Bryan Ruiz se superou para liderar a Costa Rica e contrariar todo mundo

“Todo mundo quer jogar contra as melhores equipes. É assim que você sabe que é a Copa. Vamos jogar contra três campeões mundiais. O que é melhor do que isso?”. A frase foi dita na semana da estreia da Costa Rica, por Bryan Ruiz. Era natural que o capitão defendesse sua equipe, na entrevista à Fifa, por mais que os Ticos fossem apontados como bônus no badalado Grupo da Morte, o primeiro da história dos Mundiais com três ex-campeões. Os Ticos, mais do que superar suas forças, precisariam ignorar a história. Mostrar que o futebol jogado dentro de campo pode valer mais do que o peso da camisa. E, sob a liderança do atacante, os costarriquenhos provaram que o discurso não foi só da boca para fora.
Itália 0×1 Costa Rica: Ticos riem na cara do grupo da morte e vão às oitavas
“Eles não podem pensar que será fácil jogar contra nós. Não podem descartar a Costa Rica”. Bryan Ruiz manteve o seu discurso inabalável durante toda a preparação. Sabia da grande missão que teria pela frente ao comandar sua nação. Tanto pela forma como a seleção era tratada em um grupo com tantos medalhões, quanto pelos desfalques. Ruiz perdeu sua principal companhia no ataque, Álvaro Saborío, um dos protagonistas na excelente campanha nas Eliminatórias. Seria a referência ao lado de jovens promissores. O herdeiro de Medford e Wanchope na missão de ser o cara da Costa Rica nos Mundiais.
Embora já fosse rodado no futebol europeu, Ruiz também realizaria um sonho no Brasil. Enfim, disputaria a primeira Copa do Mundo. Em 2006, foi cortado da lista final dos Ticos para o Mundial da Alemanha, o que gerou polêmica no país. “Perder aquele torneio me doeu muito, me senti deixado de lado e magoado”, ainda afirma. Era uma jovem promessa, que teria chance de se reerguer. Mas, em 2010, a Costa Rica caiu diante do Uruguai nas Eliminatórias. O adversário entalado na garganta, até mesmo pelos dois jogos quentes daquela repescagem. Justamente o rival na estreia da Copa.
“Eu lutei por isso e não vou deixar escapar. Estar hoje aqui no Brasil como capitão me dá uma sensação de muito orgulho”. Ruiz cumpriu o que prometeu. Foi discreto na partida contra o Uruguai, muito mais efetivo quando saiu de campo – dando lugar a Ureña, autor do gol que definiu o placar justamente um ano depois. Ainda assim, foi o líder em um time muito consciente em suas ações, que foi superior à Celeste e fez por merecer o resultado.
Contra a Itália, outra vez, Bryan Ruiz não foi brilhante. No entanto, foi decisivo. A dedicação sem a bola era exemplar, essencial na marcação da saída de jogo italiana – a chave para a derrocada da Azzurra, assim como o goleiro Keylor Navas, perfeito sob as traves. E, quando teve a bola, também soube ser perigoso. O gol da vitória saiu em um tiro certeiro de cabeça. A mesma cabeça fria para liderar os costarriquenhos e ignorar qualquer favoritismo, que não ganhou nenhum jogo. Outra vez, os Ticos foram melhores.
A Costa Rica conquistou a vaga na Copa do Mundo graças à pressão de seu estádio. Todas as suas cinco vitórias no hexagonal decisivo da Concacaf aconteceram no Estádio Nacional. Porém, existiam dúvidas de como os costarriquenhos se portariam longe do caldeirão de San José. A pressão que os torcedores antes faziam, agora estaria sobre as cabeças dos jogadores, vinda de todos os prognósticos de classificados no Mundial. O time suportou. E escreve uma das histórias mais surpreendentes de todos os Mundiais graças a sua superação.