Além dos minicampos, a Fifa tem outro problema para a Copa de 2026
Temperaturas elevadas podem dificultar logística da competição que acontecerá em junho de 2026
A realização da Copa América de 2024 nos Estados Unidos foi uma chance para a Fifa entender melhor o que deve (ou não) fazer durante a Copa do Mundo que acontecerá em 2026.
Preocupada com a organização do principal torneio do mundo entre seleções de futebol, a entidade decidiu utilizar o torneio continental como um evento teste. E alguns problemas já são evidentes.
Se os ‘minicampos' já causaram a revolta de atletas e comissões técnicas na Copa América, outro problema encontrado na pré-temporada de clubes europeus já é pauta entre os organizadores do Mundial.
Altas temperaturas viram pauta para a Copa do Mundo de 2026
O verão é um momento especial para quem habita no hemisfério norte, principalmente em regiões onde a estação oposta é marcada por baixas temperaturas durante o final do ano.
Com dimensões continentais, os EUA apresentam diferentes condições climáticas ao longo dos seus 9.834 milhões de quilômetros quadrados. E esse é um fator que preocupa a Fifa para a Copa do Mundo de 2026.
Em pleno verão, o torneio será disputado em Nova Iorque, Filadélfia, Boston, Atlanta, Miami, Houston, Dallas, Kansas, Los Angeles, São Francisco, Seattle, Toronto, Vancouver Guadalajara, Monterrey e Cidade do México.
Embora a Copa de 2026 conte com cidades canadenses e mexicanas, os Estados Unidos se apresentam como o grande centro do torneio, recebendo a maioria dos jogos – em especial, a grande decisão.
Há cidades sede em diferentes posições do continente norte-americano – e cada uma delas apresenta condições climáticas distintas em uma época que pode apresentar calor extremo e chuvas torrenciais. E eventos recentes já deixaram evidente os problemas.
Na Copa América, calor extremo fez árbitro desmaiar em campo
No dia 25 de junho, Canadá e Peru se encontraram no Children's Mercy Park, em Kansas City, e ao final do primeiro tempo, o árbitro assistente Humberto Panjoj desmaiou devido às altas temperaturas, que indicavam 37,8 °C.
🚨 #AHORA: Humberto Panjoj, árbitro auxiliar del encuentro entre Canadá y Perú, se desvaneció en pleno partido.
ℹ️ La sensación térmica en Kansas es de 40*C pic.twitter.com/y0lvcjntQS
— Fútbol Fichajes (@FutboolFichajes) June 25, 2024
Um dia depois, o bandeirinha guatemalteco teve alta no hospital e, em nota, a Conmebol indicou que a causa do desmaio em campo foi a desidratação.
A própria seleção brasileira precisou atrasar um treinamento, marcado às 17h, que antecedia o duelo contra o Paraguai. A causa? Altas temperaturas no complexo Bettye Wilson, em Las Vegas, Nevada.
“Está muito quente. Desci do avião e tive a sensação de um calor sufocante. Estamos seguindo as recomendações dos nutricionistas e fisioterapeutas, nos hidratando bastante”, disse Guilherme Arana, lateral-esquerdo brasileiro.
Clubes europeus também sentem os impactos do calor nos EUA
Além do calor, as tempestades do verão norte-americano também preocupam a Fifa. Ao final da Copa América, clubes europeus desembarcaram nos EUA para iniciar turnês de pré-temporada, cada vez mais comuns no país.
Na última semana, Barcelona e Manchester City tiveram um duelo adiado por 80 minutos em razão das fortes tempestades nos arredores de Orlando, na Flórida. Quem estava nas arquibancadas do Camping World Stadium precisou encontrar um abrigo em meio à forte chuva.
Antes do duelo contra o Barça, o time de Pep Guardiola também passou por uma situação semelhante no primeiro jogo da turnê de pré-temporada, contra o Celtic no Kenan Stadium, na Carolina do Norte.
Após um alerta meteorológico ser emitido horas antes do apito inicial, torcedores que já estavam presentes no estádio precisaram evacuar o local – mesmo assim, o jogo não sofreu alterações no horário marcado.
EUA vivem verão com temperaturas mais altas que o normal
Em virtude de uma série de acontecimentos recentes no verão norte-americano, uma agência governamental previu que, entre julho e setembro, diversas regiões do país irão atravessar condições climáticas acima da média:
“O que estamos prevendo é que, em geral, grande parte dos Estados Unidos, exceto alguns poucos lugares, terá temperaturas acima do normal“, disse Johnna Infanti, meteorologista da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.
Já em 2023, a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos registrou o ano mais quente da histórica norte-americana – e este ano tem tudo para superar a marca de 12 meses atrás.
Em entrevista ao Athletic, Dan DePodwin, diretor de operações da AccuWeather, não demonstra muito otimismo com a realização de jogos em cidades quentes durante o verão norte-americano de 2026:
“Os jogos devem ser disputados em Miami em julho? Não sei a resposta, mas vale a pena perguntar. É preciso haver uma conversa sobre ter essas partidas em lugares que terão temperaturas de verão de mais de 32ºC.”