Arábia Saudita dá ultimato à Fifa sobre álcool e LGBTQIA+ na Copa do Mundo
Sede da Copa do Mundo de 2034, Arábia Saudita tem restrições em relação ao consumo de álcool e à presença da comunidade LGBTQIA+

Apesar das polêmicas, a Fifa confirmou a Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034 no ano passado, quando não recebeu nenhuma outra candidatura oficial. E o embaixador do país no Reino Unido deu seu ultimato sobre o consumo de álcool e a presença de pessoas LGBTQIA+ durante o Mundial.
O príncipe Khalid bin Bandar Al Saud concedeu uma entrevista à “LCB” para falar sobre como a nação saudita irá lidar com os turistas na Copa. O embaixador reforçou que bebidas alcoólicas não serão liberadas durante o evento, porém, deixou as portas abertas para a comunidade LGBTQIA+.
Arábia Saudita flexibiliza suas leis para turistas LGBTQIA+

Na Arábia Saudita, a relação entre indivíduos do mesmo sexo é proibida. O país também não reconhece pessoas transgênero. Aliás, o desrespeito aos direitos humanos da nação gerou críticas à Fifa pela escolha como sede do Mundial.
Um relatório de 11 grupos de direitos humanos apontou falhas na candidatura saudita, levantando preocupações sobre a situação dos direitos das mulheres, dos trabalhadores migrantes, e da comunidade LGBTQIA+.
Al Saud, por sua vez, indicou uma flexibilização das leis da Arábia Saudita para receber turistas LGBTQIA+. O embaixador do país no Reino Unido declarou que “todos são bem-vindos” para celebrar a Copa do Mundo de 2034:
— Nós receberemos todos na Arábia Saudita. Não é um evento saudita, é um evento mundial e, em grande medida, daremos as boas-vindas a todos que quiserem vir.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Lei seca continua

Por outro lado, o príncipe saudita foi categórico ao afirmar que a lei seca seguirá em vigor, mesmo durante o Mundial. Na religião Islã, o consumo de álcool não é permitido. Entretanto, a nação só impôs a proibição em 1952.
O rei Abdulaziz baniu as bebidas alcoólicas quando seu filho, Mishari bin Abdulaziz Al-Saud, assassinou a tiros Cyril Ousman, o vice-cônsul britânico em Jeddah, por se recusar a serví-lo um drink durante uma festa na Arábia Saudita:
— No momento, não permitimos álcool. É possível se divertir bastante sem álcool. Não é 100% necessário e se você quiser beber depois de sair, fique à vontade, mas no momento não temos álcool.
— Assim como o nosso clima, é um país seco. Cada um tem sua própria cultura. Estamos felizes em acomodar as pessoas dentro dos limites da nossa cultura, mas não queremos mudar nossa cultura para outra pessoa.
Copa do Mundo saudita

A Copa do Mundo de 2034 marcará o retorno do torneio à Ásia, que foi em 2022 com o Catar. Nos dois próximos Mundiais, Estados Unidos, Canadá e México (2026), além de Espanha, Portugal e Marrocos (2030), serão a casa da competição mais importante do futebol.
A Fifa já havia determinado que só iria considerar candidaturas da Ásia e da Oceania, devido ao princípio de rotação das confederações. A Austrália chegou a cogitar sua concorrência como país sede da Copa do Mundo, porém, desistiu da ideia em outubro de 2023.
Portanto, a Arábia Saudita enviou a única candidatura ao Mundial de 2034. A nação propõe jogos em 15 estádios de cinco cidades do país (Neom, Jidá, Abha, Riade e Al Khobar).
O estádio King Salman, em Riade, foi escolhido para receber o jogo de abertura e a final. A candidatura saudita recebeu nota 4,2 de um máximo possível de 5 e foi eleita por aclamação sem outros adversários.