Regragui: “É extraordinário o que os jogadores conseguiram com tanta energia. Trabalharam feito malucos”
Técnico de Marrocos, Walid Regragui ainda deu uma baita coletiva de imprensa para comentar a histórica classificação sobre a Espanha
Walid Regragui avança para as quartas de final da Copa do Mundo como um dos melhores treinadores do torneio. E o reconhecimento é mais do que merecido, a quem assumiu a equipe nacional a menos de três meses da competição. A demissão de Vahid Halilhodzic foi motivada pelo racha com os astros do elenco, mas a federação também contava com alguém pronto para assumir o cargo. Regragui vinha de ótimos trabalhos nos clubes do país, em especial o Wydad Casablanca campeão continental, e carregava ainda a bagagem de ex-jogador da seleção. Acabou se tornando o elemento que fechou os vestiários dos Leões do Atlas ao redor dos objetivos e ainda montou uma equipe coletivamente superior à que se via com o antecessor.
Além das escolhas táticas certeiras e da maneira como tem tirado até a última gota de suor de seus astros, Regragui também é elogiado no Marrocos pela qualidade de seus discursos. E isso se notou também depois da histórica classificação contra a Espanha. O técnico ofereceu uma excelente coletiva de imprensa, para falar sobre pontos fortes de seu time e a identidade.
“É extraordinário o que os jogadores conseguiram com tanta energia, com a vontade de não perder esse jogo, de suportar aquele que talvez seja o melhor time do mundo em termos de posse de bola. Eles nos feririam se déssemos espaços para correr. Sabíamos que não poderíamos buscá-los lá no campo de ataque. Fomos pacientes e, com um dos melhores goleiros do mundo, conseguimos nos classificar nos pênaltis. Jogamos com atletas lesionados, com bandagens, mas que elevaram seu nível de jogo. Estou orgulhoso deles. Se me perguntassem antes da Copa que pegaríamos Bélgica, Croácia, Canadá e Espanha concedendo só um gol… Temos um grupo incrível!”, afirmou.
Regragui dedicou elogios especiais a Ziyech, não apenas por seu talento, mas por seu comprometimento: “Hakim é meu xodó. Ele poderia ter dado certo ou errado comigo, mas as pessoas sentem que ele tem algo a entregar. Você precisa oferecer responsabilidade e amor a ele. É como Neymar, Mbappé ou Messi, você não pode pensar neles como os demais jogadores. E nunca tive o menor problema. Ele me deu tudo dentro de campo. E ele precisa dos outros, todos eles entenderam a mensagem. Quero também destacar a comissão técnica, os médicos, os seguranças, o pessoal da logística, os preparadores físicos. Não é só uma pessoa que lidera o time às quartas, mas todas essas pessoas”.
Uma pergunta colocada a Regragui foi sobre a mescla com jogadores nascidos fora do país. Marrocos possui o elenco com o maior número de atletas que nasceram no exterior, embora todos descendentes de marroquinos. O comandante, ele mesmo nascido na França, preferiu não fazer distinções e reafirmou que o mais importante é o valor que se dá aos Leões do Atlas.
“Sempre batalhei no Marrocos para dizer que todo marroquino com a nacionalidade é marroquino se ele quiser lutar e morrer por essa camisa, seja ele da França, da Bélgica, de Marrocos ou de qualquer lugar. Um exemplo: eu nasci na França, mas ninguém tem coração mais marroquino que eu. Quando você vem para a seleção, tem que dar 100%. Tenho jogadores nascidos na Alemanha, na França, na Bélgica, na Holanda, na Espanha, no Canadá e fiz uma boa mistura com isso”, comentou.
Sobre a partida, Regragui falou sobre a estratégia de travar Sergio Busquets: “Meu plano era cercar Busquets porque, nos últimos 20 jogos que assisti da Espanha, eles tiveram 70% da posse de bola. Não somos a França, a Inglaterra, não podemos competir com eles mesmo que tenhamos jogadores muito técnicos. Não sou mágico, não vou inventar qualquer coisa. Controlamos bem Busquets, mas também Pedri e Gavi. Meus meio-campistas e meus atacantes trabalharam feito malucos”.
Por fim, o treinador ainda comentou o sentimento de ter recebido uma ligação do Rei Mohammed VI, atual monarca de Marrocos: “Receber uma ligação do rei é algo extraordinário para um marroquino. Essas palavras nos inspiram a fazer mais e deixam os jogadores orgulhosos. Isso faz a gente querer se superar. A política implementada permitiu que Marrocos se desenvolvesse e também avançamos no futebol. Agradecemos à sua majestade por tudo o que faz e estamos orgulhosos desse povo que nos segue por todos os cantos”.