Entenda por que Carpini encantou Muricy e conquistou diretoria para virar novo técnico do São Paulo
Thiago Carpini não era o plano A (nem o B) do São Paulo, mas tem o perfil desejado para assumir o São Paulo

O São Paulo perdeu Dorival Júnior para a seleção brasileira no último domingo (7) e ouviu treinadores a perder de vista em entrevistas de emprego conduzidas pela diretoria até chegar ao nome de Thiago Carpini. A partir daí, o acordo foi quase imediato. O técnico deixou o Juventude e foi anunciado oficialmente nesta quinta-feira (11) como o novo comandante do Tricolor até o final da temporada.
Tudo isso ocorreu no intervalo de menos de 24 horas. O São Paulo comunicou o clube da serra gaúcha sobre a intenção de contratar o treinador na última quarta-feira (10). Nesta quinta-feira, já havia um acordo alinhado com os representantes do técnico. O Tricolor pagará R$ 1 milhão da multa rescisória de Carpini ao Juventude e ofereceu ao técnico um contrato com duração de um ano e cláusula de renovação automática em caso de título, ou se o profissional alcançar objetivos estipulados.
Uma rápida negociação que contrasta com o longo processo tomada de decisão até o São Paulo bater o martelo por ele. A série de reuniões e conversas que consumiram o tempo da diretoria mostra que o de 39 anos não era uma unanimidade no clube e teve de superar a concorrência de outros colegas de profissão para convencer de que é o nome mais indicado para o cargo.
Como foi o processo de escolha do São Paulo por Carpini
Carpini foi escolhido pelo São Paulo após uma série de entrevistas conduzidas pela diretoria com treinadores cogitados para o cargo. As conversas funcionaram, de fato, como entrevistas de emprego: a ideia era conhecer o perfil e as condições de cada técnico antes de tomar uma decisão para avançar em negociações. Com a pré-temporada já em andamento – e sob as orientações de auxiliares de Dorival –, os dirigentes tentaram reduzir ao mínimo possível a chance de erro na escolha de quem irá comandar a equipe no ano em que o São Paulo volta.
Este processo envolveu uma série de consultas e conversas com muitos treinador até a diretoria bater o martelo. Na reta final de entrevistas, Carpini, Paulo Pezzolano, ex-Cruzeiro e hoje no Valladolid, e Luis Zubeldia, técnico campeão da Sul-Americana pela LDU, eram os, digamos, “finalistas”. A partir daí, a tomada de decisão envolveu uma série de fatores que a Trivela lista abaixo.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Por que Carpini?
De imediato, Carpini demonstrou profundo conhecimento sobre o elenco são-paulino, com detalhes sobre modelo de jogo e características de cada jogador. Um ponto considerado essencial pelo clube, a uma semana da estreia oficial na temporada. O fato de o técnico do Juventude já estar no Brasil e exigir menos adaptação ao futebol brasileiro também foi levado em conta na comparação com os outros “finalistas”. Neste meio tempo, o Tricolor também gostou do que ouviu de Pezzolano, mas seria difícil tirá-lo do Valladolid.
O perfil, a metodologia de trabalho e as ideias de jogo, claro, também foram essenciais na tomada de decisão. O coordenador técnico Muricy Ramalho foi um dos principais entusiastas da contratação nos bastidores do clube. Thiago Carpini pretende armar uma equipe ofensiva e que valorize a posse de bola na construção – algo que Dorival colocava em prática ao longo de 2023. Mas o passo inicial para isso é organizar defensivamente a equipe.
– Tenho algumas coisas que acredito muito no futebol, de ter um time vertical, de gostar de ter a bola, de buscar o gol o tempo todo, de ser ofensivo, mas buscar o equilíbrio. Organizando a parte defensiva, começo a me organizar ofensivamente. Sou de uma linha que gosta de jogo de posse, de pé em pé, de construção, não de bola em disputa, não de tiro de meta toda hora. Ficando mais com a bola, a gente começa a controlar mais o jogo e começa a criar alternativas para jogar – afirmou o treinador, em uma entrevista recente ao canal do jornalista Duda Garbi.

Nas conversas, o técnico se mostrou muito empolgado com aquela que é a maior oportunidade da carreira, especialmente com a disputa da Libertadores, prioridade máxima do São Paulo em 2024. Deu match. Além disso o desejo de utilizar as categorias de base foi outro elemento positivo a favor do treinador.
A contratação pelo São Paulo é o capítulo final de uma ascensão meteórica do treinador, que inclusive é algo do clube. Em 2023, Carpini comandava o Água Santa que foi finalista do Paulistão tendo eliminado o Tricolor nas quartas de final. Depois, veio o Juventude. Ele assumiu a equipe na parte de baixo da tabela da Série B e a conduziu ao vice-campeonato, com vaga garantida na Série A do Campeonato Brasileiro deste ano.
Técnico não era o Plano A, nem o B…
O São Paulo só deu início ao processo de entrevistas com treinadores depois de ouvir “não” de seus dois alvos prioritários no mercado. Desde o último domingo (4), quando Dorival Júnior comunicou sua saída do clube, a diretoria enfrentava dificuldades encontradas pela diretoria em um mercado inflacionado de opções escassas e profissionais valorizados. Muitos dos nomes que estiveram em pauta no clube estão empregados e prestigiados em seus respectivos clubes.
É o caso dos dois nomes que eram as preferências do departamento de futebol – o clube ouviu negativas de ambos. O plano A era Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza. A diretoria entrou em contato com o treinador e recebeu um “não” de imediato. O argentino repetiu a resposta que deu a outros clubes que tentaram tirá-lo do Leão do Pici e reforçou o compromisso de seguir no comando da equipe.
Depois, o Tricolor sondou a situação de Pedro Caixinha, técnico do Red Bull Bragantino. A resposta foi semelhante. A diretoria são-paulina ouviu de imediato que o técnico não pretende deixar o Massa Bruta. O português confia no projeto a longo prazo no clube e além disso tem uma multa rescisória alta a ser paga em caso de saída. Com a negativa, o Tricolor sequer avançou em contatos com o Bragantino.