Brasil

O que Savério traz de melhor é também seu grande ônus na eleição do Palmeiras

Candidato da oposição desafia Leila Pereira nas eleições deste domingo (24)

A eleição para a presidência do Palmeiras acontece neste domingo (24), com Leila Pereira e Savério Orlandi como candidatos. O setorista da Trivela, Diego Iwata Lima, analisa os principais pontos de cada um. Para ler o texto sobre Leila, clique aqui.

Pensando no futuro do Palmeiras, a mera existência de uma chapa de oposição, encabeçada por Savério Orlandi, já é uma grande notícia. O advogado de 53 anos foi o escolhido para desafiar Leila Pereira na eleição deste domingo (24).

A importância da candidatura oposicionista tem menos a ver com a qualidade das suas propostas — ou das de Leila — do que com o simples fato de haver algum monitoramento e contestação ao status quo.

E Savério não é um candidato qualquer. Tem ideias modernas e rodagem política no clube. Foi diretor de futebol durante a conquista do Campeonato Paulista de 2008. É sócio das antigas e palmeirense de quarta geração.

Aonde havia um palmeirense, Savério foi

Ao longo de dois meses de campanha, ele fez também um enorme esforço para se colocar ao alcance do público — bem como suas ideias.

Segundo sua assessoria de imprensa, Savério concedeu cerca de 40 entrevistas: de jornais nacionais de grande circulação a podcasts e canais de YouTube de alcances moderados.

Savério foi a todos os lugares em que foi requisitado, se houvesse a chance de um palmeirense a mais ouvi-lo. Para que não restasse qualquer dúvida de que ali estava um torcedor, sócio do clube, que conhece o Palmeiras pelo lado de dentro. O que, de certo modo, também lhe trouxe alguma desvantagem.

Savério Orlandi, candidato de oposição a Leila no Palmeiras, em entrevista à Trivela
Savério Orlandi, candidato de oposição a Leila no Palmeiras, em entrevista à Trivela (Foto: Diego Iwata/ Trivela)

A volta dos velhos caciques

Por ser do clube, Savério tem a imagem associada a certos arcaísmos. No ideário de muitos associados, o fato de Savério ser ligado a algumas correntes políticas do passado traz um certo receio de involução.

Afinal, foi com Paulo Nobre, um palmeirense que jamais entrou em uma piscina da sede social, que o Palmeiras levou de fato um choque de gestão.

Foi com Mauricio Galiotte, agarrado a outra forasteira (Leila), que o Palmeiras ganhou o bicampeonato da Copa Libertadores. E é a atual presidente quem banca, do bolso, diversas benesses para os frequentadores.

Pela composição da base política de Savério, fica claro que conselheiros e velhos caciques alviverdes terão mais influência no dia-a-dia do clube e do futebol, caso a oposição saia vitoriosa.

Os ex-presidentes Mustafá Contursi e Arnaldo Tirone, por exemplo, estão ao lado do candidato oposicionista.

Porque sua chapa é uma coalizão, muitas pessoas vão procurá-lo após a eleição em busca de recompensas pelos apoios à candidatura. E sua governabilidade vai passar pela dosagem disso — que não será fácil.

Romper com o que está ‘dando certo'

Esse clima de “clube”, de distribuição de favores, foi o que atrasou o Palmeiras por anos. Blindar o CT do conselho deliberativo foi um grande acerto de Mauricio Galiotte, que Leila habilmente soube manter. Mas que Paulo Nobre, de quem Savério foi aliado, não fez.

Por mais que as propostas de Savério falem de profissionalização e modernidade, e que sua carismática personalidade exale palestrinismo, alguns eleitores temem a ideia de romper com o que está “dando certo”.

Para o sócio, importa menos quem pagou a piscina do que o fato de ela ter sido reformada. Importa pouco quem bancou o show, se Ivete Sangalo está no palco do aniversário do clube. De quem é o avião, se o time pode viajar mais confortavelmente.

Força para a próxima eleição

Caso vença a eleição deste ano, exceto altere o estatuto do clube, Leila Pereira não vai participar do próximo pleito. Ao Ge, a mandatária disse que, um possível próximo mandato será sua “Last Dance”.

Ainda que não consiga se eleger na eleição deste domingo, a candidatura de Savério Orlandi mostra o despertar de outra visão para o Palmeiras e angaria força para disputas futuras.

Porque o contraditório é sempre necessário para alguém que, para além de muito mais do que 10 mil associados, mexe com o futuro de 15 milhões de torcedores.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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