Copa do Mundo

Uma façanha que, sete décadas depois, segue inacreditável: Estados Unidos 1×0 Inglaterra, na Copa de 50

A imagem de Joe Gaetjens carregado nos braços do povo no gramado do Estádio Independência é emblemática. O atacante anotou um gol inesquecível às Copas do Mundo, capaz de proporcionar uma das maiores surpresas já vistas no esporte. A vitória dos Estados Unidos por 1 a 0 sobre a favoritíssima Inglaterra, em pleno Mundial de 1950, eternizou o chamado ‘Milagre de Belo Horizonte' – um episódio tão marcante que virou até filme em Hollywood. O roteiro daquele episódio épico, afinal, é recheado de boas histórias. Diante do reencontro de ingleses e americanos na Copa de 2022, aproveitamos para recontar os detalhes.

A preparação americana

A seleção dos Estados Unidos que viajou à Copa do Mundo de 1950 mal tinha rodagem. Somados todos os convocados, eles haviam disputado apenas 39 partidas com o US Team. A equipe nacional passou anos em hibernação, não apenas por causa da Segunda Guerra Mundial, mas pela própria falta de desenvolvimento da modalidade no país. De setembro de 1937 a julho de 1947, os EUA não disputaram um jogo sequer. O time voltaria a ser convocado para um torneio realizado em Havana, no qual sofreu goleadas do México e de Cuba. Ainda assim, esteve presente nos Jogos Olímpicos de 1948. E o resultado não poderia ser mais acachapante, com a goleada da Itália por 9 a 0, resultando na eliminação imediata. Quatro membros do grupo presente em Londres viriam ao Brasil, incluindo o meio-campista Walter Bahr e o ponta John Souza.

Os amistosos dos Estados Unidos se tornaram mais frequentes a partir de então. Não que os resultados fossem bons, com muitas goleadas dos adversários e vitórias restritas aos duelos com a recém-formada seleção de Israel. A campanha nas Eliminatórias igualmente não empolgou. Em jogos todos realizados no México, o US Team sofreu com o calor e com a altitude. Tomou duas saraivadas dos anfitriões, com placares de 6 a 0 e de 6 a 2. No triangular, todavia, avançariam duas equipes à Copa. E, depois do empate por 1 a 1 no primeiro duelo com Cuba, os EUA deram a volta por cima na última rodada. A goleada por 5 a 2 sobre os cubanos, com quatro gols ainda no primeiro tempo, permitiu a classificação americana ao Brasil.

A parca experiência internacional dos jogadores dos Estados Unidos, muitas vezes, vinha de amistosos contra equipes europeias e sul-americanas que faziam excursões para ganhar algum dinheiro no país. Principal liga de futebol na época, a American Soccer League possuía um regime semi-profissional no qual a maioria absoluta dos atletas precisava conciliar seus empregos com os jogos no final de semana. As equipes se concentravam, sobretudo, no nordeste do país e muitas delas estavam ligadas a colônias de imigrantes. Existiam ainda outros times em ligas secundárias espalhados pelas demais porções do território, que inclusive participavam da National Challenge Cup – a atual Lamar Hunt US Open Cup. Destes, a grande força era o St. Louis Simpkins-Ford, bicampeão da copa.

Para formar a seleção rumo à Copa de 1950, os Estados Unidos realizaram uma partida entre os melhores jogadores da Conferência Leste na Challenge Cup contra os melhores do Oeste. Os destaques se juntaram aos veteranos presentes nos compromissos internacionais desde 1947. Nem todos puderam vir ao Brasil: o atacante Benny McLaughlin, futuro membro do Hall da Fama, precisou deixar o time porque não conseguiu férias em seu emprego. Outra baixa estaria no comando técnico. Ex-jogador do poderoso Hakoah Viena nos anos 1920 e um dos grandes promotores do futebol nos EUA, Ernö Schwarz deveria dirigir o US Team, mas desistiu duas semanas antes da viagem. A federação convidaria Bill Jeffrey, escocês de nascimento que comandava o time de futebol da Penn State University e que presidira a associação de treinadores do país.

A principal base dos EUA em 1950 era o Simpkins, que cedeu cinco jogadores ao elenco final – incluindo o goleiro Frank Borghi. Uma das grandes figuras da campanha, o arqueiro trabalhava como motorista na funerária de sua família. Seu sonho era virar profissional no beisebol e até se tornou catcher do St. Louis Cardinals nas ligas menores. A habilidade com as mãos, se não valeu a ascensão à MLB, ao menos permitiu que sua vida tomasse outros rumos e que tivesse a chance de disputar o Mundial aos 25 anos.

