Brasileirão Série A

Aposta ousada ‘contra’ Gabigol prova que Jardim estava certo no Cruzeiro

Raposa faz sua melhor atuação na temporada e bate Tricolor de Aço por 3 a 0 no Mineirão

A segunda vitória do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro teve dedo do treinador Leonardo Jardim. Assim como no empate contra o São Paulo, o técnico português optou por deixar Gabigol no banco e apostar na titularidade de Kaio Jorge.

Novamente deu certo. Autor do gol da Raposa no Morumbi, o camisa 19 voltou a balançar as redes em duas oportunidades nesta quinta-feira (17), no triunfo por 3 a 0 sobre o Bahia, no Mineirão.

É bem verdade que quando Kaio Jorge perdeu pênalti e o Cruzeiro ainda empatava sem gols, muitos torcedores criticaram a decisão de Jardim nas redes. Afinal, Gabigol é considerado um dos melhores cobradores de pênalti do futebol brasileiro. Mas fato é que, a própria jogada que originou a penalidade já foi a prova viva de que a estratégia do treinador fazia muito sentido.

Diferente do ex-Flamengo, Kaio sabe como ninguém pressionar defesas. O camisa 19 não tem bola perdida e é um verdadeiro tormento para zagueiros e goleiros adversários na iniciação das jogadas. Jardim gosta disso: pressão alta, agressiva e organizada.

E não foi só Gabigol que começou no banco diante do Tricolor de Aço. Dudu também. A cena das duas principais estrelas do elenco celeste fora do campo de jogo chamou atenção e causa a seguinte reflexão: seria o segredo de Leonardo Jardim deixar os milhões no banco? Talvez seja cedo demais para concluir isso, mas vale lembrar que Fernando Diniz, por exemplo, não conseguiu fazer esse time dar liga com os reforços badalados em campo.

Antecessor de Diniz, Fernando Seabra sofreu com uma forte pressão — mais interna do que externa. Sua gestão no Cruzeiro foi marcada por um conflito entre as expectativas da nova diretoria, que chegou investindo pesado em contratações, e a forma como ele conduzia a equipe, especialmente em relação a esses novos jogadores. Quando resolveu sucumbir a tal pressão e escalar os contratados, os resultados não apareceram e ele acabou demitido.

As justificativas de Jardim para Gabigol no banco

Contra o Bahia:

O Gabriel não vai iniciar hoje. Com certeza, será uma solução no caso da equipe necessitar dele. Ele está motivado, e eu consegui perceber. Essa é nossa escolha. Ele é um jogador que está sempre ligado e, nesses últimos três dias, temos conversado muito e ele está extremamente motivado para conseguir ser protagonista aqui no Cruzeiro.

Contra o São Paulo:

— Um jogador que gosto, já gostava quando ele estava no Flamengo. Mas o Gabriel também, às vezes, num jogo de característica, não pode nos ajudar muito. Aconteceu isso no Inter, num jogo mais de transição, de atacar a primeira bola. Com certeza, não é nesse modelo. Ele está mais à vontade, num modelo diferente, com dois atacantes. Ele é segundo atacante de grande qualidade. Hoje essa não foi a estratégia. Por isso, esse foi o motivo dele ficar fora. Mas é um jogador de grande qualidade.

Gabigol no banco de reservas antes da bola rolar para Cruzeiro x Bahia
Gabigol no banco de reservas antes da bola rolar para Cruzeiro x Bahia (Foto: Imago)

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Como foi a vitória do Cruzeiro sobre o Bahia

Cruzeiro e Bahia faziam um primeiro tempo de muito estudo, marcação forte e pouca emoção, até Ronaldo falhar feio aos 11 minutos. O goleiro do Tricolor errou o domínio, deixou a bola escapar e derrubou Kaio Jorge na área. Pênalti. O próprio camisa 19 cruzeirense cobrou e parou no arqueiro, que se redimiu, mas logo na sequência acusou dores na posterior da coxa esquerda e precisou ser substituído — Marcos Felipe entrou.

Apesar do erro, o pênalti desperdiçado mexeu com o Cruzeiro. A Raposa aumentou a intensidade, se aproveitou dos muitos erros técnicos do Bahia e criou uma série de boas situações antes do intervalo. Em uma delas, o gol saiu. Já nos acréscimos, Lucas Romero acertou lindo chute de fora da área e abriu o placar no Mineirão. Vitória parcial merecida da Raposa, e primeiro tempo fraco da equipe baiana, que desceu para os vestiários sem dar sequer uma finalização no gol celeste.

Insatisfeito com o desempenho de seus comandados nos 45′ iniciais, Rogério Ceni promoveu a entrada de dois titulares para o segundo tempo: Lucho Rodríguez e Éverton Ribeiro. A postura do Bahia melhorou, e o Cruzeiro não teve a mesma facilidade de antes, mas quando chegou com perigo, castigou. Aos 19′ Kaio Jorge ganhou na velocidade dos defensores, tocou na saída de Marcos Felipe e ampliou.

Inspirado, Kaio deu números finais ao duelo aos 30′. Em belo chute colocado da entrada da área, o comandante do ataque celeste fechou o caixão tricolor.

E agora, Cruzeiro? E agora, Bahia?

Com a vitória, o Cruzeiro foi a sete pontos e assumiu a quinta colocação do Brasileirão. Já o Bahia estacionou nos três e amarga o 18º lugar. A Raposa volta a campo no próximo domingo (20), às 20h30 (horário de Brasília), para enfrentar o Red Bull Bragantino, no Nabi Abi Chedid. Na segunda-feira (21), a partir das 20h (horário de Brasília), o Tricolor de Aço recebe o Ceará, na Arena Fonte Nova.

  • Red Bull Bragantino x Cruzeiro — Campeonato Brasileiro — domingo, 20 de abril, às 20h (horário de Brasília)
  • Bahia x Ceará — Campeonato Brasileiro — segunda-feira, 21 de abril, às 20h (horário de Brasília)
Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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