Santos e Umbro: Entre ‘péssimo’ e ‘bom’, especialistas discordam sobre novo acordo
Fornecedora de material esportivos renovará o vínculo com o Peixe por mais duas temporadas
As condições para a renovação do contrato entre Santos e Umbro incomodaram boa parte da torcida alvinegra que esperava valores mais altos pela prorrogação do vínculo por mais duas temporadas. Conforme publicado pela Trivela, a partir de janeiro de 2025, a fornecedora de material esportivo irá depositar, no mínimo, R$ 3 milhões por ano nos cofres alvinegros e entregará 45 mil produtos para o consumo interno do clube.
Além disso, o Peixe, que lidera a Série B do Campeoanto Brasileiro isoladamente, terá direito a 20% de royalties para cada peça comercializada.
Diante disso, se ao final de cada ano da parceria os royalties representarem mais de R$ 3 milhões, a Umbro depositará o valor referente àquilo que os royalties renderem.
Para entender se a torcida está certa em reclamar dos valores, a Trivela buscou a opinião de especialistas em marketing esportivo e constatou que as opiniões variam.
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Menos produtos e maior percentual de royalties
Ex-diretor de negócios e marketing do Atlético-MG, Leandro Figueiredo costurou todos os detalhes do acordo entre o Galo e a Adidas. Na visão dele, os números acertados entre Santos e Umbro podem ser considerados ruins para o clube.
— Baseado nesses números é possível afirmar que o contrato é péssimo para o Santos. Essa é uma cadeia que eu conheço bem, porque fiz todo o processo entre Atlético-MG e Adidas. O Santos acha que fez um bom negócio por ter um enxoval de 45 mil peças, mas nenhum clube faz mais isso. Ainda mais um clube que em 2025 estará envolvido em no máximo três competições (Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Brasileiro) — inicia a sua análise o especialista, que atualmente trabalha como head de patrocínio da casa de apostas Estrela Bet.
Duas camisas por partida? Isso é coisa do passado, garante especialista
Por muito tempo, foi de praxe nos clubes de futebol a utilização de duas camisas por partida por parte dos jogadores, uma em cada tempo do jogo. Isso, segundo Leandro Figueiredo, era um processo oneroso que foi abolido da maior parte dos clubes:
— O ideal era reduzir esse enxoval para 25 mil ou 30 mil peças e receber 30% de royalties. Acabou essa farra de dar duas camisas para jogador por partida. É uma apenas. E só é permitido trocar com atletas adversários em caso de vitória. Os clubes precisam lavar e aproveitar as peças mais vezes. Isso pode gerar uma economia de mais de R$ 1 milhão por ano, e esse valor pode ser investido em diversos equipamentos para as categorias de base, por exemplo.
“No Santos, não é hora de dar nada para ninguém”
Impressionado com a quantidade de produtos estipulado no contrato, Figueiredo explica que o momento do Santos não é favorável para tamanha extravagância.
— O Santos tem uma torcida reduzida se comparada aos times de massa, mas é um clube nacional. A instituição precisa melhorar a sua eficiência de custo. O clube está disputando a Série B do Brasileiro. Não é hora de dar nada para ninguém — diz o especialista se referindo às trocas de camisas entre atletas e presentes da diretoria.
‘Santos e Umbro: está muito bom'
Ex-vice-presidente de marketing do Internacional e ex-diretor de mercado de marketing do Bahia, Jorge Avancini não vê o acordo entre Santos e Umbro como ruim. Muito pelo contrário. De acordo com ele, os valores a serem pagos ao Peixe estão dentro do mercado.
— A Umbro é uma grande parceira do Santos. Parceira de muitos anos e de muita tradição. Até onde eu sei, atende o Santos de forma adequada e com material de qualidade. Eu tive a possibilidade de trabalhar com a Umbro quando fui o diretor de marketing do Bahia e ela fez um trabalho fantástico. Sobre os valores, penso que estão dentro do mercado, porque as grandes marcas esportivas não estão mais pagando o valor anual. Elas estão jogando em cima de royalties e bônus. Se o Santos está tirando esses R$ 3 milhões por ano, penso que está muito bom — opina Avancini.
Santos e Umbro estão na segunda parceria
A relação entre Santos e Umbro é antiga. Antes do início da atual parceria, em 2018, a fornecedora de materiais esportivos já havia produzido os uniformes alvinegros entre 1997 e 2011.
Neste período, esteve presente nas principais conquistas recentes do clube, como os brasileiros de 2002, 2004 e o tri da Libertadores de 2011.