‘Queremos derrubá-lo’: Véspera de Argentina x Brasil é marcada por protesto contra Milei em Buenos Aires
Argentinos fizeram manifestação em frente à Casa Rosada nesta segunda-feira (24), feriado nacional no país

BUENOS AIRES (ARGENTINA) — Eram as primeiras horas de uma manhã cinzenta e preguiçosa em Buenos Aires nesta segunda-feira (24). A cidade ainda amanhecia sob uma fina névoa. Mas a calmaria do feriado nacional do Dia da Memória, Verdade e Justiça já era interrompida por manifestantes munidos de bandeiras e faixas.
Enquanto um ou outro jovem saboreavam os últimos goles de seus “fernet y cola” após uma longa noite de festa, os militantes preparavam o cenário para um enorme protesto que reuniu milhares de argentinos na Avenida de Mayo, que liga o Congresso Nacional à Casa Rosada, sede do governo federal.
Na véspera de um Argentina x Brasil que promete ser quente nesta terça-feira (25), no Monumental de Núñez, as ruas foram tomadas por bandeiras, faixas e camisas de time agitadas sob o ritmo de músicas tradicionais das “hinchadas”. A mobilização popular, porém, nada tinha a ver com o clássico, como a reportagem da Trivela testemunhou com os próprios olhos.
Mais alguns registros pic.twitter.com/IURqWXjgiJ
— Eduardo Deconto (@eduardodeconto) March 24, 2025
Argentina ferve em protestos contra o Governo Milei
Os protestos têm sido recorrentes em frente à Casa Rosada. Rigorosamente a cada quarta-feira, milhares de aposentados se reúnem para manifestar a revolta contra a perda de direitos e a redução no valor das aposentadorias. Após alguns episódios de violência contra os idosos, Barrabravas de vários clubes se somaram à luta contra o governo e até entraram em conflito com a polícia.
O protesto desta segunda-feira também teve a presença dos aposentados e reuniu milhares de manifestantes contra atitudes do governo Milei e a repressão comandada pela Ministra de Segurança, Patrícia Bullrich. Além disso, eram inúmeros argentinos com as camisas de seus respectivos times do coração, além da seleção argentina. O futebol estava representado também em uma frase histórica de Maradona:
— Tem que ser muito “cagão” para não defender os aposentados.

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Protesto homenageia 30 mil vítimas da ditadura militar
Mas este protesto tinha um significado muito mais profundo para a história da sociedade argentina. Os milhares de manifestantes protestavam pelos 30 mil argentinos desaparecidos durante os sete anos da ditadura militar do país. Diversos movimentos estudantis e de classes operária e trabalhadora tomaram as ruas munidos de bandeiras e instrumentos musicais.
— Eu tenho uma costela quebrada. Estamos todas as quartas-feiras no congresso, e hoje estamos aqui para dizer “nunca mais”. Estão todos convidados a virem em todas as quartas com os velhos. Segundo o governo, somos os velhos, os delinquentes, os tiranos, somos terroristas, que queremos tomar o governo. Eu estou aqui dizendo que não queremos tomar o governo. Queremos derrubá-lo (Milei) — disse um dos manifestantes à Trivela.
O protesto também é uma resposta a um vídeo institucional recente publicado pelo governo Milei para defender a teoria da “memória completa”, que equipara a repressão da ditadura militar com as ações de guerrilheiros da época.
A alegação dos movimentos estudantis e operário é de que este tipo de postura “ignora” as atrocidades cometidas durante a ditadura militar argentina.
O próximo jogo da Seleção
- Argentina x Brasil — Monumental de Núñez — terça-feira, 25 de março, às 21h (horário de Brasília)