Borghi, aliás, fazia parte de um número significativo de jogadores dos Estados Unidos que tinha lutado na Segunda Guerra Mundial. O goleiro foi paramédico durante o conflito e atravessou o Canal da Mancha logo depois do Dia D, permanecendo na Europa até o armistício. Seu companheiro no Simpkins, o lateral Harry Keough integrou a marinha e compunha a tripulação de um destroyer que resguardava São Francisco. Também lateral, Joe Maca era belga e fez parte do exército de seu país por 12 meses, mudando-se aos EUA em 1947. Já o atacante Frank Wallace participou das lutas na Itália e, depois que seu tanque foi incendiado, acabou capturado pelos nazistas. Passou 15 meses como prisioneiro, até ser libertado. Os quatro seriam titulares na Copa do Mundo.

Outros personagens importantes na época eram do Philadelphia Nationals, que conquistou os dois títulos da ASL anteriores à Copa de 1950. De lá saiu o meio-campista Ed McIlvenny, escocês de nascimento e que havia atuado nas divisões de acesso da Football League pelo Wrexham, antes de imigrar aos EUA para trabalhar na indústria. A grande figura, ainda assim, era Walter Bahr. O meio-campista era aclamado como um dos maiores talentos americanos. Dono de um bom chute, também costumava usar a braçadeira de capitão. Além da trajetória nos gramados, trabalhava como professor de educação física e precisou abrir mão de seu salário para que o diretor de seu colégio o liberasse ao Mundial.

Por fim, outra figura inescapável daquele time vinha do Brookhattan: o atacante Joe Gaetjens. Descendente de alemães, o haitiano nasceu em Porto Príncipe e vinha de uma família de comerciantes, parte da elite local. Começou a jogar na adolescência e fez sucesso com o Etoile Haïtienne, bicampeão nacional. Já em 1947, ganhou uma bolsa de estudos no curso de contabilidade da Universidade de Columbia, o que o levou aos Estados Unidos. Enquanto estudava, Gaetjens também passou a atuar no Brookhattan e, para complementar sua renda, trabalhava num restaurante espanhol no Harlem, pertencente ao dono do clube. Artilheiro da ASL, não tinha cidadania americana na época, mas a mera intenção de tirá-la já o tornava apto à seleção – segundo a federação local. Assim, acabou na lista final.

Logo depois do jogo entre Leste e Oeste, o US Team deixou uma péssima impressão ao ser goleado por 5 a 0 pelo Besiktas, que excursionava por St. Louis. Na véspera da viagem ao Mundial, porém, a seleção dos Estados Unidos indicou que não seria um mero sparring no Brasil. A equipe realizou um amistoso em Nova York contra um selecionado formado pela Football Association, que reuniu diversos astros do Campeonato Inglês – incluindo Stanley Matthews, poupado naquela ocasião. O time de veteranos aplicou goleadas em praticamente todos os seus compromissos na turnê pela América do Norte, incluindo um triunfo por 4 a 2 sobre o Manchester United. A seleção americana, em contrapartida, fez um jogo duro e a derrota por 1 a 0 acabaria vista como um resultado bastante honroso antes do voo ao Rio de Janeiro.

A preparação inglesa

Após se recusarem a disputar as primeiras três edições da Copa do Mundo, os ‘inventores do futebol’ estariam presentes em seu primeiro Mundial. A Inglaterra tinha um time reconhecidamente forte. Além de nunca ter sido derrotada em solo inglês por uma equipe de fora das Ilhas Britânicas, obtivera resultados bastante expressivos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em novembro de 1946, goleou a Holanda por 8 a 2 num amistoso em Huddersfield. Em maio do ano seguinte, os Three Lions foram a Lisboa e arrasaram Portugal por 10 a 0. O ferrolho suíço foi demolido com um 6 a 0 em Highbury em dezembro de 1948. Mas o resultado mais expressivo havia sido obtido diante da Itália, em maio daquele ano.

No Estádio Comunale de Turim, a Inglaterra enfrentou uma seleção italiana baseada no poderoso Torino (que fornecia sete titulares, entre eles o goleiro Valerio Bacigalupo e o meia-esquerda Valentino Mazzola), e reforçada por nomes como Carlo Parola, ídolo histórico da Juventus. Mas os ingleses, sem a menor cerimônia, aplicaram um 4 a 0 inapelável. O ponteiro Tom Finney anotou dois, Tommy Lawton fez mais um e Stan Mortensen deixou outro. De acordo com a imprensa internacional, eram resultados como esse que credenciavam os ingleses a ganhar a Copa.

A classificação da Inglaterra ao Mundial seria selada em abril de 1950, tomando como Eliminatórias o tradicional British Home Championship – o quadrangular anual que envolvia as quatro seleções “das ilhas”. Os ingleses já tinham aplicado uma goleada por 9 a 2 sobre a Irlanda (ainda unificada no futebol) e outra por 4 a 1 diante de Gales. No duelo decisivo contra a Escócia, o triunfo dos Three Lions por 1 a 0 em Hampden Park confirmou a taça. Embora também classificados à Copa, os escoceses acabaram declinando o convite. Declararam que, se a Inglaterra já tinha vencido o torneio doméstico, não havia motivos para a Tartan Army viajar até o Brasil e contestar seus vizinhos como futuros campeões do mundo.

