Itália 0x1 Costa Rica: Ticos riem na cara do grupo da morte

Imaginar que a Costa Rica seria capaz de bater Uruguai e Itália em sequência seria como, há alguns anos, dizer que Rooney faria o seu primeiro gol em Copas do Mundo em Itaquera. Mas o fato é que as duas coisas aconteceram. Na Arena Pernambuco, em Recife, os costarriquenhos protagonizaram mais uma zebra neste que era chamado de grupo da morte por ter três campeões do mundo. Quem está barbarizando é justamente a Costa Rica, o patinho feio do grupo. A vitória por 1 a 0 sobre a Itália não só classifica o time, como o coloca em uma boa posição para ficar com o primeiro lugar do grupo. De quebra, ainda joga Itália e Uruguai, suas vítimas, para um duelo mortal um contra o outro.
A Itália tinha mais posse de bola no jogo, tentava chegar ao ataque e conseguiu, em um bom lance de Pirlo, que achou Balotelli. O atacante chutou para fora. Foi o melhor lance italiano no primeiro tempo, que viu a Costa Rica crescer no jogo. Começou a atacar mais, criar perigo e, de repente, teve um lance em velocidade de Campbell nas costas da defesa, que acabaria em um atropelamento de Chiellini em cima do atacante. O árbitro Enrique Osses não deu.
O estádio sentiu. Vaiou a decisão, vaiou a seleção italiana e deixou no ar a sensação de injustiça por esse lance. Mas não durou muito. Minutos depois, a Costa Rica atacou pela esquerda e Díaz achou Bryan Ruiz na área, que marcou 1 a 0. O que tinha sido um susto para os italianos um pouco antes se tornou uma realidade, dura e triste. Mas nem tão triste quanto o que viria depois, com um futebol pouco criativo e que quase não conseguia criar chances de gol.
Prandelli tentou mudar o time. Colocou em campo Cassano, Insigne e Cerci, jogadores mais incisivos, habilidosos, capazes de dribles e jogadas mais verticais, algo que a formação inicial não tinha como característica. De Rossi e Pirlo dominaram o meio-campo contra a Inglaterra, mas contra a Costa Rica não conseguiram sequer passar perto de ditar o ritmo e as ações do setor.
A Costa Rica recuou, como se esperava, mas não tinha muito trabalho. A Itália tocava muito a bola no campo de ataque, é verdade, mas quase não chutava a gol, nem chegava de maneira perigosa. Era, quase sempre, um domínio territorial, mas sem fazer o goleiro Keylor Navas trabalhar. Nada do que deu certo para os italianos no primeiro jogo se repetiu desta vez. Darmian, que fez ótimo jogo pela direita contra os ingleses, não esteve no mesmo nível atuando pelo lado esquerdo. Abate, seu substituto na direita, foi mal, especialmente no apoio, onde o time precisava. Candreva, outro destaque da primeira partida, errou quase tudo que tentou.
Nenhum dos que entrou em campo pela Itália foi bem, nem conseguiu mudar o panorama do jogo. Cassano, em sua estreia em Copas, não deu a criatividade que o time precisava. Insigne também não conseguiu dar ao time a agressividade pelos lados do campo. Nem Cerci, que entrou depois. Balotelli, apagado entre os zagueiros, nada fez também.
Os costarriquenhos ganhavam confiança à medida que o tempo passava. Sem nervosismo, o time seguia tentando armar contra-ataques perigosos, enquanto fechava os espaços no meio-campo e na defesa. A linha de cinco defensores não saía, não dava espaço, não deixava o time de Prandelli chegar perto sem ser incomodado.
Os italianos terão pela frente o Uruguai na última rodada, e será um jogo de vida ou morte para os dois. Quem perder está fora da Copa e o empate dá a classificação à Azzurra. A Costa Rica garante o primeiro lugar com um empate contra a Inglaterra. Se perder, ainda assim pode ser primeira, a não ser que o Uruguai vença por mais de dois gols de diferença ou que a Itália vença fazendo ao menos três gols.
FICHA TÉCNICA
Itália 1×0 Costa Rica
Itália
Gianluigi Buffon; Ignazio Abate, Andrea Barzagli, Giorgio Chiellini e Matteo Darmian; Daniele De Rossi; Antonio Candreva (Lorenzo Insigne, 12’/2T), Thiago Motta (Antonio Cassano, intervalo), Andrea Pirlo e Claudio Marchisio (Alessio Cerci, 24'/2T); Mario Balotelli. Técnico: Cesare Prandelli
Costa Rica
Keylor Navas; Cristian Gamboa, Oscar Duarte, Giancarlo González, Michael Umaña e Júnior Díaz; Bryan Ruiz (Randall Brenes, 36'/2T), Celso Borges, Yeltsin Tejeda (José Cubero, 23'/2T) e Christian Bolaños; Joel Campbell (Marcos Ureña, 29'/2T). Técnico: Jorge Luís Pinto
Local: Arena Pernambuco, em Recife
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Gols: Bryan Ruiz, 44’/1T
Cartões amarelos: Cubero
Cartões vermelhos: nenhum
Giancarlo González
Foram muitos os ataques (ou as tentativas de ataque) da Itália. Como a Azzurra não conseguiu ir bem nas jogadas pelo meio e na troca de passes, tentou o jogo aéreo e os lançamentos longos. González, atuando no meio da linha de cinco defensores, se consagrou. Fez quatro desarmes e seis interceptações no jogo. Sem precisar ser fantástico – até porque o ataque italiano ajudou muito -, o zagueiro foi eficiente e não deu espaços. E o time saiu de campo sem ser vazado.
44’/1T: GOL DA COSTA RICA!
Descida pela esquerda de Júnior Díaz, perfeito na cabeça de Bryan Ruiz, que cabeceou na trave, a bola bateu dentro e o árbitro imediatamente deu gol.
A Itália foi no 4-1-4-1 para a partida, apostando em um meio-campo recheado de gente que sabe jogar para municiar Balotelli e controlar a partida, como fez no primeiro jogo, contra a Inglaterra. A ideia, em parte, começou a ser aplicada, mas longe de ter a mesma eficiência. A Costa Rica também apostou em um esquema parecido com o primeiro jogo, e novamente teve sucesso. Conseguiu dificultar a vida dos italianos, ao mesmo tempo que saia muito rápido para o campo de ataque.
493
Número de passes da seleção italiana na partida. Os costarriquenhos trocaram 288 passes. A Itália foi um tubarão sem dentes contra a Costa Rica, tentando morder uma presa sem matá-la. Mastigou, mastigou, mastigou a bola, mas depois a cuspiu.