Real Madrid espanta a zebra do Osasuna e conta com Rodrygo decisivo para levar a Copa do Rei
Episódios problemáticos de jogadores do Osasuna contra Vinícius Júnior mais uma vez estiveram em foco
Pela 20ª vez na história, o Real Madrid se sagra campeão da Copa do Rei. No estádio de La Cartuja, em Sevilha, venceu quem teve maior competência na frente do gol. Em um duelo bastante complicado e que poderia ter sido diferente nos detalhes, o time de Carlo Ancelotti superou o Osasuna por 2 a 1 para ficar com o título neste sábado (16).
Existem muitas coisas que podem ser ditas sobre o título deste Real Madrid em 2023. Sempre que parece que o time está perdendo o fôlego, a resposta vem em campo, na classe, no talento de Vinícius Júnior, Karim Benzema ou Rodrygo. Às vezes os protagonistas são outros, ou mesmo em lances que reforçam o tamanho empenho coletivo em volta de Ancelotti, especialista em lidar com grandes elencos.
Real Madrid
Osasuna
Se o Real era amplamente favorito diante de um Osasuna que jamais levantou qualquer taça, isso era notório. E esse status empurrou os merengues ao gol adversário logo no primeiro lance. Em jogada simplesmente absurda de Vini, pela esquerda, a zaga ficou pelo caminho do brasileiro, que passou como um foguete até a linha de fundo. Vini mirou o passe para trás e achou Rodrygo em ótima condição para bater. O goleiro Sergio Herrera não pôde impedir.
Marcar tão cedo poderia indicar uma goleada ou uma desatenção fatal do Osasuna. Mas a verdade é que os rojillos não deixaram barato e reagiram com muita energia. Em um vacilo de Éder Militão, o gol de empate quase saiu. Uma descida veloz teve Abde Ezzalzouli de frente para Thibaut Courtois, e quando o jovem teve a chance, não falhou, tocando por cima do belga. Para a sorte do Real, Dani Carvajal apareceu em cima da linha para afastar, tirando a bola para a lateral. Era a prova de que o Osasuna não venderia barato o troféu em sua segunda participação na decisão da Copa do Rei.
Muito já se falou sobre a coragem demonstrada pelo elenco de Jagoba Arrasate, e o teste contra o Real Madrid mostrou justamente isso. Não faltou empenho para colocar o jogo em pé de igualdade. Por vezes, empenho até demais: o zagueiro e capitão David Garcia, por exemplo, achou de bom grado repetir o gesto de pegar no cabelo de Vini quando encontrava o brasileiro em campo, irritando o oponente.
Todo jogo é a mesma coisa
Além das habituais vaias ao atacante, houve especial marcação e provocações por parte do time do Osasuna. Não generalizadas, mas suficiente para entendermos como é sistemática essa perseguição a Vini. Tão sistemática que não pode mais ser interpretada como mero artifício de desestabilização psicológica, uma vez que sempre recorre a tentar ridicularizar Vinícius de maneira baixa e vil. A covardia disso tudo é justamente naturalizar ofensas raciais sob a premissa de que elas não são necessariamente verbalizadas. Se o alvo é sempre o mesmo, assim como a motivação, não há muita dúvida do que se trata. Pode ser por um empurrão, por uma pegada mais forte ou mesmo pela passada de mão no cabelo. Você sabe o que é.
Coincidência? No intervalo, Vini se desentendeu com Ezequiel “Chimy” Ávila, que sequer estava em campo, saindo do seu lugar no banco para provocá-lo. Nada que tenha atrapalhado mais uma noite de gala de Vinícius. Contudo, não é exagero bater nessa tecla da perseguição se em todo fim de semana em que o Real joga, ofensas raciais são noticiadas na cobertura. Como nada acontece, fica tudo por isso mesmo.
Falemos de futebol, novamente. Muito cedo, Vini praticamente tirou Jon Moncayola, seu marcador, do jogo. O volante levou cartão amarelo muito cedo e precisou tomar muito cuidado na proteção, evitando usar os braços para desequilibrar. Não à toa, pouco se ouviu falar dele até o fim da partida. Enquanto isso, a movimentação ofensiva do Real trabalhou para colocar Benzema no jogo. Bem marcado e com dificuldade para finalizar, o francês não viveu uma jornada particularmente brilhante. Ao contrário de Rodrygo, que está se acostumando a ocupar esse papel do cara que decide com gols em momentos de tensão.
Pouco após a volta do intervalo, o Osasuna resolveu espetar. E conseguiu empatar com um belo gol de Lucas Torró, que recebeu livre um ótimo passe de Ezzalzouli para emendar um chutaço. A bola morreu no canto da meta de Courtois e deu esperança à torcida presente em grande número. Até o fim da partida, foi da equipe de Pamplona a melhor estatística de arremates ao gol, somando cinco no alvo contra três do Real Madrid.
Quem tem Rodrygo, no entanto, não precisa ficar chutando e chutando ao gol de maneira repetida. É disso que Ancelotti se vale nos momentos mais agudos. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar depois de outra jogada de Vini pela ponta. A bola foi ricocheteada pela defesa do Osasuna e parou nos pés de Toni Kroos, que tentou marcar no rebote. Outra vez um homem de vermelho apareceu para bloquear, mas o serviço foi feito pela metade. A chance brotou nos pés de Rodrygo, que mais uma vez teve sangue frio para tirar de Herrera e colocar o Real em vantagem. É o primeiro título do Rayo na competição, e curiosamente, o único que ele ainda não havia conquistado com a camisa do clube.
Foi uma atuação relativamente segura dos madridistas, ainda que com o receio de se desgastarem demais visando a semifinal da Liga dos Campeões contra o Manchester City, no meio de semana. Mas como se entra em uma final colocando o pé no freio? Impossível. Até o apito final, nos acréscimos da segunda etapa, poderia ter desviado uma bola ou sobrado nos pés de Kike Barja ou Chimy Ávila. Não foi o que aconteceu. Outra vez, Carvajal soube a hora certa de dar o bote para impedir que o chute de Barja fosse no alvo.
O Real Madrid levanta mais uma taça no ano, depois do Mundial de Clubes. E agora seguirá sua jornada tentando renovar o título europeu, contra o time mais temido do planeta nesta temporada. Um êxito como o de hoje, que não vinha desde 2014, serve para mostrar a qualquer adversário que esta geração madridista não precisa cometer excessos ou provocar o mais puro deleite para ser coroada vencedora. Basta que a bola role e o adversário se deixe levar pela a ilusão de que pode vencer para que a mística (ou chame como quiser) entre em cena. Só se comemora algo contra o Real Madrid quando o árbitro levanta os braços pela última vez.
Finalizado
2
-1
Real Madrid - Osasuna
Spain Copa del Rey - Estadio de la Cartuja
1° Turno