Brasil

Torcida rouba a cena em sábado que mostrou o tamanho do desafio de Tite no Flamengo

Os tropeços do Flamengo contra Orlando City e Portuguesa-RJ não ofuscaram a festa da torcida do Flamengo em dois continentes diferentes

O torcedor esperava duas vitórias, mas o Flamengo não entregou nenhuma. Não foi por acaso que o Rubro-Negro ficou longe dos triunfos diante de Orlando City, pela FC Series, e Portuguesa-RJ, pelo Campeonato Carioca, já que conseguiu pouco nos dois jogos. Ainda que tenham sido com times diferentes, os compromissos dão o tom para o desafio de Tite em 2024.

O grande destaque do Flamengo neste sábado (27) em dose dupla esteve fora de campo: a torcida. Além de protagonizar bom público na Arena das Dunas, com mais de 25 mil pagantes em duelo válido de pouca expressão, os rubro-negros lotaram o Inter&Co Stadium, em Orlando, e impressionaram pela sua força. É o maior patrimônio do clube.

O que faltou ao Flamengo?

Tite vê o Flamengo como deveria. O time ainda está em construção e, por mais que o nível de exigência dos amistosos tenha sido interessante, ainda há longa margem para melhoras. Durante a entrevista coletiva, o treinador confirmou que a briga pela titularidade será intensa, e que o Rubro-Negro só tenha a ganhar com essa competição interna.

— É um processo de construção e evolução de equipe, inclusive de ritmo técnico, tático e físico. Os dois amistosos foram uma escala progressiva de exigência e utilização de todo o grupo, porque ali na frente vamos precisar de todos os atletas. Há um grupo que é base, que compete, dois jogadores em cada setor. O Flamengo precisa disso, precisa de qualidade, e nós procuramos dar a todos esses atletas essa oportunidade de evolução e de competição, como foi hoje — disse.

O comandante também viu um Flamengo com dificuldade na saída de bola no primeiro tempo e, mesmo que a melhora tenha chegado no segundo, ainda há um longo caminho. Tite entende que o entrosamento dos atletas será um ponto fundamental para que a equipe se entenda e consiga criar jogadas com mais facilidade. Para isso, só o tempo.

— Nunca se olha numa equipe só o processo ofensivo e defensivo, é conjunto. Quando nós conseguíamos sair da pressão, que o adversário colocava bastante jogadores no nosso campo, aí a bola cai no pé de Arrascaeta, Luiz, Cebolinha, Nico (De la Cruz), Gerson, Pedro, Gabi, aí é muita qualidade. Eles têm entrosamento, então procuraram imprimir pressão na saída de bola, dificultando a articulação. Melhoramos a saída no segundo tempo e temos que melhorar para essa bola chegar melhor nos homens de frente — analisou.

Meio-campo concorrido

A principal pergunta a ser respondida por Tite durante a pré-temporada é sobre a titularidade no meio-campo. O duelo diante do Orlando City já deu indícios de possível escalação, ainda que as substituições tenham acontecido no segundo tempo. São muitas opções interessantes para compor o meio-campo, todas com totais condições de serem titulares.

De La Cruz em ação pelo Flamengo contra o Orlando City (Foto: Divulgação/CRF)

— O campo vai falar. O que tenho como ideia é que jogadores como De la Cruz, Arrascaeta, Gerson e Pulgar têm muita qualidade criativa, mas não vai ser assim já. Em um processo de entrosamento não é só colocar os jogadores que a coisa vai fluir. É um processo de ensaio de dificuldade, de movimentação. Vou dar um exemplo, nesse quarteto de meio-campo que há a busca de superioridade de qualidade numérica, nós fizemos um gol que o De la Cruz sofreu a falta forte. Tem que ter calma com esse entrosamento, porque qualidade eles têm – finalizou.

O segundo e último compromisso do Flamengo nos Estados Unidos teve meio-campo formado por Pulgar, Gerson, Arrascaeta e De La Cruz. Encaixar todos é complicado, mas não impossível, ainda que Tite tenha fugido um pouco das suas características ao sacar Luiz Araújo. Um bom teste para um momento tranquilo do Rubro-Negro.

A festa da torcida em dois continentes

Se o Flamengo decepcionou dentro de campo, a torcida deu show fora dele. A festa em Orlando superou as expectativas até mesmo para a “Nação Rubro-Negra”, que costuma lotar em qualquer lugar do Brasil. Fora das terras brasileiras, no entanto, tinha se visto muito pouco, com exceção dos Campeonatos Mundiais de 1981, 2019 e 2022.

Em Orlando, os torcedores do Flamengo se reuniram muito tempo antes da rolar e fizeram um autêntico pré-jogo nos arredores do Inter&Co Stadium. Sinalizadores, faixas e, claro, muito vermelho e preto. Fora mais de 22 mil torcedores presentes no estádio.

Os que foram acompanhar o Flamengo na Arena das Dunas também não decepcionaram. Mais de 25 mil ingressos foram comercializados, mesmo que o Rubro-Negro estivesse jogando com um time praticamente inteiro das categorias de base. O duelo, no entanto, não colaborou, e foi o pior do time no ano, sem sombra de dúvida.

A torcida rubro-negra costuma ser exigente, mas as vaias ao apito final foram totalmente merecidas. O torcedor se dispôs a pagar ingressos que variavam entre R$ 20 e R$ 50 e, mesmo com a impaciência no segundo tempo, manteve o apoio ao longo dos 90 minutos. O resultado frustrou, porém sem apagar a festa importante do Flamengo em dois continentes diferentes.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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