O grupo de jogadores convocado pela Football Association ao Mundial tinha grandes nomes em todos os setores. Na defesa, havia um certo Alf Ramsey (Tottenham) na lateral-direita, o capitão Billy Wright (Wolverhampton) no centro da zaga e Jimmy Dickinson (do campeão Portsmouth). No ataque, então, a fartura de craques lendários era enorme: havia Tom Finney (Preston), Jackie Milburn (Newcastle), Wilf Mannion (Middlesbrough) e Roy Bentley (Chelsea), além da brilhante dupla do Blackpool, Stanley Matthews e Stan Mortensen. O técnico era Walter Winterbottom, ex-jogador de pouco brilho no Manchester United que seguiu os estudos em educação física no Carnegie College e assumiu o comando da equipe nacional em 1946, após atuar na Segunda Guerra Mundial como oficial da Royal Air Force.

Entretanto, houve uma baixa sensível antes da viagem ao Brasil: o zagueiro Neil Franklin, do Stoke, titular absoluto da defesa, enviou uma carta à FA afirmando que não poderia disputar o Mundial, pois sua esposa enfrentava uma gravidez de risco e ele não poderia abandoná-la naquele momento. Mas o motivo real era outro: Franklin recebera proposta fabulosa do Independiente Santa Fe, da liga pirata colombiana – e ainda mais atrativa em tempos de teto salarial vigente no futebol inglês. Punido pela federação, nunca mais defendeu a seleção.

O lugar de Franklin no time seria ocupado pelo inexperiente Laurie Hughes, do Liverpool, um estreante na seleção. Mas ele não seria o único jogador a não desembarcar no Rio de Janeiro junto da delegação: Stanley Matthews, afinal, estava na tal turnê patrocinada pela FA. Saindo do Canadá, o craque só chegou ao Brasil depois do jogo de estreia na Copa, contra o Chile. A preparação inglesa deixaria muito a desejar, feita em cima da hora e tendo de enfrentar uma viagem de avião de 31 horas cruzando o Atlântico. Sinal do desleixo, Tom Finney ainda precisou implorar às autoridades brasileiras que permitissem sua entrada no país, após perder seu certificado de saúde.

No Rio, os ingleses ficaram hospedados no hotel Luxor, em Copacabana – que, ao contrário do que sugere o nome, estava longe de ser o mais luxuoso da região. O calor e o barulho na Avenida Atlântica logo se tornaram inimigos da equipe. Além disso, o elenco se alimentou quase que somente de bananas, desconfiado do que o cardápio oferecido pela hospedagem poderia proporcionar aos seus estômagos. Em certa altura, o próprio técnico Walter Winterbottom chegou a ir para a cozinha supervisionar o trabalho dos chefs – sem gostar do que presenciou, acusando o “cheiro terrível”.

A preocupação com os detalhes, no fim das contas, tomava boa parte do tempo que normalmente seria utilizado em treinamentos e observações de adversários. “Disseram para a gente que deveríamos ter tudo ‘de inglês' que fosse necessário. Na verdade, não funcionou dessa maneira. Mas Walter rapidamente começou a agir e, depois de conversar com os chefs, explicou como queria que eles preparassem e cozinhassem nossa comida”, relembraria tempos depois Sir Alf Ramsey, comandante no título de 1966, conforme destacado por matéria recente do jornal The Guardian.

O clima antes da partida

Na primeira rodada da Copa do Mundo, Inglaterra e Estados Unidos acalmaram os prognósticos – os ingleses de que seriam arrebatadores, os americanos de que seriam massacrados. Os Three Lions haviam assistido à estreia do Brasil no Maracanã, com a surreal cena dos astros caminhando a pé até o estádio por conta do congestionamento nos arredores. No dia seguinte, voltaram ao Maraca para jogar, mas sem empolgar os 30 mil presentes. Encararam o Chile, no qual havia um rosto familiar: o do atacante Jorge (ou George) Robledo, nascido em Iquique e que, filho de mãe inglesa, se mudara à Grã-Bretanha na infância. Defendia o Newcastle na época – o único caso de jogador que atuava por um clube estrangeiro naquele Mundial.

A Inglaterra venceu os chilenos por 2 a 0, numa atuação protocolar. Stan Mortensen abriu o placar e Wilf Mannion aumentou a contagem no início do segundo tempo. Já nas arquibancadas, as vaias acompanhavam cada passe dos ingleses, numa maneira de intimidar os virtuais favoritos. Os jogadores sentiram dificuldades em lidar com o clima do Rio de Janeiro e, ofegantes, viram o cansaço pesar na reta final do duelo. Winterbottom e os dirigentes ingleses, contudo, pareciam satisfeitos com o rendimento do time, naquele que era o primeiro confronto da Inglaterra contra uma seleção não-europeia em sua história.

