Centroavante, ponta ou dupla no ataque: como Mbappé pode funcionar no Real Madrid?
Parece que finalmente Mbappé irá ao Real Madrid e o francês terá que se adaptar a uma função que não gosta tanto
Finalmente, a novela Kylian Mbappé no Real Madrid parece ter acabado. Diversos jornais, como o confiável inglês The Athletic, e também jornalistas independentes, caso de Fabrizio Romano, cravaram a informação que o craque francês já comunicou o Paris Saint-Germain que deixará a França ao término do seu contrato, em junho desse ano, para ingressar no gigante espanhol.
Tudo isso é muito empolgante, especialmente vendo como hoje o elenco do Real Madrid já tem muita qualidade no ataque com Jude Bellingham, Vinicius Júnior e Rodrygo. Mas será possível acomodar tanto talento junto? A Trivela analisa como pode ser que Carlo Ancelotti monte os Merengues na próxima temporada.
Contexto atual do Real Madrid
Atualmente, o elenco do Real Madrid não tem um centroavante do nível do clube desde que Karim Benzema decidiu não renovar seu contrato e ir para Arábia Saudita ao término da última temporada. Sem um substituto à altura (Joselu foi contratado e até é útil, mas nada próximo do francês), Ancelotti largou o característico 4-3-3- e inovou ao escalar uma dupla de ataque brasileira com os pontas Vini Jr e Rodrygo, à frente de Bellingham, o meia em um 4-3-1-2.
Com as lesões, o técnico italiano foi inovando nas escalações a cada rodada. Joselu e Brahim Díaz entraram algumas vezes, mas o ataque titular segue o mesmo, com uma diferença na formação. Agora, o ponto de partida é o 4-4-2. Bellingham vai da esquerda para o centro, enquanto Vini parte do centro para a ponta. Na recomposição, brasileiro e inglês revezam entre quem faz o lado do campo. Em situações dentro dos jogos, é possível enxergar também um 4-3-3, como na vitória frente ao Getafe, quando Vini ficou na esquerda, Joselu no centro e Fede Valverde na direita.
Foi nesse cenário sem um nove que Bellingham desandou a fazer gols e é o melhor do mundo na temporada europeia até aqui. Jude mostrou faro de gol, oportunismo e poder de decisão para marcar 20 gols e distribuir oito assistências em 29 partidas em 2023/24. Se o clube espanhol conquistar o título da Champions League, será impossível o inglês não vencer os principais prêmios individuais, como a Bola de Ouro e o The Best.
Mbappé centroavante? O francês não é fã da função
A lógica parece que o francês chega perfeitamente para preencher a lacuna deixada desde a saída de Benzema. No entanto, a função de atacante centralizado não é o que enche os olhos do jogador e ele já falou publicamente. Em outubro de 2022, sob comando de Christopher Galtier, Mbappé ficou insatisfeito em ser o camisa nove, conforme publicou a imprensa francesa, e conversou com o treinador sobre o assunto. Ainda publicou um story em seu Instagram com a hashtag “gangue do pivô”, o que foi entendido como uma indireta. Mais atrás, em 2017, desabafou e disse que “não foi fácil” atuar como centroavante pela ausência de Edinson Cavani.
Os melhores momentos na Seleção Francesa foram com Kylian como ponta, seja pela direita (função que não exerce mais, mas foi campeão da Copa do Mundo de 2018) ou na esquerda (no vice de 2022), junto do centroavante Olivier Giroud, um nove nato. Na atual temporada pelo PSG, o francês jogou como centroavante, especialmente nos últimos jogos, mas também atuou ao lado dos atacantes centrais Randal Kolo Muani e Gonçalo Ramos.
No entanto, a chegada ao Real Madrid deve ser ao atacante francês a realização de um grande sonho, especialmente porque Cristiano Ronaldo é um dos seus grandes ídolos, e exercer a função de centroavante pode não ser um problema se ele se esforçar para se adaptar – ainda mais porque o dono da esquerda é o brasileiro Vinicius Júnior, um dos principais jogadores do clube nos últimos anos.
É importante citar também o poder de convencimento de Ancelotti, um ótimo técnico taticamente, mas ainda melhor gestor de grupo e de egos no vestiário. Sabe a linguagem para conversar com os atletas e convencê-los, como nesta temporada ao utilizar laterais e volantes como zagueiros por conta das lesões. Pode conversar com o francês para acomodá-lo como atacante central.
As possibilidades táticas de Ancelotti
Finalmente, indo ao campo, a forma mais fácil de escalar Mbappé na formação de hoje (4-4-2) seria como um atacante ao lado de Vinicius Júnior e com isso sacando Rodrygo. Não mudaria em quase nada o funcionamento do time, mas o francês teria que aceitar ser o homem mais fixo por dentro, mesmo que com Carletto nenhum jogador seja tão estático e o futuro atacante do Real, mesmo como centroavante, terá liberdade para flutuar. Quem sabe o Rayo não consiga um espaço na direita, mas sacar Valverde, um pilar desse time, seria improvável.
Essa mesma estrutura de ataque com Bellingham, Vini, Mbappé e Valverde/Rodrygo também poderia ser escalada em um 4-3-3 (ou 4-2-3-1), só mudaria que Bellingham já partiria de dentro e o brasileiro ficaria mais fixo na esquerda, enquanto o novo atacante seria um centroavante isolado – como ele não gosta.
Há ainda mais uma possibilidade, esta a mais improvável, para acomodar 100{62c8655f4c639e3fda489f5d8fe68d7c075824c49f0ccb35bdb79e0b9bb418db} o francês: colocá-lo direto na ponta esquerda e escalar algum outro centroavante. No entanto, isso afetaria e muito o desempenho de Vinicius Júnior, que teria que ser movido para direita, onde não é acostumado a jogar.
Vale citar que em junho ainda chega Endrick. Aos 18 anos (completados em julho) e em adaptação a um novo país, o brasileiro não deve ser titular inicialmente, mas será mais uma opção para esse ataque estrelado do Real Madrid.