto, o ala pela direita que mesclava momento como um meia por aquele lado, e o ponta esquerdo Savinho, responsável pela amplitude e jogadas no mano a mano.

O Barcelona não teve muitas novidades táticas na partida, montado, com bola, no 3-2-5. João Cancelo se manteve como lateral-esquerdo, responsável por ficar bem aberto naquele lado, enquanto Raphinha fazia a função na direita. Lewandowski era o centravante e João Félix o apoiava por dentro, mais à esquerda, e Pedri, à direita. A saída de bola era feita pelo dois zagueiros Andreas Christensen e Ronald Araújo, somado ao lateral-direito do dia, Jules Koundé (outro zagueiro de origem). Frankie de Jong e Ilkay Gundogan eram os volantes mais recuados. Iñaki Peña se manteve como o goleiro titular, visto que Marc Ter Stegen está lesionado e só volta no próximo ano.

Os minutos iniciais foram de extrema intensidade e chances dos dois times. Pelos lados do campo, o Barça encontrava espaços e quase marcou com Lewandowski, que finalizou em cima da marcação após cruzamento pelo chão. Com velocidade nos ataques, o visitante também criava e Peña fez a primeira defesa da partida em chute de Viktor Tsygankov. Ambos buscavam pressionar e forçar os erros na saída de bola, só que “buscar” o adversário lá no campo de ataque também cobra preços no jogo.

Se aproveitando da pressão (e consequente linha alta do Barça), Yan Couto limpou a marcação e lançou Viktor Tsygankov em profundidade nas costas de Christensen, que tentou cortar, furou e caiu. O ucraniano invadiu a área e serviu seu compatriota, Artem Dovbyk, para completar tranquilo na área. A bola ainda bateu na trave antes de ir ao fundo das redes.

Ao sofrer o gol, o Barça passou a ser mais incisivo. Primeiro, conseguiu assustar em cruzamento de Cancelo na pequena área que buscou Raphinha, mas quem tocou foi o lateral-esquerdo Miguel Gutiérrez e Paulo Gazzaniga teve que fazer a primeira defesa no jogo. Na sequência do lance, os Culés conseguiram retomar a posse com uma pressão e Koundé arranjou um escanteio na tentativa de cruzar. Na cobrança, Rapinha mandou no meio da área e Lewandowski subiu mais do que todo mundo para dar uma forte testada. O goleiro ainda tocou na bola, no entanto, não conseguiu evitar o oitavo gol do atacante polonês.

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Lewandowski marcou seu oitavo gol nesta temporada de La Liga (Foto: Barcelona)

Era um jogo ótimo, os dois lados buscavam o gol a todo instante. O Girona sabia sair perfeitamente da pressão do Barça e, como no gol, quase marcou de novo se aproveitando disso. Gutiérrez levou da defesa ao ataque, tocou para Dovbky que disparava nas costas da defesa e recebeu de volta na área. O lateral-esquerdo gingou, cortou para canhota e arriscou, para ótima defesa de Peña, com a ponta dos dedos.

O posicionamento de alguns jogadores na partida merecem uma menção a parte. Koundé, na teoria o terceiro zagueiro na saída de bola, não ficava preso e tinha liberdade para avançar no campo, dando liberdade para Raphinha ir para dentro. Do lado do Girona, o lateral Gutiérrez, autor de jogada espetacular, virava um meia nos momentos ofensivo e mostrava qualidade na canhota.

Era difícil apontar alguém muito melhor do que o outro, talvez o Girona fosse levemente superior pela forma que conseguia exercer muito bem sua estratégia de contra-atacar. Em uma escapada rápida, Dovbky foi limpando e encontrou Miguel, que tabelou e arriscou – a bola passou pertinho da trave. O lateral ia amadurecendo seu gol.

A equipe visitante não criava só em transição ofensiva, sabia rodar a bola quando encontrava a defesa do Barça “fechada” (em aspas porque dava muitos espaços mesmo com o time postado em seu campo). Jogada de pé em pé, de dentro para fora, Miguel Gutiérrez foi levando na intermediária, ninguém fechou e, quando chegou na área, mandou um biquinho lindo na bola, que estufou as redes de Peña. Apenas 22 anos, fazendo uma partida gigante no Olímpico de Barcelona.

