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Enfim, a resposta aguardada: Um Barça sedento por gols amassou o Villarreal, sob a luz de Griezmann e Messi

O Barcelona precisava dar uma resposta. Diante da crise, das críticas, da situação na tabela e das especulações extracampo, só mesmo uma grande atuação dos blaugranas abrandaria o clima pesado. Vários jogadores também precisavam responder individualmente, em especial Antoine Griezmann, que recuperava o posto de titular após esquentar o banco. E o que se viu, neste domingo, foi uma resposta irrefutável do Barça dentro do Estádio de La Cerámica. O Villarreal contribuiu ao ritmo frenético do jogo e lutou muito, especialmente no primeiro tempo. No entanto, parecia impossível conter a noite inspirada dos catalães, em que o placar de 4 a 1 saiu até barato. Griezmann brilhou com um golaço. Messi não balançou as redes, mas jogou muito na armação. E mesmo com as ótimas exibições de ambos, o escolhido como melhor em campo foi o goleiro Sergio Asenjo – com justiça, após operar vários milagres.

Quique Setién repetiu a formação do clássico contra o Atlético de Madrid, mas mudando as peças. O 4-3-1-2 tinha uma trinca no meio-campo com Sergio Busquets, Arturo Vidal e Sergi Roberto. Lionel Messi era o ponto de referência na ligação. Já na frente, Antoine Griezmann entrava com mais liberdade para acompanhar Luis Suárez.

E o Barcelona não esperaria muito para mostrar que este seria um jogo diferente do que vinha se assistindo nas últimas semanas. Logo aos três minutos, Jordi Alba avançou até a linha de fundo e cruzou rasteiro. Griezmann preparava o toque de letra, mas Pau Torres desviou contra as próprias redes. Os blaugranas se motivariam com o gol precoce e seguiriam pressionando. O jogo voltava a fluir e a defesa do Villarreal ia evitando um estrago maior. Alba tinha muita liberdade na esquerda e participava bastante.

O Villarreal, entretanto, também possui uma equipe perigosa e poderia ferir o Barcelona a qualquer momento. Foi o que aconteceu aos 14, no primeiro bom ataque do Submarino Amarelo. A velocidade na transição seria decisiva para render o empate. Samuel Chukwueze acionou com um lançamento Paco Alcácer, que inverteria o lance a Santi Cazorla na esquerda. O veterano bateu cruzado e parou em Marc-André ter Stegen, mas Gerard Moreno aproveitou o rebote para balançar as redes. Ao Barça, seria importante não se desesperar depois do tento, mantendo seu ritmo.

A postura do Barcelona garantiria a retomada da vitória naturalmente. O trio de ataque se mostrava disposto e com espaços para trabalhar, mesmo que sem tanta profundidade. Suárez foi o primeiro a tentar, parando em boa intervenção de Sergio Asenjo. O goleiro também pegaria uma cabeçada de Gerard Piqué. Alberto Moreno até escapou do outro lado, mas a blitz era catalã e o segundo gol se concretizou aos 20 minutos. Messi tem grande parte no lance, ao avançar do círculo central e abrir com Suárez na esquerda. Então, o Pistolero bateu com muita categoria na bola, de rosca. O tiro desviado saiu do alcance de Asenjo e morreu no ângulo oposto da meta.

Messi fazia o papel de maestro, conduzindo a bola e vislumbrando as brechas aos companheiros. A intensidade da partida também se dava pelo Villarreal, que acelerava e por vezes chegava com perigo. Mas não tinham a qualidade do Barça. Ter Stegen até voltou a trabalhar num chute de Carlos Bacca, que entrara no lugar do lesionado Paco Alcácer. Todavia, Asenjo estava bem mais sobrecarregado e colecionava defesas. O goleiro voltaria a agir em tiros de Vidal e Suárez. Só não teria o que fazer aos 45, no golaço de Griezmann. Após trama coletiva, Messi invadiu a área e deixou a bola de calcanhar para o francês, que chegava babando. Griezmann bateu por baixo, para encobrir Asenjo, num lance que exibe seu real valor. Era um bom primeiro tempo do atacante, mais participativo do que em suas aparições recentes.

O Villarreal voltou ao segundo tempo com duas mudanças, mas não seria isso a conter o baile do Barcelona. Os blaugranas estavam sedentos por mais e se mantinham no ataque, se saindo bem inclusive na pressão para retomar a bola. Logo Suárez e Semedo sairiam, para as entradas de Ivan Rakitic e Riqui Puig. Os donos da noite, de qualquer maneira, seguiam empurrando o Barça para frente. Vidal ainda queria o seu, mas estava difícil de passar por Asenjo e o goleiro realizou mais uma bela defesa. Já aos 23 minutos, a partir de uma troca de passes fabulosa no limite da área, Messi receberia o passe e mandaria ao barbante. Vidal, porém, estava impedido e o lance acabaria anulado após revisão do VAR.

Setién aproveitou o tempo restante para colocar novas peças, o que não diminuía a intensidade do Barcelona e nem tirava o protagonismo de Messi. Asenjo era quem adiava um massacre, brecando Martin Braithwaite, até que Ansu Fati finalmente voltasse a vencê-lo aos 41. O garoto avançou pela esquerda, encarou Raúl Albiol e bateu no contrapé do goleiro. Já no fim, ainda caberia o quinto. Depois de tabelar e invadir a área, Messi ficou de frente para o gol, mas Asenjo cresceu ante seus pés. Por fim, nos acréscimos, o craque cobrou uma falta da meia-lua direto no travessão. Braithwaite cabeceou com a meta escancarada na sobra, mas Asenjo saltou no vazio para fazer um milagre e concretizar sua intervenção mais espetacular da noite. Não fosse ele, um placar histórico poderia ter se desenhado em La Cerámica.

O Barcelona se mantém quatro pontos atrás do Real Madrid, mas deixando uma impressão totalmente distinta depois desta vitória. Já não parece mais impossível de reverter a situação se a equipe repetir este nível de intensidade e de criatividade. Os merengues, afinal, não foram tão empolgantes em suas últimas apresentações. E esta foi a melhor atuação desde a chegada de Quique Setién à Catalunha. Já o Villarreal precisa esfriar um pouco seus planos, depois da guinada recente. É o quinto colocado com 54 pontos e terá que secar o Sevilla nesta segunda, para que a diferença de três pontos em relação à zona de classificação à Champions se preserve. Resta saber como ficará o moral, depois de Asenjo ainda sustentá-lo.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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