Já o US Team quase provocou uma zebra logo contra a Espanha. Os americanos desembarcaram no Rio de Janeiro e fizeram suas atividades na Escola de Educação Física do Exército, antes de se dirigirem ao Paraná. Depois de alguns dias para treinar em Curitiba, um luxo à equipe que mal havia atuado junta nos meses anteriores, os EUA fizeram boa apresentação contra os espanhóis na Vila Capanema – diante de 30 mil torcedores. Gino Pariani abriu o placar aos americanos com 17 minutos e a vitória parcial se manteve até os 35 do segundo tempo, com o goleiro Borghi contendo as investidas. Só depois disso é que a Fúria buscaria a virada por 3 a 1. O forte ataque funcionaria, com gols de Telmo Zarra, Estanislao Basora e Silvestre Igoa.

“Uma vitória ou um empate contra a Espanha nos ajudaria a avançar, mas essa estratégia não fazia parte do futebol na época. Você não se fechava para proteger sua vantagem. A melhor defesa era um bom ataque. Embora tenhamos marcado um gol logo cedo, ainda fomos para cima e tentamos anotar um segundo tento para consolidar a vitória”, avaliaria Walter Bahr, à ESPN americana, anos depois. “Acho que nossa melhor atuação naquela Copa foi contra a Espanha. Isso aumentou nossa confiança para enfrentar a Inglaterra. Estávamos jogando melhor do que esperávamos. Não acho que alguém realmente acreditava em uma vitória nossa contra os ingleses, mas, no momento em que você entra em campo, qualquer coisa pode acontecer. Podemos ser capazes de algumas boas jogadas e eles podem não conseguir encontrar as redes”.

Apesar da estreia surpreendente, ainda era difícil achar quem acreditasse que os EUA poderiam fazer frente à Inglaterra em Belo Horizonte. As casas de apostas pagavam £500 por cada £1 investido no título dos americanos – o que, considerando a inflação, seria três vezes mais difícil de acontecer que o Leicester campeão da Premier League em 2015/16. O jornal britânico Daily Express escrevia que “o justo seria dar três gols de antemão aos Estados Unidos, para tornar a partida mais equilibrada”. O próprio técnico Bill Jeffrey avaliou aquela oportunidade como “a ida de ovelhas ao matadouro”. Já o goleiro Frank Borghi revelaria anos mais tarde, ao The New York Times: “Estava esperando que pudesse segurá-los para tomar apenas quatro ou cinco gols”.

A Inglaterra manteria a escalação da estreia. Na época, a escolha do time não era feita pelo treinador, e sim por um “comitê selecionador” – composto no Brasil unicamente por Arthur Drewry, então presidente da Football League e executivo da Football Association. E ele preferiu poupar Stanley Matthews, enfim disponível, pensando na “fase decisiva” do Mundial – mas contrariando a preferência de Walter Winterbottom para o embate contra os EUA. “Não foi a preparação ideal. Quando cheguei, percebi que a FA não tratava a Copa com tanta seriedade. Apenas um membro do comitê selecionador, Arthur Drewry, acompanhava o time e acredito que ele só viajou porque queria exercer sua influência nas escalações, o que invariavelmente fazia”, diria Matthews, anos depois.

Os Estados Unidos, por sua vez, trocaram duas peças em seu ataque. Frank Wallace e Ed Souza ganharam espaço na linha de frente para tentar o milagre contra a Inglaterra. Outra mudança havia acontecido na braçadeira de capitão. Walter Bahr passou a missão contra a Espanha a Harry Keough, pelo fato de que o lateral falava espanhol. Já diante dos ingleses, a faixa acabou no braço de Ed McIlvenny, escolhido justamente por ser o representante britânico do elenco.

A equipe americana, que chegou a Belo Horizonte apenas na véspera do duelo, não conseguiu treinar na cidade. Até surgiram rumores de que os jogadores aproveitaram a noite em uma boate local, algo desmentido por eles anos mais tarde. Já a Inglaterra veio com um pouco mais de antecedência, após uma viagem que incluiu trechos de avião e de ônibus. A empáfia dos Three Lions incomodaria os mineiros. Depois dos problemas no Rio de Janeiro, os ingleses preferiram se isolar em Nova Lima e evitar o público. Ficaram hospedados em Morro Velho, na sede de uma mineradora britânica, onde havia um hotel de primeira classe e uma estrutura digna de clube de campo. Não quiseram sair nem mesmo para reconhecer o gramado na véspera, confiando em sua goleada.

Havia uma expectativa especial em Belo Horizonte para aquele Inglaterra x Estados Unidos. O Estádio Independência precisou ser construído às pressas, depois que o antigo Estádio da Alameda acabou vetado pelo “padrão Fifa” em 1949 – como conta esta reportagem do Estado de Minas. Havia a promessa de um estádio grandioso no Horto, para 80 mil pessoas, mas a capacidade precisou ser reduzida e as obras sequer ficaram prontas a tempo. Ainda assim, dentro da estrutura possível, a torcida mineira compareceu em bom número.