Lewandowski quase colocou o Barça no jogo de novo, já nos acréscimos, quando recebeu lançamento na área e tentou mandar entre as pernas de Gazzaniga, que conseguiu desviar para linha de fundo. Após a cobrança de escanteio, o árbitro finalizou o ótimo primeiro tempo com 48 minutos no relógio.

Mesmo mal, time de Michel confirma gigante vitória marcando duas vezes no fim

Os técnicos ficaram satisfeitos com o que viram na etapa inicial e não houve trocas no intervalo. O Girona não voltou na mesma intensidade, e o Barcelona foi quem deu as cartas nos primeiros momentos. Gazzaniga teve que espalmar para área após De Jong mandar uma bomba de fora da área – por sorte, ninguém de azul-grená pegou a sobra. Depois, Félix exigiu nova defesa do argentino, dessa vez mais fácil, no meio do gol. Gundogan e Raphinha também foram outros arriscar nesses 15 minutos iniciais.

As primeiras investidas do Girona na etapa final foram a partir de jogadas de Yan Couto. Primeiro, o brasileiro tocou para Dovbyk já na marca do pênalti, que enrolou na jogada e quando tentou um calcanhar já era tarde. Depois, arriscou finalização que passou por cima do gol. O ala também tinha criado a chance do cruzamento de Aleix Garcia que explodiu em Peña.

Xavi Hernández trocou pela primeira vez aos 20 minutos e logo três em uma tacada só. Saíram João Félix, Raphinha e Christensen, entraram Ferran Torres, Lamine Yamal e Alejandro Baldé.

Na estrutura tática, os pontas entraram exercendo a mesma função que os outros. O inusitado foi Baldé, que ao invés de ir para lateral esquerda e Cancelo para direita (suas posições corretas), virou um zagueiro. Vale lembrar que Koundé seguiu como lateral-direito. Então, na linha defensiva, eram três improvisados e apenas Araújo continuava na sua.

Inicialmente, as substituições não tiraram o ritmo do Barça, que ainda era melhor. Em lançamento para Torres na esquerda, Gundogan recebeu na área e chutou colocado, tirando tinta da trave esquerda da Gazzaniga.

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Barcelona começou melhor na etapa final (Foto: Barcelona)

Já depois dos 25, Cristhian Stuani entrou na partida, na vaga de Dovbyk. Pouco depois, Mitchel trocou todo o setor direito: Portu e Valery Fernández substituíram Yan Couto e Tsygankov. Do lado do Barça, Fermín López entrou e Pedri saiu.

Em boa parte da etapa final, apesar de ter uma posse maior (bateu quase 60%), o Girona não conseguiu criar as mesmas chances, mesmo quando Baldé estava como zagueiro, até que um vacilo da zaga deu a vantagem necessária para confirmar a vitória e mudou o roteiro dos últimos minutos. Aos 35, lançamento do goleiro para o ataque, Stuani, mesmo com a marcação de Araújo, escorou tranquilo para Valery, com poucos minutos em campo, que deu um toque na bola que tirou Koundé da jogada e finalizou colocado quando ficou de cara com o goleiro. Peña, que não conseguiu salvar o terceiro gol, defendeu com o rosto um chute de Savinho e evitou o quarto logo na sequência.

O Barcelona não teve o mesmo ímpeto de antes após sofrer o terceiro gol – talvez, já conformado com a derrota. Teve até olé, em jogadaça que Jhon Solís, vindo do banco de reservas, ficou cara a cara com Peña e mandou por cima do gol. Nos acréscimos, Gundogan, que estava aparecendo bem na área, recebeu de Ferran e fez um bonito gol em finalização girando, para dar esperança pelo empate. Faltando cerca de dois minutos para acabar, o clube catalão tentou e quase fez com Lewandowski, que recebeu sozinho na área, mas ao tentar cabecear finalizou com o ombro.

O tempo que o Barça supostamente tinha para empatar virou para tomar o quarto. Em falta cobrada no meio-campo, Michel recebeu na área, Savinho pegou a sobra e Stuani apareceu para mandar ao fundo da rede. Uma vitória histórica do Girona.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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