Por que investidores da SAF da Portuguesa ameaçam deixar o clube novamente
Lusa enfrenta novo problema com empresa Tauá, a responsável pela aquisição da equipe paulista
Considerada uma esperança ao torcedor da Portuguesa, a compra da SAF virou motivo de preocupação nas últimas semanas. Isso porque, por uma questão jurídica, os investidores do clube paulista não conseguiram os registros na Federação Paulista de Futebol (FPF), na CBF e na Fifa.
A razão da recusa para o registro da adquisição de 80% das ações da Lusa por R$ 1 bilhão pela empresa Tauá Partners aconteceu pela ausência de documentos, principalmente a não retificação da ata da Assembleia Geral de Sócios, realizada no ano passado, por parte de Marcos Lico, presidente do órgão do clube.
Após pressão e ameaças de saída dos financiadores da SAF, o documento foi retificado na semana passada e parecia que o registro seria oficializado. No entanto, aconteceu outra reviravolta: a FPF recusou a oficialização novamente por falta de documentos, e Alex Bourgeois, presidente do grupo de empresários, voltou a ameaçar a saída da Tauá. As informações são do jornalista Luiz Nascimento e dos portais “NETLUSA” e “ge”.
Órgão da Portuguesa convoca reunião para rever SAF mesmo após meses da confirmação
Após a nova recusa da FPF, Bourgeois enviou, nesta quarta-feira (12), notificações para José Gonçalves, presidente do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) da Lusa, e Antônio Castanheira, presidente da associação durante a transição para empresa, para que sejam enviados todos os documentos que faltam para oficializar a SAF.
Os membros da Tauá também estão incomodados com a realização de uma reunião extraordinária do COF, convocada pelo mandatário do órgão, para esta quinta (13), quando discutirão, novamente, o contrato da SAF, assinado há mais de três meses.
Neste encontro de amanhã, o Conselho irá analisar, além do acordo da Sociedade Anônima, se os investidores cumpriram com as alterações no contrato pedidas pelo órgão em novembro do ano passado e “verificar se o documento enviado para análise foi o mesmo assinado pela diretoria”, segundo o “NETLUSA”.
O grupo de Bourgeois trata essa reunião como “injustificada e indevida” e espera que não aconteça, pois acredita que atendeu recomendações do COF e reitera que o órgão não tem poder deliberativo. Caso seja realizada e os documentos não sejam enviados, eles ameaçam sair do clube e acionar judicialmente os envolvidos, além de medidas administrativas.
— O não atendimento do solicitado nesta notificação ensejará a adoção de todas e quaisquer medidas cabíveis, sejam administrativas ou judiciais, para garantir a preservação da legalidade e a observância dos limites estatutários de cada órgão da ASSOCIAÇÃO, bem como o cumprimento do ACORDO DE INVESTIMENTOS e proteção dos interesses da PORTUGUESA SAF — aponta trecho da notificação dos empresários, divulgado pelo “ge”.
— Não se descarta, igualmente, a possibilidade de retirada da NOTIFICANTE da OPERAÇÃO, diante dos iminentes prejuízos financeiros e institucionais que essa conduta do COF pode causar — diz outra parte do documento.
Os documentos que a SAF da Portuguesa precisa receber para ser registrada:
- A ata da reunião do COF que aprovou o contrato da SAF com ressalvas em novembro de 2024
- O parecer do COF que atesta o cumprimento das ressalvas solicitadas
- Os termos de posse dos responsáveis pelo conselho
Fonte: “NETLUSA”
COF diz para organizada da Lusa que não haverá discussão sobre SAF
Em comunicado nas redes sociais, a principal organizada da Portuguesa, Leões da Fabulosa, revelou que José Gonçalves, presidente do COF, garantiu que a SAF não será discutida na reunião de amanhã, pois a retificação da Assembleia na última semana tira a necessidade de abordar o tema.
— […] Foi acordado que quatro diretores dos Leões da Fabulosa poderão participar da reunião amanhã, e exigimos que a manifestação do COF seja formalmente registrada em ata. Fomos informados de que não será colocado em pauta nenhum assunto referente à SAF. O presidente do COF afirmou que, após a retificação da Assembleia, não há necessidade de novas discussões sobre o tema. Por isso, solicitamos que José Gonçalves forneça um documento formalizando esse posicionamento — escreveu a Leões.
As implicações do não registro da Sociedade Anônima da Portuguesa
Sem ter o reconhecimento das principais entidades do futebol brasileiro, a SAF da Lusa fica impedida de tudo: não recebe premiações de competições e nem as vendas recentes, como dos atletas Jajá e Renan Peixoto, além de não pode registrar novos jogadores (no Campeonato Paulista, foram inscritos pela associação do clube).
Como está em recuperação judicial, com as contas bloqueadas e sem dinheiro, a Portuguesa corre risco até de falir sem a presença dos investidores.
Na última semana, a Tauá estudou processar o clube para receber de volta os mais de R$ 10 milhões investidos na equipe.
No meio desse furacão, o elenco comandado pelo técnico Cauan de Almeida se prepara para estrear na Série D do Campeonato Brasileiro em 12 de abril, contra o Boavista. É a única competição que sobra (foi eliminado na fase de grupos do Paulistão e caiu na primeira fase da Copa do Brasil) e o grande objetivo da SAF é conquistar o acesso à terceira divisão nacional.
