‘Achei que ia ter um ataque cardíaco e morrer’: jogador do Rayo Vallecano abre o jogo sobre saúde mental
Isi Palazón, ponta direita do clube espanhol, concedeu entrevista a um podcast e falou sobre o sofrimento causado pela ansiedade

O ponta direita do Rayo Vallecano, Isi Palazón, revelou numa entrevista concedida ao podcast “Vaya Vaina”, do YouTube, que está em tratamento para superar transtornos mentais, com os quais vem lidando há algum tempo. O jogador não hesitou em contar alguns dos episódios que viveu e falou abertamente sobre o sofrimento causado pela ansiedade.
– No ano passado, pela pressão que tive, porque talvez tenha sido o ‘boom’ na minha carreira, tive um verão estranho. Na despedida de solteiro do (José Ángel) Pozo Achei [companheiro de clube], em Ibiza, não me senti eu mesmo e nem feliz. Doeu. Achei que ia ter um ataque cardíaco e morrer. Coisas que nunca tinham acontecido comigo – admitiu o jogador aos entrevistadores.
– Depois do casamento, eu contei aos meus colegas por lá. A melhor coisa que fiz foi contar para minha família, meus colegas e entrar em contato com um profissional. Foi a melhor decisão que tomei – completou.
A pressão exercida pelas redes sociais foi um dos assuntos que Palazón considerou fundamentais como influência negativa em sua situação mental. Isso sem contar os inúmeros xingamentos e cobranças da torcida, algo que ele afirma já estar acostumado. Isso não significa que os ataques não exerçam interferência no seu desempenho.
– Há pessoas que talvez não saibam que elas te afetam em muitas coisas. É por isso que não gosto de comparar temporadas. Da última vez, marquei muitos gols e desta vez nem tanto, e talvez por causa das redes sociais. Mas você conhece os problemas que podem estar acontecendo com qualquer jogador de futebol para que você possa colocar o que quiser nas redes? São momentos que, como jogador de futebol, são muito difíceis – desabafou o ponta.
Palazón citou um episódio específico. Um dia em que sentiu o “peso” da profissão atingir em cheio o seu emocional. Na partida contra o Villarreal, em 24 de setembro, pela La Liga, Isi solicitou a substituição ao sentir os efeitos de uma crise de ansiedade.
– No dia do Villarreal, tive que pedir a mudança porque me sentia péssimo. Não conseguia respirar em campo e pedi a troca para o treinador. Eu não respondia às pessoas. Saí, vi minha família e minha namorada e contei para todo mundo. Minha mãe e meu companheiro (de time) não perceberam, mas agora estou melhor. O vestiário nesse sentido tem sido fundamental – revelou.
Homossexualidade: tabu no futebol
Durante a mesma entrevista, ao lado do companheiro Óscar Valentín, Isi Palazón falou sobre o tabu que acompanha a homossexualidade no futebol.
– Há um em cada vestiário, dizem, por probabilidade. Como nenhum ou pouquíssimos disseram isso publicamente, talvez eles tenham medo de como seus companheiros vão olhar para eles. Eu não teria nenhum problema – afirmou.
Já o meio-campista do Rayo ponderou sobre a necessidade de uma normalização do assunto. Na visão de Valentín, as coisas só irão mudar se os próprios jogadores tomarem a frente, se assumirem e levantarem a bandeira contra a homofobia.
– Se amanhã uma pessoa sair e disser que é homossexual, e depois outra, e assim por diante, isso se normalizaria, mas ainda é um assunto muito tabu. Se um colega me disser que é homossexual, eu não me importaria. Só porque você é gay não significa que você gosta de mim ou que segue todo o estereótipo – disse.