Um Chile que cai: Após a derrota para a Bolívia, cresce o risco na reta final das Eliminatórias
Campeão sul-americano em 2015. Título “prolongado” em 2016, numa Copa América Centenário meramente celebratória. O Chile parecia pronto para ocupar sem problemas qualquer uma das vagas diretas para a Copa de 2018, nas Eliminatórias da América do Sul. Porém, a queda de produção visível nas últimas rodadas foi confirmada nesta 16ª rodada, com a segunda derrota seguida, para a Bolívia (1 a 0). E a Roja corre sérios riscos de cair para a quinta posição, que dá apenas vaga na repescagem contra a Nova Zelândia, praticamente vencedora das eliminatórias da Oceania. Pior: precisa das vitórias nas duas últimas partidas, enfrentando Equador e Brasil.
Curiosamente, a Bolívia nem fez nada diferente do que costuma fazer. Primeiro, valendo-se do conhecido “fator casa”: La Paz. Depois, com os protagonistas de sempre aparecendo. E quase fazendo gols. Por exemplo, aos nove minutos: em escanteio cobrado, Claudio Bravo saiu mal do gol, e Marcelo Moreno quase fez o gol de cabeça. Porém, o atacante boliviano desviou fracamente. Aos 18, quase a infelicidade atingiu Arturo Vidal novamente: em escanteio cobrado por Juan Carlos Arce, ao tentar tirar, Vidal se enrolou na pequena área. Para a sorte chilena, a bola saiu lentamente pela linha de fundo.
Sem criatividade para vencer a fechada defesa boliviana, só chutes de longe eram a alternativa dos visitantes – como aos 11, em tentativa de Vidal para a defesa de Carlos Lampe, e aos 25 minutos, quando Alexis Sánchez arriscou, para fora. Ainda assim, a Bolívia assustava mais. Aos 26 minutos, Jorge Flores bateu, exigindo que Bravo espalmasse para escanteio. Na cobrança subsequente, novamente Arce trouxe perigo: a bola fechada passou por toda a área, causando preocupações à defesa visitante. E no minuto seguinte, Pablo Escobar mandou a bola para a área, da direita, e Gabriel Valverde cabeceou, rente à trave.
O Chile ainda tentou apostar nas jogadas pela direita, com Mauricio Isla. Aos 35, o lateral cruzou rasteiro da direita, mas Eduardo Vargas bateu muito por cima do gol. Porém, a oportunidade real veio aos 40 minutos: Isla recebeu a bola em profundidade, e mandou a bola rasteira para a área. Mas Vidal perdeu ótima chance, completando para fora, mesmo com o gol vazio.
Azar do Chile. Porque a Bolívia já voltou ativa ao seu campo, no segundo tempo: logo no primeiro minuto do reinício, Jhasmani Campos dominou fora da área e finalizou bem, forçando Bravo a defender. E aos 13, veio o merecido gol. Jorge Flores bateu forte, e Marcelo Díaz defendeu-se usando a mão, num ato reflexivo. O que não impediu Wilmar Roldán de marcar o pênalti. Muito menos Juan Carlos Arce de cobrar com segurança, sem chances para Bravo, fazendo o merecido 1 a 0 para a Máquina Verde.
Estava iniciado o desespero chileno. Dentro de campo, com as entradas de Jorge Valdívia, Esteban Paredes e Leo Valencia, para tentar vencer um time boliviano que, pelo menos, se esforçava para manter os três pontos. Fora, com o clima de animosidade crescente entre bolivianos e chilenos – culminando nas escaramuças após o apito final, forçando a entrada da polícia para não piorar o projeto de “cenas lamentáveis” que se via no gramado do Hernando Siles.
Ânimos serenados, o problema segue com o Chile. Que de vice-campeão da Copa das Confederações, fica condenado a torcer por novo tropeço da Argentina para seguir na zona de classificação direta para a Copa. Ou então, fica obrigado a se superar nas duas rodadas finais para cumprir a expectativa de classificação – expectativa muito menos alta do que era num 2015 que já parece longínquo.