‘Palavra final não é minha’: No Vasco, Alexandre Mattos expõe problema na relação com a 777 Partners
Diretor de futebol do Vasco, Alexandre Mattos foi direto ao falar sobre os objetivos do time na temporada e indicou um incômodo na relação com a 777, dona da SAF do clube
Há menos de dois meses do Vasco, o diretor de futebol Alexandre Mattos está conhecendo o “modus operandi” da 777 Partners, dona da SAF que comanda o futebol do clube. Em meio a reformulação do elenco vascaíno para a temporada de 2024, o dirigente expôs como são feitas as negociações por reforços e indicou que há uma certa demora nas respostas dos americanos para dar o aval final em relação aos jogadores que interessam ao departamento de futebol do Vasco.
Assim como na sua primeira entrevista coletiva, quando foi apresentado no Vasco, em janeiro, Alexandre Mattos voltou a dar um “choque de realidade” no torcedor vascaíno. Ele falou sobre os objetivos do clube na temporada e colocou os pés no chão, falando em “primeira página” da tabela do Campeonato Brasileiro.
– Vim para o Vasco sabendo que é uma nova ordem no futebol, uma SAF, uma empresa. E ela toca como uma empresa. Óbvio que o futebol tem particularidades, que precisam ser ajustadas com o tempo. Talvez a maior delas é a tomada de decisão com risco. Faz parte de tudo. O risco te faz recuar ou não. Uma empresa procura o menor risco possível. No futebol às vezes arrisca um pouco mais. Resultado pode vir, pode não vir. Tenho três grandes desafios aqui – afirmou Alexandre Mattos, antes de enumerar os seus desafios no clube.
– Primeiro a comunicação correta do projeta. Sei que torcedor está ansioso, vem de 20 anos sofrendo com essa situação, querendo o Vasco protagonista, brigando por títulos, páginas de campeões. Comunicação com muita transparência. Além disso, compreender isso. Não significa que não vai cobrar. Mas quando entende o objetivo claro do projeto, pode entender tomada de decisão. Projeto é claro. A empresa está conhecendo o futebol brasileiro. Você vê a mudança que foi do início para o meio do ano. Essa empresa ainda está absorvendo bastante o perfil dos jogadores que são daqui para de outros mercados do mundo – completou Alexandre Mattos, antes de revelar a meta do Vasco na temporada.
– O objetivo do Vasco esse ano é ficar na primeira página do Campeonato Brasileiro. Vamos brigar, é claro. Esse é o primeiro passo. O objetivo é estar melhor que o ano passado. não passar o sufoco que passou ano passado. Tem limitações de perfil, de orçamento, de números. O Vasco já contratou nove ou dez, colocando jogadores que já estavam no elenco. É um numero relevante para os investidores. Isso tudo precisa ser compreendido – afirmou Mattos.
Ansiedade por reforços e relação com 777 Partners
Na sequência dos seus desafios no Vasco, Alexandre Mattos falou sobre lidar com a ansiedade da comissão técnica e dele mesmo por reforços para o clube. Foi quando o dirigente deixou transparecer um certo incômodo em relação à morosidade da 777 Partners em tratar sobre as negociações no mercado de transferências.
– Segundo desafio: a ansiedade que tem da comissão técnica. Nosso treinador é extremamente vitorioso. Eu preciso estar ali no meio tentando apaziguar, às vezes vejo as comunicações de que precisamos contratar e precisamos mesmo. Acabamos de perder dois jogadores. Essa ansiedade é de todos, minha também – afirmou Alexandre Matos, antes de completar.
– Terceiro ponto: a minha ansiedade. Sou conhecido no mercado pela agilidade, agressividade, por montagem de elencos que foram quatro vezes campeões brasileiros, vice-campeão da Libertadores… Tenho que entender que a palavra final não é minha. Eu direciono alguns caminhos que eu faria. Alguns são aceitos e outros não. Às vezes coloco algumas necessidades, e eles dizem “não”. Tenho que compreender isso e bola para frente – finalizou Mattos sobres os seus desafios no Vasco.
Todos os nomes pedidos pela comissão técnica do Vasco e por Alexandre Mattos precisam passar pelo scout da 777 Partners e pela próprio empresa, que dá o aval final, positivo ou negativo, para as contratações. Este processo, em alguns casos, tem levado dias, o que pode fazer o clube perder alguma oportunidade de mercado.
– Eu estou no Vasco há 30 dias, não vou conseguir resolver o Vasco em 30 dias. De novo: entendo a crítica e a cobrança. Mas precisa entender o objetivo. O Adson foi um montante importante, jogador de 23, 24 anos. Se talvez se tivesse outro perfil, talvez esse dinheiro iria em dois, três jogadores de 30, 31 anos. Se não vai sempre achar ruim, vai sempre estar sofrendo. Precisamos definitivamente dessa compreensão do que é uma empresa dentro do futebol. Organização, gestão, planos de médio a longo prazo. Não quer ganhar para ontem, querem ganhar organizado. Outra coisa que sei que incomoda: às vezes rivais que não tem essa mentalidade de gestão fazem movimentos diferentes. Sim, cada um tem que analisar o seu umbigo. O Vasco tem um projeto que ainda vai se solidificar, e isso vai levar um tempo – finalizou Alexandre Mattos.