O Barcelona sofreu em casa contra o Alavés, mas a precisão de Lewa possibilitou a virada
Omorodion marcou um gol com menos de um minuto e poderia ter feito pelo menos mais dois, mas os erros custaram caro e Lewandowski, mesmo abaixo de seu melhor, resolveu no segundo tempo
Robert Lewandowski atravessa um momento de dúvidas ao seu redor. Os problemas físicos atravancaram sua sequência desde o final da temporada passada e o rendimento recente também não é dos mais brilhantes. Há dúvidas se o veterano recuperará a média de gols que sustentou até sua chegada ao Barcelona, especialmente depois de passar seis partidas em jejum. Porém, que esteja mais lento e menos dominante, o polonês ainda é um exímio conhecedor da arte das finalizações. E isso fez total diferença ao Barça neste domingo, numa virada inesperadamente dura contra o Alavés no Estádio Olímpico de Montjuïc. Samuel Omorodion abriu o placar com 18 segundos e poderia ter causado estrago maior, não fossem as chances perdidas. Na segunda etapa, uma cabeçada e um pênalti muito bem batidos por Lewa provocaram a reviravolta, com 2 a 1 importantes aos blaugranas.
O Barcelona entrou em campo com uma formação ofensiva. Marc-André ter Stegen era o goleiro, com a defesa formada por Ronald Araújo, Jules Koundé, Iñigo Martínez e João Cancelo. O meio reunia Ilkay Gündogan, Pedri e Fermin López. Já na frente, Lamine Yamal e João Félix apoiavam Robert Lewandowski. Era um sistema híbrido, em teoria um 4-3-3, mas que se moldava num 3-5-2 com as movimentações de Yamal e Cancelo como alas, enquanto João Félix se aproximava de Lewa. Do lado do Alavés, a atenção ficava especialmente para o eixo ofensivo. Samuel Omorodion e Jon Guridi ocupavam a faixa central, com Luis Rioja e Javi López nas pontas.
Ficou barato ao Barça
O pesadelo do Barcelona começou com segundos de jogo. O gol do Alavés saiu no primeiro lance da partida, aos 18 segundos. Os bascos roubaram a bola de Gündogan. Responsável pelo desarme, Guridi conduziu o lance com paciência e abriu com Javi López na esquerda. O cruzamento veio na medida para Omorodion guardar, com um toque simples por baixo. Xavi fazia uma cara de poucos amigos no banco de reservas e o Barcelona se mostrava desatento demais. Não tinha qualidade na construção e nem conexão nos passes, para tentar abrir a defesa do Alavés. As falhas na defesa se repetiam.
Omorodion era um tormento para o Barcelona. Ganhava praticamente todas as disputas com a marcação, mas falhava nas conclusões. Aos nove minutos, escapou de Koundé e mandou uma pancada na lateral da rede. Já aos 13, o jovem perdeu uma chance inacreditável. Ganhou na velocidade e ficou sozinho com Ter Stegen, mas mandou para fora, com a meta a seu prazer. Só não dava para dizer que os erros custavam caro porque o Barça era inócuo do outro lado. João Félix tentava um pouco mais, mas sem consequências.
O Barcelona começou a dar um sinal de vida depois dos 15 minutos. Lewandowski teve a chance na área, após bom passe de Gündogan, mas carimbou o goleiro Antonio Sivera. Javi López deu uma resposta rápida do outro lado e mandou para fora. De qualquer maneira, os blaugranas estavam mais ativos. Fermín também tentou, enquanto Sivera apareceu bem para brecar João Félix. E parou nisso. À medida que o Alavés recompôs sua defesa, os oponentes não fizeram mais nada. Era um time sonolento. Faltava velocidade nas movimentações. Parecia até que o empate cairia do céu.
E o Barcelona precisou agradecer mesmo aos céus quando Omorodion não anotou o segundo aos 31. Koundé fazia uma partida calamitosa e tomava um baile do atacante adversário. Mais uma vez o jovem deixou o beque comendo poeira e ficou de frente com Ter Stegen. Bateu por cima e carimbou o travessão. Já se ouviam vaias nas arquibancadas do Estádio Olímpico. Quando o Barça tomava uma atitude, era para pedir falta. Lewandowski parecia fora de ritmo, enquanto João Félix pecava pela falta de criatividade.
Lewandowski constrói a virada
O Barcelona voltou para o segundo tempo sem mudanças, mas com uma postura mais ativa. Arriscava mais e de pronto Cancelo exigiu a primeira intervenção do goleiro Sivera. Os blaugranas se posicionavam de maneira mais agressiva no ataque, na tentativa de abrir a defesa do Alavés. E a busca para uma brecha gerou o gol de empate aos oito minutos. Koundé apareceu do lado direito e se redimiu com um cruzamento certeiro. Lewandowski enfim relembrou o velho artilheiro, com uma cabeçada cruzada que saiu do alcance do arqueiro. Mas não que o jogo se abrisse ao Barça. Os bascos mantiveram a postura e limitaram os anfitriões às bolas alçadas.
As primeiras trocas ocorreram aos 18. O Alavés botou Abderrahman Rebbach, enquanto Raphinha substituiu Fermín. A alteração causou mais impacto de início nos bascos. Se o segundo tempo da equipe visitante era mais silencioso, com poucas aparições no ataque, o time voltou a rondar mais a área de Ter Stegen. Assim, o Barça mexeria mais duas vezes na sequência, com Ferran Torres e Alejandro Balde, saindo Koundé e João Félix. Eram minutos mais arrastados, em que não se via um encaixe do Barça. Quando o time voltou a assustar, contou com um lance individual de Yamal aos 27. Abriu a defesa no drible e chutou para defesa de Sivera.
Num momento em que o Barcelona voltava a abafar, a solução veio a partir de um pênalti, aos 32. Ferran Torres foi derrubado na área e Lewandowski partiu para a marca da cal. O artilheiro mostrou como se faz, com paradinha e batida firme no alto da meta. A virada se consumava. Apagado na segunda etapa, Omorodion deu lugar a Kike García, enquanto Ianis Hagi era outra novidade para os dez minutos finais. Restava saber se os bascos teriam forças para fazer algo, com a chance para o Barça administrar a vantagem. Oriol Romeu também entrou na vaga de Pedri.
O Alavés não conseguia se impor no campo de ataque, mas deu trabalho a Ter Stegen. Num lance na linha de fundo em que Ronald Araújo desviou, o goleiro salvou no contrapé. E não que o Barcelona produzisse tanto para matar o jogo de vez, no máximo com uma saída desesperada de Sivera na intermediária. Já nos acréscimos, o Alavés conseguiu provocar uma blitz. O Barça recuava demais e chamava os bascos. Por sorte, faltou qualidade aos visitantes. No máximo, Nahuel Tenaglia teve uma pancada que saiu ao lado da trave. Já no último lance, os catalães prenderam a respiração num cruzamento que passou por todo mundo. A bola bateu no braço de Oriol Romeu e os oponentes reclamaram de um pênalti. Por sorte, o impedimento safou o Barça e confirmou o triunfo.
O Barcelona recupera o fôlego na tabela de La Liga. Chega aos 30 pontos e mantém a distância em relação aos primeiros colocados. O Girona tem 34 pontos e o Real Madrid vem com 32 pontos. Até pelas circunstâncias, segurar a terceira posição era bem importante. Já o Alavés fica no 14° lugar. Apesar da atuação valente, a equipe aparece pouco acima da zona de rebaixamento, com 12 pontos.