De cenário assustador a reformulação: a revolução na base do Sport Recife
Há pouco mais de um ano como diretor da base do Sport, Rafael Fernandes contou à Trivela o que encontrou quando chegou ao clube e como promoveu uma revolução nas categorias abaixo do profissional
A pandemia da Covid-19 causou um efeito muito negativo nas finanças do futebol brasileiro na totalidade. Com os estádios fechados, muitos clubes perderam a maior forte das receitas e tiveram que cortar custos em todos os setores. Como o elenco profissional é o carro chefe de quase toda associação, normalmente sobra para as categorias de base pagarem o preço. Isso aconteceu com o Sport, hoje na Série B do Campeonato Brasileiro, conforme relatou à Trivela o diretor-executivo da base do time de pernambuco, Rafael Fernandes, em uma conversa via chamada telefônica na última semana.
De longo currículo no futebol, Rafael já passou por times de todo Brasil, da região Sul ao Nordeste, do gigante Internacional à modesta Ferroviária, dentre alguns exemplos. Com uma grande experiência, sabia o que poderia encontrar quando foi contratado pelo Sport em novembro de 2022, só não esperava que encontraria um cenário “assustador”, como ele mesmo definiu.
O Sport é um clube extremamente forte no Nordeste, tradicionalíssimo, gigantesco, torcida apaixonada, porém, em termos de estrutura [da base] estava muito defasado. A pandemia também afetou muito. A base obviamente, como uma cultura do Brasil, sofre mais. E, quando o clube tem que cortar custos, corta primeiro na base. Quando eu cheguei aqui realmente foi assustador pelo que eu vi. Tava muito atirado, poucos profissionais, jogadores inativados.
Para reverter esse cenário, contou Rafael, ele teve apoio do presidente do clube, Yuri Romão, garantindo investimentos nas estruturas que permitiram que a base do Sport tivesse um nível necessário para efetuar um bom trabalho. Passado mais de um ano no cargo, o executivo detalha que conseguiu implementar uma boa estrutura, que “não falta nada”, contando com um aprimoramento no Centro de Treinamento, com a instalação de um gramado sintético. Segundo informou o clube, foram investidos cerca de R$ 3,4 milhões em 2022 e a previsão para 2023 ano é de aproximadamente R$ 4 milhões.
– O presidente apoiou, comprou a ideia, investiu. Hoje temos um CT e uma estrutura física para base realmente competitiva. Está como qualquer outro clube, tem tudo, não falta nada. Obviamente que não é perfeito, nunca vai ser, mas a gente tem uma condição de trabalho muito boa, profissionais de alto nível, jogadores motivados, um processo estabelecido, departamento formado. Depois de um ano e alguns meses de trabalho, as coisas estão andando muito bem – revelou Rafael Fernandes.
Do caos ao certificado de clube formador dado pela CBF
Tudo isso levou o Sport a retomar, em julho desse ano, o Certificado de Clube Formador (CCF), dado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aos clubes que oferecem estruturas adequadas para formação de atletas. O Leão estava três anos sem o atestado de qualificação da base.
Os resultados em campo vieram juntos a essa nova cara da gestão: na última edição da tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior, o Leão repetiu a melhor campanha da história ao cair nas quartas de final. No último domingo (17), venceu a Copa Recife sub-20, disputada entre clubes nordestinos.
O “nada é perfeito” citado pelo diretor da base se dá, principalmente, por ainda faltar mão de obra nas categorias juniores. Rafael detalhou que existe a previsão de trazer novos profissionais, especialmente para funções diretamente envolvidas com o campo e na parte de captação de novos talentos para o clube.
– Ainda falta um pouco mais de mão de obra. Estamos estruturando o planejamento para o ano que vem, os organogramas, e prevemos a contratação de novos profissionais. O mais urgente é essa lacuna de profissionais. Necessita de contratações no geral, principalmente no campo. Profissionais de campo, profissionais da parte de captação, que é um dos nossos focos. Investimos muito em ferramentas, em softwares, agora vamos partir para trazer as pessoas. A parte da análise [de desempenho] também está bem estruturada, mas a gente precisa de mais uma pessoa – completou o executivo.
O bom trabalho de Rafael no Sport o rendeu o prêmio de melhor profissional de base do Nordeste, dado pelo Conaf em novembro desse ano. Ele também se valorizou no mercado e recebeu propostas para trabalhar em outros clubes. No ano passado, o São Paulo fez uma oferta mais atrativa financeiramente, mas o projeto do Leão o fez ficar. Recentemente, a Revista Colorada disse que o Internacional tinha interesse em trazê-lo para substituir Gustavo Grossi, que estaria de saída. No entanto, conforme relatou à Trivela, ainda não houve nada oficial, mas existe algum burburinho porque o “mercado de transferências fala”, segundo Rafael.