Mais de 10 mil pessoas encheram as arquibancadas do Independência – incluindo uma presença razoável da comunidade britânica que vivia em BH. Também se deslocaram ao estádio alguns militares e marinheiros americanos. Foi o maior público dos três jogos da Copa na cidade, já que os belo-horizontinos estavam descontentes com o preço dos ingressos – equivalentes aos cobrados no Rio. “A maioria esmagadora da torcida era de brasileiros, mas eles nos apoiaram o tempo todo. Não sabíamos o porquê até depois do jogo. Eles esperavam que nós ganhássemos da Inglaterra e, assim, o Brasil não os enfrentasse na fase final”, explicaria Walter Bahr, à ESPN americana.

O milagre se concretiza

Na chegada ao Independência, os jogadores e a comissão técnica da Inglaterra se sentiram pouco à vontade no casebre de madeira que servia de vestiário no estádio. Todavia, bastou a bola rolar para o time se impor, esboçando um massacre. Com uma posse de bola que beirava os 90%, os Three Lions criaram inúmeras chances de gol desde os primeiros minutos, bombardeando a área dos Estados Unidos. O goleiro Frank Borghi salvava a pátria e, quando não podia fazer nada, ainda contava com o auxílio da trave. Foram duas bolas no poste durante os 12 minutos iniciais. E a resistência que perdurava acabou injetando uma dose de confiança nos americanos, que forçaram a primeira defesa de Bert Williams aos 25. De qualquer forma, Borghi se via bem mais ameaçado, com os arremates constantes de Mortensen e Finney.

O lance decisivo aconteceu aos 38 minutos. Walter Bahr resolveu arriscar um tiro cruzado de longa distância, buscando o ângulo oposto da meta inglesa. O goleiro Bert Williams já se antecipava para fazer a defesa, quando Joe Gaetjens mudou os rumos da bola – e da história dos Mundiais. O atacante se lançou para cabecear na marca do pênalti e deu um leve desvio, suficiente para deixar o arqueiro vendido e estufar as redes no centro do gol. Antes do intervalo, quando Tom Finney poderia ter empatado, o árbitro apitou o final do primeiro tempo no momento em que o craque executava seu chute. Mas não que faltassem finalizações: foram 30 arremates dos britânicos apenas nos 45 minutos iniciais.

“Alguns disseram que meu chute atingiu Gaetjens acidentalmente na orelha ou na nuca, mas sei que Joe fez um esforço no meio dos adversários para chegar à bola. Ele pegava umas bolas que você não acreditava que conseguiria. Qual a diferença de ser acidental ou não? O gol saiu. O placar não diz que foi um acidente, apenas o número”, diria Bahr, ao New York Times. Até ali, os americanos se seguravam como podiam e não se furtavam a isolar a bola rumo às arquibancadas – para que a torcida local tratasse de retardar bastante o reinício da partida.

O segundo tempo guardou a pressa da Inglaterra em busca da virada. A equipe insistia no jogo pelas pontas e efetuava muitos cruzamentos, sem sucesso na estratégia. Enquanto isso, os Estados Unidos eram elogiados por sua atuação cheia de bravura e empenho, com uma dose de sorte para sobreviver ao abafa. A teórica diferença entre os times era reduzida pelo esforço imprimido pelos americanos, que muitas vezes dobravam a marcação sobre os ingleses. Os semi-profissionais apresentaram um preparo físico superior para correr no gramado acidentado do Independência.

Algumas boas chances pintaram à Inglaterra na etapa complementar, sobretudo a partir de cobranças de falta. Alf Ramsey teria um tento anulado assim. Depois, Borghi realizaria grande defesa em tiro livre de Stan Mortensen. Já nos minutos finais, os Three Lions ganhariam uma grande oportunidade depois de uma falta cometida no limite da área por Charlie Colombo – que mais lembrou um tackle de futebol americano. Ramsey cobrou e Jimmy Mullen cabeceou. A bola bateu no travessão e quicou sobre a linha, antes de Borghi espalmar para se consagrar de vez. Os ingleses ainda reclamaram que a pelota tinha entrado, mas o árbitro italiano Generoso Dattilo não concedeu o tento.

Nos últimos instantes, haveria tempo para Frank Wallace desperdiçar a chance de assinalar o segundo gol americano, mas nada que fizesse falta. O milagre estava eternizado. O apito final marcou uma das comemorações mais intensas das Copas do Mundo. Os torcedores mineiros, que já acenavam panos brancos nas arquibancadas para simbolizar a “rendição inglesa”, invadiram o gramado do Independência e festejaram os heróis dos Estados Unidos. Os jogadores foram carregados nos braços pelo público, em especial Gaetjens.

