Totó Schilacci salvou a Copa mais chata de todos os tempos
Atacante italiano, morto aos 59 anos, foi o grande nome de uma Copa retranqueira e modorrenta em 1990
O futebol chora a morte de Salvatore “Totó” Schilaci, o improvável grande nome da Copa do Mundo de 1990, a pior de todos os tempos. Disputado na Itália, a pátria do jogo defensivo, o Mundial que encerrou os anos 1980 extrapolou todos os limites da chatice. Times fechados, jogos feios, muitas faltas e a pior média de gols da história: 2,21.
Para nós, brasileiros, o Mundial de 1990 teve a pálida participação do time treinador por Sebastião Lazaroni, eliminado pela Argentina, nas oitavas-de-final. Um time opaco e cheio de problemas internos, que mais discutiu por premiações do que jogou bola.
Schillaci saiu do banco da seleção italiana para iluminar uma Copa de escuridão. Ele chamou a atenção no “calcio” em 1988, marcando 23 gols pelo Messina, na Série B. Na temporada seguinte, foi contratado pela Juventus. Fez 15 gols em 30 jogos, sendo peça importante nas conquistas da Copa da Itália e da Copa da Uefa.
Chamado para a Copa pelo treinador Azeglio Vicini, Schilacci era reserva de Andrea Carnevale. Mas sua história e a da Copa começam a mudar no jogo contra a Áustria, quando o atacante precisa de cinco minutos em campo para fazer o primeiro de seus seis gols naquele Mundial sonolento.
Nascido em Palermo, na ilha da Sicília, Shilacci uniu italianos de Norte ao Sul com as comemorações tresloucadas e um futebol de muita entrega, velocidade e oportunismo – embora de pouca técnica. Os italianos apelidaram de ‘Noites Mágicas' as partidas da Azzurra. A magia se fez presente desde que Totó Schilacci assumiu o comando do ataque.
Maradona colocou ponto final no sonho italiano
A aventura italiana na Copa em sua casa foi interrompida por Maradona e a Argentina, na histórica semifinal de Nápoles, vencida pelos sul-americanos nos pênaltis. A disputa com a Inglaterra pelo terceiro lugar, em Bari, rendeu o gol que valeu a artilharia a Schilacci, o segundo na vitória italiana por 2 a 1.
O sucesso na Copa fez de Schilacci o segundo colocado na disputa pela Bola de Ouro da revista “France Football” em 1990, perdendo para o alemão Lothar Matthaus, campeão do mundo.
A magia do atacante siciliano foi um feitiço de curta duração. Depois da Copa de 1990, Schilacci nunca mais foi o mesmo. Passou sem brilho pela Inter de Milão, com 11 gols em 30 jogos. Foi para o Japão e ainda teve uma ótima temporada pelo Jubilo Iwata, em 1995, anotando 31 gols.
Após encerrar a carreira de jogador, Schilacci se aventurou pelo mundo da TV. Participou de shows na linha Casa dos Artistas e interpretou um mafioso siciliano numa série de TV.
Vítima de um câncer de cólon, ele partiu jovem, aos 59 anos. Viveu seu grande papel nas Noites Mágicas de 1990.