La Liga

Erro incrível em Valencia 2 x 2 Real Madrid mostra arbitragem desconectada do jogo

Regras do jogo não podem ultrapassar o limite do bom senso e a dinâmica natural do futebol

Um dos mais bizarros erros de arbitragem dos últimos tempos foi cometido durante o empate por 2 a 2 entre Valência e Real Madrid, em La Liga. No lance derradeiro do jogo, o árbitro Gil Manzano terminou a partida enquanto uma bola cruzada para a área atacada pelo Real viajava num lance que terminou em gol.

Manzano, um árbitro de prestígio, foi “regrista juramentado”. O tempo acabou, ele apitou. Tal como fez o galês Clive Thomas ao anular um gol de Zico contra a Suécia na Copa de 1978. O jogo não foi respeitado. As regras não escritas, o espírito do campo de jogo foi subjugado pelo tal espírito da lei.

Muitas vezes os árbitros de futebol tentam ser tão detalhistas em suas interpretações que se esquecem do jogo e de suas particularidades.

Como interromper uma jogada quando a bola viaja para a área e existe a iminência de um lance capital?
Acredito na honestidade e no preparo da maioria dos árbitros. Perfeição não existe, e assim como há atletas envolvidos em escândalos, não se pode assegurar a correção de todos. Mas certamente da maioria.
Muitas das polêmicas que envolvem jogos de futebol surgem pelo preciosismo de alguns árbitros nas análises. Além de excessos dos árbitros de vídeo, principalmente quando as imagens analisadas são em câmera lenta. A dramaticidade dos lances em câmera lenta é totalmente diferente do lance em tempo real e pode influenciar decisões e interpretações.

Existem situações que acontecem numa partida de futebol, tais como certo tipo de entradas em disputas de bola, que por mais experiência que um árbitro tenha, somente os jogadores podem interpretar.

Existem jogadores trabalhando em conjunto com a International Board, a instituição responsável pelas regras do futebol. Eles auxiliam certamente os árbitros em suas decisões e interpretações.

No Brasil, onde impera ainda a malandragem e os atletas são mestres na arte do fingimento e da dissimulação, seria interessante se houvesse mais encontros e conversas entre árbitros e jogadores. Para lances mais difíceis de serem interpretados, em especial aqueles em que se analisa se houve interferência do atleta no adversário.

O que parece é que, no afã de buscar a melhor decisão, muitos árbitros terminam por se afastar do ambiente do jogo e das situações que pertencem às quatro linhas.

Nesse aspecto, o VAR presta um desserviço quando entra no terreno da interpretação – que não faz parte de seu protocolo. Ainda que a decisão caiba sempre ao árbitro de campo, está cada vez mais claro que a opinião que vem das cabines dos árbitros de vídeo está tirando muito da confiança daqueles que têm a prerrogativa de soprar o apito.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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