A segunda vida de Yuri Alberto no Corinthians
Atacante supera perseguição da torcida, se reinventa e, enfim, seduz os corintianos
Nunca entendi muito bem a bronca dos corintianos com Yuri Alberto. O jovem atacante corintiano, de apenas 23 anos, não é craque, mas tampouco a porcaria que irritados alvinegros pintavam no auge da crise técnica dele e do time.
Mais bem acompanhado e desempenhando uma função à qual responde melhor taticamente, ele tem sido o melhor jogador do time.
Yuri não é aquele camisa nove de almanaque. Sua característica individual é bem diferente das de Calleri, Vegetti, Lucero, Pita, Flaco López e Pedro, alguns dos que executam essa função no futebol brasileiro. O número nove às costas do atacante corintiano não é autoexplicativo.
Yuri é um atacante que rende muito melhor quando tem companhia no setor. Veloz e com boa movimentação, ele é prejudicado quando atua em sistemas de jogo que o deixem como último atacante. Quando atua num 3-6-1 ou 4-2-3-1, Yuri precisa ficar de costas para a marcação frequentemente, parar a bola, girar o corpo, fazer o pivô. Situações para as quais ele não tem as melhores condições técnicas.
Sempre que atua em dupla com Romero e tem ao menos um armador no meio-campo para abastecê-lo, como Garro ou Coronado, Yuri pode colocar em prática suas principais qualidades: rapidez, deslocamento e bons passes para gol.
O campo abre para ele quando recebe a bola de frente para o gol adversário. O atacante também lucra quando o parceiro de setor prepara as jogadas. Yuri e Romero perdem muito em efetividade quando atuam como o “1” em sistemas de jogo desse tipo.
Yuri e a sua capacidade de se reabilitar
Outro ponto a se destacar na segunda vida de Yuri Alberto é a resiliência. Quando foi chamado de burro por Mano Menezes à beira do gramado, sua postura só escancarou o abuso do treinador. Quando virou meme após tropeçar na grama, soube aceitar a reserva e refletir vendo o jogo do banco.
Nas duas vitórias sobre o Fortaleza e no triunfo sobre o Atlético Goianiense, Yuri mostrou que é um jogador de time. Quando a equipe encorpou com boas contratações, o peso que se jogava nele de ser o nove salvador foi sendo dividido. O peruano Carrillo, o venezuelano Martínez e o jovem brasileiro Bidon permitem que o Corinthians dê liberdade a Garro e Coronado, tanto juntos como separados.
A defesa joga mais segura desde que Hugo Souza provou que é um goleiro mais do que confiável e André Ramalho chegou.
Quando empatou com o São Paulo no primeiro turno por 2 a 2, o Corinthians tinha em campo apenas dois jogadores que provavelmente estarão no gramado no clássico de domingo, em Brasília: Yuri Alberto e o zagueiro Cacá.
É um time novo, que está respondendo às medidas desesperadas do presidente Augusto Melo, que gasta o que não tem para evitar a tragédia do rebaixamento.
Ainda em má fase, Yuri Alberto já era o artilheiro do Corinthians. Condição que sustenta na temporada, com 17 gols em 44 partidas, tendo sido titular em 37. Tudo indica que a frente fria está indo embora do Parque São Jorge.
A conferir.