La Liga

Ainda que justas, reclamações do Barça contra a arbitragem são distração da temporada ruim do clube

Desde o reinício de Real Madrid esteve envolvido em repetidos casos de arbitragem controversa, com a utilização do VAR beneficiando o clube da capital em lances que acabariam por decidir alguns resultados. Embora não se possa negar isso, começa a ficar feia a tentativa do Barcelona de desviar o foco para o trabalho dos árbitros em uma temporada em que claramente não fez mais que seu grande rival para merecer o título nacional.

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Com ambas as equipes alternando boas e más fases, Barcelona e Real Madrid revezaram por vezes a liderança do Campeonato Espanhol. Desde a 30ª rodada, isso mudou, e os Merengues tomaram a ponta para não mais largar. Na rodada do fim de semana, a 34ª, o Real chegou a abrir sete pontos de vantagem, mas o Barça correu atrás para manter a diferença em quatro pontos.

A vitória por 4 a 1 sobre o Villarreal no Madrigal foi a mais convincente dos Blaugranas desde o reinício de La Liga, mas ainda assim os principais comentários por parte de figuras do clube se resumiram a insinuações de que haveria um complô da arbitragem para ajudar o Real Madrid.

“Sinto-me mal, porque é a melhor liga do mundo, e o VAR não está a altura e está afetando alguns resultados. Parece que ele sempre favorece uma equipe. Apesar de alguns de nossos resultados não terem sido bons, o VAR não tem sido igualitário, e há equipes que têm sido prejudicadas”, queixou-se Josep Maria Bartomeu, presidente do Barça, após o triunfo de sua equipe.

Quique Setién, bastante questionado desde que assumiu o posto de treinador do time blaugrana em janeiro de 2020, foi menos contundente, mas reforçou o coro de qualquer maneira: “Não ouvi o que ele (Bartomeu) disse. Se o presidente disse isso, o que vou falar? Eu entendo cada vez menos o VAR. Acho que temos uma ferramenta que torna o futebol mais justo, mas não parece o bastante no momento. Trata-se da interpretação que é feita dos incidentes, mesmo o vendo diversas vezes”.

Mais especificamente, os lances de que falam os representantes catalães aconteceram em quatro partidas: contra o Eibar, na primeira partida da volta de La Liga, impedimento de Benzema antes do gol de Toni Kroos. Contra o Mallorca, uma falta de Dani Carvajal no início da jogada não levada em conta. Contra a Real Sociedad, dois lances discutíveis, um de impedimento em gol da Real Sociedad e outro de um pênalti marcado em Vinícius Jr. Mais recentemente, pênalti não marcado de Sergio Ramos em Raúl García.

Por mais controversos e passíveis de críticas que tenham sido os lances, eles não podem tomar lugar de protagonismo na discussão sobre o vencedor do troféu de La Liga. A arbitragem é um problema na Espanha, e não é de hoje. A execução do VAR precisa, sim, de melhorias, mas não afeta apenas o Barcelona.

Caso o favoritismo de momento se confirme, com o Real Madrid vencendo o campeonato pela primeira vez em três anos, não tem como questionar o merecimento do clube da capital ao levarmos em conta ambas as campanhas. Tendo como referência o futebol apresentado ao longo de 2019/20, não terá sido a arbitragem a razão para a vantagem dos Merengues.

O Barcelona teve inúmeras oportunidades de se distanciar na liderança e reforçar sua candidatura ao tricampeonato consecutivo. Não o fez por incompetência técnica, tática e, até certo ponto, administrativa, de um clube mergulhado em crises ao longo de toda a campanha.

O esforço de moldar a narrativa do campeonato é dos mais manjados que temos no futebol, e Bartomeu parece apostar nele em um momento em que lhe faltam vias para onde correr. Altamente criticado por torcida e crônica, o presidente joga suas fichas na tentativa de mudar a história principal do Barcelona na temporada. De certa maneira, parece começar a ter sucesso, mas será que isso se sustenta?

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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