O êxtase e o baque

“Naquele momento, não percebi quão grande tinha sido aquela vitória. Não estávamos acostumados com a Copa do Mundo. Com o passar dos anos, o significado do resultado se tornou mais importante”, relataria Walter Bahr, durante a comemoração dos 50 anos do triunfo. Ou como complementaria ao jornal The Guardian: “O jogo perfeito é vencer e jogar bem. Nós ganhamos, mas certamente não fomos melhores que a Inglaterra. Foi um daqueles duelos em que o melhor time não vence. Tenho orgulho disso. Nosso time era decente, mas, se jogássemos dez vezes contra os ingleses, eles ganhariam nove”.

Borghi, Bahr e Gaetjens foram os principais nomes naquela partida, mas outros atletas americanos receberam o reconhecimento. Filho de portugueses, John Souza fez um grande trabalho na ponta, elogiado pela imprensa brasileira. Já na zaga, mesmo com a falta dura nos minutos finais, Charlie Colombo acabou aclamado por sua entrega defensiva. O beque do Simpkins teria recebido até mesmo uma proposta de um clube brasileiro, mas preferiu retornar a St. Louis e seguir atuando pela equipe de sua cidade-natal. “Colombo não é o que você chamaria de bom jogador, mas era um bom zagueiro. Não hesitaria em acertar um cara por trás, mesmo se fosse a própria mãe. Ele jogou muito bem naquela partida. Ultrapassou os limites algumas vezes, mas se safou na maior parte. Foi muito importante para manter nossa defesa unida”, comentaria Keogh, à ESPN americana.

Já os ingleses reagiram com polidez dentro de campo, cumprimentando os adversários com tapinhas nas costas e aceitando o desfecho com brincadeiras como um “parabéns, seus sortudos”. Wilf Mannion parecia incrédulo, considerando o resultado final “absolutamente ridículo”. “Podemos jogar contra eles de novo amanhã?”, perguntava-se. Ou como descreveria Stanley Matthews: “Com relutância, deixei meu assento e fui para o vestiário da Inglaterra. Eu não gostaria de descrever o que encontrei lá. Foi um desastre. Se jogássemos por 24 horas, não teríamos marcado. Foi um daqueles dias”. A camisa azul escura, usada pelos Three Lions na ocasião, seria praticamente aposentada na seleção – repetida apenas mais uma vez em 1959, antes de ser reavivada no terceiro uniforme de 2017.

O técnico Walter Winterbottom, mesmo depois de tudo, preferiu colocar a culpa na arbitragem: “Anotamos um gol de empate perfeitamente legal, mas não foi validado. A torcida estava zombando dessa decisão. Depois disso, os americanos pensaram que poderiam fazer qualquer coisa, puxando camisas, cometendo faltas e tudo mais. A arbitragem foi uma farsa. Se a Fifa quisesse, poderia suspender o árbitro por toda a vida”. Já os jogadores, mais realistas, admitiram suas próprias incapacidades. Como o capitão Billy Wright, anos depois: “Não tínhamos álibis para nossa derrota. Embora o campo fosse ruim, era o mesmo para os americanos. Temos que dar o crédito, eles jogaram bem. Mas continuo afirmando que, se nossos atacantes tivessem aproveitado metade das nossas chances, teríamos goleado”.

A imprensa americana não dedicou grande cobertura ao Mundial. Apenas um jornalista acompanhava o time: um repórter de St. Louis que estava de férias e pagou por conta própria a viagem até o Brasil. As notas eram pequenas e geralmente erravam a grafia dos nomes dos jogadores. O New York Times, por exemplo, reservou dois parágrafos ao milagre do Independência. Nem o presidente da federação dos EUA na época, Joe Barriskill, botou fé no telegrama que recebeu: “Não podia acreditar. Quando me disseram que vencemos por 1 a 0, eu pensei: ‘Com quem diabos você pensa que está brincando?'. Imediatamente eu comecei a fazer ligações. Pensei que tinha enlouquecido. Precisei telefonar para a Inglaterra para saber se era verdade. E era. Eu poderia ter caído morto”.

Já na imprensa inglesa, o espaço nas páginas dos jornais acabaria sendo menor do que se podia imaginar. Há inclusive algumas lendas, bastante citadas em livros de teor histórico, mas nunca devidamente comprovadas. Uma delas tem como personagem um certo sub-editor de um jornal de Londres, que, ao receber pelo telégrafo a notícia com o resultado do jogo, achou aquilo muito estranho. “Obviamente trata-se de um erro tipográfico”, pensou ao ler ‘Inglaterra 0, Estados Unidos 1'. “Naturalmente falta um algarismo naquele placar”. E retificou antes da publicação, com um score mais provável: Inglaterra 10, Estados Unidos 1.

