Corinthians ou Flamengo? Os trunfos de cada equipe para contratar Tite
Tite já admite voltar ao Brasil, mas vive dúvida entre a razão e a emoção com Corinthians e Flamengo, os clubes de maior torcida do país

Flamengo e Corinthians, gigantes do futebol brasileiro e detentores das duas maiores torcidas do Brasil, estão travando uma árdua batalha e, curiosamente, ela não tem nada a ver com o “campo e bola”. Cariocas e paulistas lutam pela contratação de Tite, que chegaria, em ambos os times, para atuar como um salvador da pátria de gestões no mínimo confusas. Para fechar com Adenor, cada um tem os seus trunfos.
O Rubro-Negro, que iniciou as conversas antes e chegou a avançar nas tratativas com o treinador, possui todo um projeto esportivo por trás, além de dinheiro em caixa e a possibilidade de buscar títulos de maneira imediata. No Timão, por sua vez, Tite estaria “em casa”, com apoio de jogadores e dirigentes, seja situação e oposição, fora a participação em todo o processo de reestruturação do clube. Vai ser na razão ou na emoção? A Trivela explica.
Novo desafio, dinheiro e títulos: a razão acompanha o Flamengo na busca por Tite
Representado pela “razão”, o Flamengo traria diversos benefícios imediatos para Tite. A ideia do Rubro-Negro é ter o comandante já em outubro, para que ele participe ativamente do processo de reformulação do elenco, que precisará trocar peças depois de uma temporada abaixo das expectativas. Adenor teria tempo e dinheiro para montar o melhor elenco possível, pensando em 2024.
Por ser um protagonista do futebol brasileiro nos últimos anos, o Flamengo também traz a possibilidade de conquistar taças e ser ídolo na maior torcida do Brasil, algo que Tite já fez no Corinthians, por exemplo. Difícil até mensurar o tamanho do desafio para Tite. Apesar de ter as chances para um novo começo do Rubro-Negro, Adenor precisaria apaziguar um ambiente tomado por tensão e incertezas.
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“Gestão de pessoas” de Tite seria testada no Flamengo
A temporada 2023 do Flamengo foi repleta de erros, fracassos, tristezas e, especialmente, rusgas. Um clube com três casos de agressão, sendo o último envolvendo seu vice-presidente de futebol, em um ano, está totalmente sem comando. O pós pode até valer a pena, mas Tite precisaria ter jogo de cintura para sustentar um ambiente tão complicado. Sua experiência, contudo, pode ser um diferencial.

Outro problema para Tite seria o tempo de contrato. Ainda que seja o primeiro e único plano do Flamengo para 2024, o treinador não receberia um vínculo longo, já que o oferecido pelo clube nas primeiras tratativas era até dezembro do ano que vem. A questão tem a ver com o mandato de Rodolfo Landim, que se encerra no mesmo período. A possível renovação dependeria do sucessor no cargo de presidente do Rubro-Negro.
De volta para casa: confiança da torcida e jogadores conhecidos
Tite deixou o Corinthians ao término da temporada de 2015, com o título do Campeonato Brasileiro daquele ano. Além disso, a passagem do treinador pelo clube do Parque São Jorge foi extremamente vitoriosa, foi sob o comando dele que o time conquistou os dois principais títulos dos últimos dez anos: a Libertadores da América e o Mundial de Clubes, duas taças que marcaram a história do clube e que fizeram o treinador se tornar um dos mais queridos do torcedor. E foi só anunciar a demissão de Luxa para que os pedidos para a chegada de Tite começassem a aparecer entre os torcedores que já estavam apreensivos com um possível ida do treinador para o Flamengo.
Fato é que as duas equipes vivem momentos conturbados. O Corinthians há muito não consegue desempenhar um futebol de qualidade, com quatro empates seguidos, sem contar a falta de padrão tático. Nas competições que disputou, as coisas também não foram muito diferentes, eliminado em quase tudo que disputou, sobrando apenas a Sul-Americana, essa que também não será tarefa fácil, já que o time empatou o primeiro jogo com o Fortaleza.

Mesmo em um momento conturbado e com Tite assumindo a responsabilidade de reorganizar a equipe após os tumultuados meses recentes, focando principalmente em levar o time à final da Sul-Americana, o treinador está ciente de que contará com apoio tanto dentro quanto fora do campo. Com ele no comando, a pressão tende a diminuir, pois os torcedores demonstrarão maior paciência caso os resultados não atinjam as expectativas.
Adicionalmente, outro fator favorável é a presença de jogadores no elenco, a maioria dos quais já teve experiências de trabalho com o treinador no Corinthians e também foi convocada enquanto ele comandava a Seleção Brasileira. Nomes como Cássio, Fábio Santos, Fagner, Gil, Renato Augusto e Paulinho(atualmente no departamento médico) conquistaram títulos sob a orientação do treinador. Portanto, a familiaridade e a compreensão mútua sobre a abordagem de trabalho de cada um tornariam a colaboração mais fluida para ambas as partes. Além disso, vale ressaltar a presença do atual diretor de futebol, Alessandro, que foi capitão do Timão em 2012.
A parceria com a atual diretoria
A atual diretoria do Corinthians, liderada pelo presidente Duílio Monteiro Alves, pertence à chapa Renovação e Transparência, que tem sido eleita pelos sócios do clube ao longo dos anos. Além de Duílio, a chapa inclui figuras como Roberto de Andrade, Mario Gobbi e Andrés Sanches. Este último, em particular, desempenhou um papel fundamental ao “apoiar” a permanência de Tite como treinador em 2001, mesmo após uma série de pedidos de demissão após a eliminação na pré-Libertadores diante do Tolima. No ano seguinte, Tite conquistou todos os títulos possíveis.
A comprovação dessa parceria entre Tite e os dirigentes alvinegros ocorreu durante a Copa do Mundo de 2022, no Catar, quando o treinador se encontrou com o ex-presidente do Corinthians. Na ocasião, Tite fez questão de expressar sua gratidão pelo voto de confiança dado a ele há uma década:
— Estou aqui por sua causa, você me bancou — disse o treinador ao ver Andrés Sanchez na arquibancada
Embora já não ocupe mais a presidência, Andrés ainda mantém uma considerável influência no clube. O cenário político atual dentro do Corinthians está longe de ser o ideal, e a necessidade premente é restabelecer a serenidade, uma vez que a disputa acirrada entre André Negrão e Augusto Mello coloca em risco a longa hegemonia da chapa Renovação e Transparência, que poderia, pela primeira vez em anos, ser derrotada por outra corrente.
As eleições no Parque São Jorge estão agendadas para novembro, e a escolha do novo treinador desempenhará um papel crucial na determinação do próximo presidente do Timão, que assumirá a responsabilidade pelos próximos três anos.