Barcelona foi mais time que o Real Madrid e, mais do que vencer, passa a ter vantagem histórica sobre o rival
O segundo El Clasico da semana terminou com o mesmo time comemorando duas vezes. O Barcelona venceu o Real Madrid pela segunda vez na semana no Santiago Bernabéu, desta vez por 1 a 0. Um jogo que teve os catalães mostrando um plano de jogo e de execução muito mais eficientes. No todo, o Barcelona foi mais time o tempo todo, enquanto o Real Madrid pareceu buscar alguém como teve até a temporada passada, um craque capaz de decidir. A vitória teve um significado especial para o time da Catalunha: passa a ter mais vitórias que o rival no confronto histórico.
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Os dois times vieram a campo com times parecidos com os que entraram no mesmo estádio na quarta-feira. No Real Madrid, saiu Lucas Vázquez e entrou Gareth Bale, como titular, para dar mais força no ataque. No Barcelona, o titular foi Arthur, com a saída de Semedo. Sergi Roberto foi para a lateral direita.
O Barcelona usou a vantagem psicológica da vitória no meio da semana. O Real Madrid tentava, na vontade, mostrar força. O jogo teve bons primeiros minutos, com uma falta perto da área que Bale cobrou, mas mandou por cima. Mesmo com vontade, o Real Madrid fazia pouco.
Aos 25 minutos, Rakitic tabelou com Sergi Roberto e saiu na cara do goleiro Thibaut Courtois. O croata deu um toquinho com categoria por cima do goleiro e marcou: 1 a 0. Um belo gol do Barcelona em pleno Bernabéu.
O Barcelona chegou perto do segundo aos 38 minutos. Em uma jogada pelo meio, Rakitic tocou para Suárez, que com uma finta de corpo ficou com espaço para chutar e bateu com força. Courtois defendeu em dois tempos.
Os primeiros minutos do segundo tempo foram de sufoco do Real Madrid em cima do Barcelona. Tocando a bola no campo de ataque, o time apertava o Barcelona em busca de espaço. E foi nessa pressão que em um cruzamento da direita para a área, o atacante Karim Benzema teve uma grande chance, mas finalizou para fora. Ele estava impedido, mas o lance não foi marcado. Se ele fizesse o gol, provavelmente o gol seria anulada.
Aos seis minutos, Carvajal errou o passe, Luis Suárez arrancou com a bola, mas perdeu o ângulo de finalização. Mesmo assim, conseguiu girar e tocar para trás, mas a defesa do Real Madrid afastou. Lance de perigo.
Aos 14 minutos, o Real Madrid teve uma grande chance. Uma bola que Rakitic tentou dar um chutão, a bola pipocou na área, Piqué tentou tirar e a bola sobrou para Vinícius Júnior, que chutou de forma perigosa. Foi mais uma chance para o Real Madrid que faltou capacidade de decisão, tanto para fazer a melhor escolha, quanto para executá-la da melhor forma.
O meio-campo do Real Madrid sofria na marcação. Sem a bola, o time tinha dificuldade em recuperar a posse. Toni Kroos, criticado durante a semana por Bernd Schuster, não conseguia ir bem nem marcado, nem atacando. Saiu para dar lugar a Ernesto Valverde, uruguaio ainda jovem, e saiu sob vaias no Bernabéu. Com Bale apagado, o técnico Santiago Solari decidiu mudar. Tirou de campo o galês e colocou Marco Asensio no seu lugar. Bale saiu muito vaiado pela torcida. A fase do britânico é terrível.
Com muita tranquilidade, o Barcelona mantinha a posse de bola e arrancava para espetar e tentar o gol. Em um lance aos 24 minutos, bola de Messi para a velocidade de Dembélé. O francês chutou cruzado, com perigo, mas fora. O Real Madrid ficava menos com a bola. Via o Barcelona gastar o tempo enquanto mantinha a posse. O Real Madrid acelerava cada vez que tinha a bola.
O técnico Ernesto Valverde (do Barcelona, não o volante do Real Madrid) tirou o brasileiro Arthur e colocou Arturo Vidal. O brasileiro vinha de lesão e o vigor físico do chileno manteria a equipe da Catalunha forte no meio-campo. As características completamente diferentes não foram um problema, ao contrário: Vidal entrou brigando por todas as bolas, dividindo forte, dando vigor ao time.
Para tentar mudar o jogo, Solaria inda colocou em campo Isco, tirando o volante Casemiro. Foi para cima. Isco era pedido pela torcida nos minutos anteriores. Isco tentou, não se pode negar. Tentou causar situações de perigo, mas o Real Madrid era um time sem tantas ideias, sem parecer o que fazer em campo com tanta clareza.
Mesmo com dificuldades no ataque, o Real Madrid ia como podia. No abafa. Foi assim que, aos 45 minutos, Carvajal recebeu na linha de fundo, cruzou e Raphael Varane, dentro da área, tocou de cabeça com perigo, mas no meio do gol. O goleiro Marc-André Ter Stegen defendeu com tranquilidade.
Para gastar tempo, o técnico do Barcelona gastou mais o tempo com a entrada de Semedo no lugar de Sergio Busquets. Sergi Roberto saiu da lateral para atuar no meio-campo. O Barcelona, assim, tocava a bola, gastava o tempo com a posse da bola. Até que eventualmente criava espaço. Como em um lance de Messi para Coutinho, que tentou o toque por cima do goleiro e foi parado por Courtois; ou outro que Coutinho fez a jogada pela esquerda, tocou para Vidal, que ajeitou para Messi. O camisa 10 bateu colocado, com muito perigo, mas mandou fora.
Com o jogo nos acréscimos, Vidal dividiu de forma muito forte com o lateral Reguillón. O lance quase causou cenas lamentáveis. O chileno, aliás, foi um destaque do jogo desde que entrou, mas pelo lado da força física: dividiu constantemente, rachando todas as bolas. Exatamente o que faltava ao Real Madrid, que não conseguia ter alguém no seu meio-campo que lutasse bem pela bola.
No fim, mais uma vitória do Barcelona, que mostrou ser mais time que o Real Madrid no conjunto. Ao Real Madrid faltam muitas coisas: um meio-campo que consiga disputar a bola; uma capacidade de decisão e finalização no ataque, sem fazer a bola circular sem motivo. Com Cristiano Ronaldo, o time parecia ter um ponto focal: todos sabiam que era o português quem deveria ter a bola do jogo nos pés, o time trabalhava por isso. Sem ele, o time parece rodar em busca de alguém para o momento de decisão.
São 12 pontos de diferença do líder Barcelona para o Real Madrid. O título é apenas um sonho absolutamente improvável para os merengues, que precisarão de uma reformulação pesada pensando na próxima temporada. É um time que tem poucos pontos positivos, muitos problemas para resolver. O trabalho será árduo e qualquer título nesta temporada será uma surpresa – e olha que o time está bem na Champions League, mas mostrou pouca capacidade de ser um time realmente letal.
A vitória do Barcelona chega a 96 vitória no confronto entre as duas equipes, superando o próprio Real Madrid, que tem 95. É a primeira vez desde 1932 que o Barcelona fica em vantagem nos confrontos diretos. No retrospecto recente, é impressionante: jogando no Santiago Bernabéu, o Barcelona venceu oito dos 11 últimos jogos disputados. A casa é do Real Madrid, mas a vantagem é imensamente favorável ao Barcelona.