Nas manchetes, prevaleciam as críticas. O Daily Mail escrevia: “Uma equipe mais valente, mais rápida e mais em forma dos Estados Unidos fez o inacreditável! A maior decepção da história do futebol”. O diário The Times, por sua vez, não perdoou aquela que considerou “talvez a atuação mais fraca da seleção em sua história”. Além do mais, aquele não foi o único baque sofrido pelo esporte britânico em 29 de junho de 1950. Na mesmíssima data, a Inglaterra perdeu pela primeira vez das Índias Ocidentais (as ilhas do Caribe) no críquete, um resultado impactante, ainda mais por acontecer em Londres.

Vale ressaltar que as estruturas de comunicação no Independência eram precárias até mesmo para os padrões da época. Os repórteres precisaram ditar seus textos por telefone aos colegas no Rio de Janeiro e apenas duas linhas estavam disponíveis a toda a imprensa no estádio. “Quando a última mensagem foi enviada, o campo estava na escuridão. Sem que ninguém conseguisse encontrar uma luz elétrica, meia dúzia de repórteres agrupados ao redor dos telefones fizeram fogueiras de jornais para que pudessem ler os textos, transmitidos depois por telégrafo”, relembraria Charles Buchan, um dos repórteres ingleses presentes.

Os rumos dos heróis

A Inglaterra ainda teria uma chance de classificação na última rodada da fase de grupos, quando pegaria a Espanha no Maracanã. Um triunfo dos Three Lions poderia forçar um jogo extra. Telmo Zarra não deixou, anotando o gol que confirmou a Fúria no quadrangular final, com a vitória por 1 a 0. Nem mesmo as entradas de Stanley Matthews e Jackie Milburn no ataque evitaram a decepção inglesa. Com o vexame consumado, a Football Association tentou tirar lições do fiasco e seu secretário, Stanley Rous, instituiu um “sub-comitê técnico” para discutir formas de tornar o processo de convocação e seleção de jogadores mais eficiente. As divergências inconciliáveis entre cartolas de mentalidade mais progressista e mais conservadora, no entanto, impediu que as reformas fossem adiante, e a proposta acabou arquivada.

Para poupar despesas, a federação sequer permitiu que os jogadores com intenção de assistir à reta final ficassem no Rio de Janeiro. Stanley Matthews era partidário dessa ideia: “Senti que poderia ter aprendido muito com os outros times. Tom Finney também queria seguir no Brasil, mas fomos obrigados a viajar com o restante da delegação. Uma coisa é a volta dos jogadores, mas nem Drewry ou Winterbottom continuaram para estudar como os times que avançaram estavam atuando no torneio. Todos os jornalistas foram chamados de volta. Enquanto o futebol continuava a se desenvolver com novas ideias colocadas em prática, todos nós voltamos para casa e enterramos a cabeça na areia”.

Já os Estados Unidos, com uma diminuta esperança de classificação, também sucumbiram no último compromisso. A equipe até chegou aclamada a Recife, onde ganhou uma calorosa recepção dos torcedores pernambucanos no desembarque. Mas, na Ilha do Retiro, o US Team morreu abraçado com o Chile, após a vitória da Roja por 5 a 2. Os sul-americanos abriram dois gols de vantagem no primeiro tempo e os norte-americanos até responderam com o empate no início da segunda etapa, graças aos tentos de Frank Wallace e Joe Maca. Porém, o Chile se recompôs do prejuízo e, contra um adversário desgastado pelo calor, balançou as redes três vezes na reta final do duelo. Ambos os times voltariam para casa mais cedo.

O desembarque do US Team em seu país não guardaria qualquer tipo de festa, além da presença de raros familiares dos jogadores. E a federação americana ainda passaria por uma investigação da Fifa, meses depois do Mundial, questionada pelos “estrangeiros” de seu elenco. Membros da entidade argumentavam que, se os jogadores não tinham cidadania americana, não deveriam ter disputado o torneio. Os EUA justificavam que, segundo as regulamentações inglesas, que regeram a Copa de 1950, cada país poderia determinar seus próprios critérios de elegibilidade. Assim, a intenção de tirar a cidadania no futuro já seria suficiente a Gaetjens, McIlvenny e Maca. A Fifa acatou tal explicação e encerrou o caso.

Aquela vitória sobre a Inglaterra não serviria para impulsionar o ‘soccer’ nos anos 1950 e muitos dos heróis seguiram suas carreiras semi-profissionais no país. Nem mesmo o ponta John Souza, eleito para o time ideal do torneio segundo algumas fontes, deixaria o futebol local. O máximo a ele seria disputar os Jogos Olímpicos de 1952. Presente em Helsinque ao lado de Souza, Harry Keough foi o único da equipe de 1950 também chamado às Olimpíadas de 1956, em Melbourne. Mas não abandonou o serviço como carteiro. Já a partir de 1967, Keough se tornou treinador do time da Universidade de St. Louis e faturou cinco títulos da NCAA.

