Alexia Putellas não precisou dos principais títulos para ser eleita melhor jogadora do mundo pela segunda vez seguida
Mesmo sem a Eurocopa e a Champions, a líder de uma das equipes mais dominantes da história do futebol ganhou o prêmio da Fifa novamente
Títulos coletivos costumam ter grande impacto em premiações individuais. É uma contradição que nós nunca fomos muito capazes de resolver. No entanto, às vezes alguém se destaca tanto que não importa o que o seu time conquistou ou deixou de conquistar. Parece ser o caso de Alexia Putellas. Mesmo sem a Champions League, e cortada da Eurocopa por lesão, Alexia Putellas se tornou a primeira mulher a conquistar o prêmio Fifa The Best duas vezes consecutivas – o que já havia feito na Bola de Ouro da France Football.
A equipe feminina do Barcelona, da qual Putellas é a principal engrenagem, é uma das mais dominantes da história do esporte. Nas últimas duas edições completas do Campeonato Espanhol, houve apenas um jogo, um só, unzinho, que o Barça não venceu: uma derrota por 4 a 3 para o Atlético de Madrid, na temporada 2020/21, quando as catalãs foram campeãs com 33 vitórias em 34 rodadas. Insatisfeitas, elas voltaram no ano seguinte e defenderam o título ganhando todas as 30 rodadas, com 159 gols marcados e apenas 11 sofridos.
Esse feito, alcançado com 18 gols seus, fez com que Putellas não precisasse conquistar o principal troféu do futebol feminino de clubes. O Barcelona perdeu para o Lyon, que em um passado recente teve domínios parecidos na liga francesa, na decisão da Champions League, quando tentava defender o seu título. A meia-atacante estava pronta para ser uma das estrelas da Eurocopa, mas sofreu um rompimento no ligamento cruzado anterior do joelho durante um treinamento pela seleção espanhola e ainda não retornou aos gramados.
Ainda mancando um pouco, Putellas subiu ao palco para receber a premiação, após ter vencido a inglesa Beth Mead. A atacante do Arsenal era uma ameaça real. Ficou próxima da espanhola na eleição da France Football e se destacou na Eurocopa, vencida pela Inglaterra, como craque e uma das artilheiras. Alex Morgan, figura história da seleção americana e artilheira da NWSL (principal liga feminina dos Estados Unidos) também estava entre as finalistas.
O título inglês foi reconhecido em outras votações. Sarina Wiegman, ainda invicta no comando das Leoas, desde que assumiu em setembro de 2021, foi eleita a melhor técnica do mundo, vencendo Pia Sundhage, da seleção brasileira, e Sonia Bompastor, campeã europeia de clubes pelo Lyon. A goleira do time vencedor da Eurocopa, a inglesa Mary Earps, do Manchester United, ficou com o troféu da sua categoria. A alemã Ann-Katrin Berger, do Chelsea, e a chilena Christiane Endler, do Lyon, eram as outras finalistas.
Como no masculino, houve divergência entre a melhor goleira, escolhida pelo colégio eleitoral da Fifa (técnicas, capitães e representantes da imprensa de todas as seleções) e a seleção escalada pela FIFPro, o sindicato mundial de jogadores. Endler, campeã europeia de clubes, foi escolhida para defender as metas. Esse 11 ideal foi formado basicamente por uma mistura de jogadores da seleção inglesa (quatro) e do Barcelona (quatro), com Lucy Bronze, contratada antes da Euro, e Keira Walsh, transferência recorde do futebol feminino, representando os dois times.
Christiane Endler (Chile/Lyon); Lucy Bronze (Inglaterra/Barcelona), Wendie Renard (França/Lyon), Leah Williamson (Inglaterra/Arsenal) e Maria León (Espanha/Barcelona); Lena Oberdorf (Alemanha/Wolfsburg), Alexia Putellas (Espanha/Barcelona) e Keira Walsh (Inglaterra/Barcelona); Alex Morgan (EUA/San Diego Waves), Sam Kerr (Austrália/Chelsea) e Beth Mead (Inglaterra/Arsenal).