Copa do Mundo

Os 50 anos do gol fantasma na final mais polêmica das Copas do Mundo: Inglaterra 1966

A Inglaterra comemora neste sábado os 50 anos da sua única conquista de Copa do Mundo, em 1966. Naquele dia 30 de julho, os ingleses venceram a Alemanha Ocidental por 4 a 2, naquele que é, discutivelmente, o jogo mais polêmico da história das Copas do Mundo. O gol fantasma foi um fator decisivo na partida, decidida na prorrogação.

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A polêmica veio por causa do terceiro gol da Inglaterra, já na prorrogação. O jogo estava em 2 a 2, placar do tempo normal de jogo. Helmut Haller abriu o placar para a Alemanha Ocidental aos 12 minutos, mas Geoff Hurst empatou aos 18. Martin Peters virou para os ingleses aos 33 minutos do segundo tempo, mas Wolfgang Weber empatou o jogo aos 44 minutos, nos momentos finais do jogo.

A partida em Wembley então foi para a prorrogação. Os 96.924 espectadores viram um jogo emocionante que teria mais 30 minutos para ser decidido. Foi quando a polêmica se instaurou. Aos 11 minutos, o ponta Alan Ball cruzou para a área, Hurst dominou, chutou e a bola explodiu no travessão, pingou na linha do gol e saiu. Alguns jogadores ingleses comemoraram, como Roger Hunt, que imediatamente levantou os braços.

O árbitro, Gottfried Dienst, da Suíça, não tinha convicção que a bola tinha entrado. Consultou, então, o assistente, Tofiq Bahramov, que era do Azerbaijão. O problema é que os dois não falavam a mesma linha. Sim, isso mesmo: o bandeirinha e o árbitro não podiam conversar, a não ser por sinal, porque um não entendia o outro. Foi assim que Bahramov confirmou o gol e Dienst, então, validou o tento. Era o terceiro gol da Inglaterra, para delírio do público.

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Claro, a Alemanha reclamou na hora. Só que os protestos foram em vão. Restava, então, lutar até o fim pelo gol de empate. Foi o que os alemães fizeram e, já quando o tempo estava praticamente esgotado, a Alemanha Ocidental teve uma cobrança de falta. Todo mundo foi para o ataque, a bola foi levantada e a Inglaterra pegou o rebote. O jogo estava prestes a acabar. Veio, então, um daqueles momentos curiosos da história.

Bobby Charlton fez o lançamento para Geoff Hurst, livre, correr com a bola. Alguns ingleses, exaltados, invadiram o campo, achando que o jogo já tinha terminado. Mas não tinha. E Hurst conta que carregou a bola até a área e pensou em chutar o mais forte que conseguisse por cima do gol, para jogar a bola o mais distante possível.

Assim, pensou ele, a reposição atrasaria e quando o gandula jogasse a bola de volta ao campo, o árbitro terminaria o jogo. Só que ele errou e acertou o ângulo. Golaço. Gol que selou o destino daquela decisão: a Inglaterra era campeã do mundo pela primeira vez.

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Uma final que para sempre virou motivo de discussão. Os alemães, com razão, reclamam que aquele gol fantasma tirou uma chance real dos alemães. Os ingleses comemoraram. Tinham um grande time, indiscutivelmente, e fizeram valer o fator casa. Inclusive na pressão que a arbitragem sentiu para marcar o lance. No vídeo, fica claro que a bola não entrou. Mas ali, no calor do jogo, o tento foi dado e a partida tomou um outro rumo.

A Inglaterra entrou para o seleto grupo de países campeões do mundo. A Alemanha reclama para sempre de um lance que mudou tudo na sua história. Talvez como uma maldição, dali em diante os ingleses nunca mais chegaram sequer a uma final de grande competição, seja Eurocopa, seja Copa do Mundo.

O mais perto que conseguiu foi a semifinal da Copa de 1990, na Itália, e a semifinal da Eurocopa de 1966, quando o cenário foi novamente Wembley. Só que, daquela vez, 30 anos depois do polêmico lance, os alemães levaram a melhor, nos pênaltis. Acabariam campeões.

Os ingleses buscam desde então retomar o caminho da glória. Na história, o gol fantasma de Geoff Hurst está registrado como o lance mais polêmico da história das Copas do Mundo. A história também registra que Hurst é o único jogador a marcar três gols em uma final de Copa. E este é um feito que ele pode se orgulhar para sempre – ainda que um dos seus gols, o mais importante demais, não tenha cruzado a linha.

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Abaixo, você assiste os gols daquele jogo, o lance polêmico em um ângulo diferente, a entrevista com Geoff Hurst, que fala sobre o gol fantasma (e que ele acredita até hoje que a bola entrou) e, por fim, um vídeo com os melhores momentos em cores.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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