Frank Borghi seguiu com seu negócio funerário em St. Louis, sem deixar os Simpkins. Já Walter Bahr atuaria em outros clubes americanos até pendurar as chuteiras, quando passou a se dedicar majoritariamente ao trabalho como professor. Tornaria-se treinador de equipes universitárias, virando o herdeiro de Bill Jeffrey em Penn State. E seus três filhos viraram jogadores profissionais no ‘soccer’, integrando a NASL nos anos 1970. Ainda assim, os dois mais jovens fariam sucesso mesmo quando chutavam a bola oval, conciliando suas carreiras na NFL. Chris Bahr foi o kicker do Los Angeles Raiders por oito anos, conquistando dois anéis do Super Bowl. Já Matt Bahr rodou por diferentes equipes e também levou dois anéis como kicker, vestindo as camisas de Pittsburgh Steelers e New York Giants.

Os únicos da seleção americana de 1950 a atuarem no futebol europeu foram os jogadores nascidos em outros países. Joe Maca teve uma rápida passagem pelo Molenbeek no Campeonato Belga. Ed McIlvenny havia sido observado por Matt Busby na excursão do Manchester United pela América do Norte e se mudou a Old Trafford, integrando os Red Devils até 1953, mas com parcas aparições em campo. Já Gaetjens defendeu o Racing de Paris na elite do Campeonato Francês por uma temporada e também passou pelo Olympique Alès na segunda divisão. Retornaria ao Haiti, encerrando sua carreira por lá – e inclusive enfrentando o México nas Eliminatórias para a Copa de 1954 com a seleção local.

O desaparecimento de Gaetjens

Joe Gaetjens voltou como um herói ao Haiti. Seu desembarque no aeroporto do país levou uma multidão para recepcioná-lo. E, ainda que sua carreira tenha durado pouco, abreviada por uma lesão, o herói da Copa de 1950 seguiu engajado com o futebol. Ele se tornou treinador e promovia a modalidade entre os jovens da ilha, enquanto também administrava uma rede de lavanderias. “Ele nunca tinha dinheiro no bolso, porque entregava tudo às pessoas necessitadas. Ele amava sua família e queria ajudar muito o Haiti”, contaria Lesly Gaetjens, filho mais velho do veterano e autor de uma biografia sobre o pai, em entrevista à BBC.

No entanto, em 1957, François Duvalier chegou ao poder no Haiti. O presidente eleito começou a estabelecer as bases de sua ditadura, com perseguições políticas e ataques à oposição. Mais de 30 mil pessoas morreram pelas mãos do regime nos 14 anos de “Papa Doc” na presidência. Gaetjens, mesmo reconhecido como uma grande figura do esporte, seria uma de suas vítimas.

O atacante não estava envolvido com a política, mas seus irmãos tinham apoiado o candidato da oposição e faziam parte da resistência, a ponto de participarem de um plano para derrubar Papa Doc. Em julho de 1964, o ditador deu um golpe de estado no qual se instituiu como “presidente vitalício” do Haiti e coordenou uma enorme repressão contra seus opositores. Apesar de suas boas relações com o centro do poder, a família de Gaetjens virou um dos alvos. Joe não quis fugir com os outros parentes e foi atacado pela milícia estabelecida por Papa Doc.

O craque acreditava que, por seu passado em campo, estaria protegido. Contudo, horas após o golpe de estado, ele seria levado com uma arma na cabeça de uma de suas lavanderias. Entrou no carro da milícia e, desde então, nunca mais apareceu. Sua esposa ainda descobriu que ele foi encarcerado em Fort Dimanche, uma prisão onde o regime torturava os detidos. Meses depois, a mãe de Gaetjens chegou a se dirigir ao palácio presidencial e suplicou a Papa Doc que soltasse o filho. “Por que você o aprisionou? Ele não tem nada a ver com a política, apenas joga futebol!”, teria dito. O ditador, então, prometeu soltá-lo no dia seguinte. O que, obviamente, não aconteceu.

A esposa de Joe Gaetjens e seus filhos permaneceram no Haiti até 1966, antes de fugirem a Porto Rico. A morte do jogador seria oficializada em 1972. Até hoje não se sabe o paradeiro do corpo do atacante e há indícios de que o próprio Papa Doc teria cometido o assassinato em Fort Dimanche. Naquele mesmo ano, o New York Cosmos promoveu uma homenagem a Gaetjens. O clube enfrentou uma equipe de haitianos no Yankee Stadium para relembrar a trajetória do herói de 1950. Já em 1976, Joe acabaria introduzido no Hall da Fama da federação americana. Apesar do triste desfecho, a história do artilheiro continua vivendo. E aquele seu gol em Belo Horizonte serve de resistência, ao não permitir também que seu assassinato e as atrocidades cometidas no Haiti sejam esquecidas.

Foto de Emmanuel do Valle

Emmanuel do Valle

Além de colaborações periódicas, quinzenalmente o jornalista Emmanuel do Valle publica na Trivela a coluna ‘Azarões Eternos’, rememorando times fora dos holofotes que protagonizaram campanhas históricas.
Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo