Chegou a hora da verdade para Pedro no Flamengo (mas também na seleção brasileira)
Prestes a completar 28 anos, atacante do rubro-negro precisa ainda provar sua capacidade no mais alto nível

Estamos no início de um período muito interessante na vida profissional de Pedro. Acredito que podemos até dizer que a hora da verdade chegou.
Na sua ausência, recuperando de uma lesão séria no joelho, ficava comum ouvir que ele estava fazendo muita falta para o Flamengo, que é óbvio e indiscutível – mas também para a seleção brasileira. Aí é outra história – como, por exemplo, descobriu Dorival Júnior – bem-sucedido com Flamengo (e com Pedro), mas um fiasco na seleção.
A gente está falando de outro nível. Basta lembrar a trajetória de Gabriel Barbosa na seleção. Quatro anos atrás, nove em dez analistas estavam seguros que ele era o melhor atacante brasileiro em atividade, o parceiro natural de Neymar, etc. Fazer sucesso no Flamengo dá essa dimensão para um jogador.
Até perdi amigos quando, na insignificância da minha opinião, argumentei que era um delírio, que num nível mais alto era difícil ser centroavante de um pé só. E, realmente, numa sequência de oportunidades, em nenhum momento o Gabigol pintou com a solução para o ataque do time. Sempre acho que a gente tem que olhar além dos números e analisar as características – e o mesmo se aplica com Pedro.
Daqui a pouco, o número 9 de Mengão vai fazer 28 anos. E até agora não tem provas concretas da capacidade dele de desequilibrar no nível mais alto.
Não estamos desprezando o talento enorme dele. A qualidade dele grita. Tecnicamente refinado, dentro da grande área finaliza muito bem, e tem uma visão privilegiada do jogo, permitindo que ele dê assistências lindas também.
Mas no futebol em alto nível, se joga menos na grande área. O adversário não quer deixar que você entre aí… Se esforça para te manter mais longe do gol – que é bem diferente do quando ele joga por seu clube. As linhas da defesa do futebol brasileiro são muitas vezes mais baixas, e o Flamengo procura se impor em cima dos adversários mais fracos – condições feitas sob medida para o jogo de Pedro.
Pedro teve passagem frustrada na Europa e pouco impacto na seleção

Até agora, quando ele saiu dessa zona de conforto, não conseguiu brilhar. Fiorentina desistiu dele bem rápido – embora possamos considerar que a contratação veio rápido demais depois de uma cirurgia no joelho. E na seleção, na última Copa a entrada dele naquele jogo fatal contra Croácia não funcionou bem. Não se impôs na partida. E a falta de velocidade dele atrapalhou a pressão em cima da bola da seleção brasileira – e contra Croácia, cada vez que a bola chega em condições para Modric e companhia no meio-campo, lá se vão cinco minutos assistindo ao adversário com a posse.
Bem, Pedro nunca vai ser um velocista – especialmente depois de mais um problema sério no joelho. Obviamente, isso é uma limitação – fica mais difícil, por exemplo, lançar ele naquele espaço entre o lateral e o zagueiro rival, uma válvula de escape importante para qualquer time. Mas mesmo assim, dá para melhorar o seu jogo fora da grande área.
Não sei, mas imagino que a tensão dentro da comissão técnica de Sampaoli, que terminou com a cena inaceitável do preparador físico batendo em Pedro, nasceu com a frustração com o jogador, um desejo para ele oferecer mais quando se encontra longe do gol. Pode se deslocar mais, fornecer mais uma plataforma para o time de costas para o gol. Assim, sendo mais que um nove de área, poderia, sim, ser bem útil para a seleção brasileira.
Agora que está bem no caminho de recuperação, está chegando uma oportunidade maravilhosa para mostrar o seu jogo e deixar claro, até para ele mesmo, que tem condições para disputar – e bem – a Copa do Mundo no ano que vem. Se sofreu azar com a lesão, tem sorte com o timing do Mundial dos Clubes. Teve tempo fora dos campos para refletir naquilo que precisa melhorar. Até junho deve estar bem no ritmo – vai ter um ensaio perfeito para a campanha “Pedro 2026”.