Mineirão dividido, mais de 100 ônibus e promessa de paz: por que organizadas querem evitar brigas na Supercopa
Uniformizadas de Palmeiras e São Paulo, que vão dividir o Mineirão ao meio, assumiram compromisso de não entrar em conflito

A Mancha Alviverde, maior organizada do Palmeiras, até a noite de quinta-feira (2), tinha 52 ônibus confirmados em sua caravana. Já a Torcida Independente, do São Paulo, afirmou, em suas redes sociais, ter lotado 55 ônibus rumo ao Mineirão, para ver a Supercopa Rei, no domingo (4). Mas a promessa de ambas, estranhamente, é de paz.
Duas das rivais mais ferrenhas, as duas organizadas estão extraordinariamente juntas no mesmo propósito: mostrar para o Ministério Público de São Paulo que as arquibancadas do Estado podem voltar a receber torcida mista nos clássicos, algo que não acontece desde 2016.
Em contato com membros das duas torcidas, a Trivela apurou que a ordem para os associados é de não brigar. Um compromisso assumido com a Federação Paulista em janeiro.
Até o início da semana, mais de 70% dos 51 mil ingressos colocados à venda haviam sido comercializados por valores que variaram entre R$ 169,00 e R$ 1.250,00.
Jorge informa que 52 ônibus da Mancha Alviverde estão fechados para a Supercopa.
42 saindo de SP e o resto de sub-sedes saindo do interior
Caravana vendendo até amanhã. pic.twitter.com/aQ6dzqQZqy
— Amorim Podporco (@gabrilamorim) February 2, 2024
Federação Paulista lidera movimento
Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, é um grande entusiasta da retomada dos clássicos com torcedores dos dois clubes envolvidos. E quer utilizar a Supercopa como uma amostra para retomar tal discussão.
Na manhã de 19 de janeiro, Carneiro Bastos se reuniu com líderes das torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo. O propósito do encontro era justamente debater um plano de segurança para a Supercopa em Belo Horizonte.
Estiveram presentes à reunião representantes da Mancha Verde e TUP, pelo lado do Palmeiras, e da Independente e Dragões da Real, na parte tricolor. Além deles, Cesar Saad, titular da Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte, e o Capitão Felipe Justo, do Choque, compuseram a mesa.
A ideia da FPF era assegurar o compromisso das torcidas organizadas de que não ocorreriam incidentes fora de campo antes ou depois da partida no Mineirão. E os torcedores garantiram que o confronto seria disputado sem nenhum tumulto.
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Mas há questões que escapam
Mas ainda que os dirigentes garantam que seus comandados não vão se envolver em brigas, não há como se garantir a paz. Primeiro porque não são apenas os torcedores uniformizados que brigam.
Depois, porque álcool, cansaço pela longa viagem e a frustração da torcida derrotada podem virar combustível diante de alguma faísca de provocação.
E, por fim, porque nem todas as filiais de organizadas em outros estados e municípios estão necessariamente subordinadas aos comandos centrais das torcidas na cidade de São Paulo.
Uniformizados de uma determinada cidade podem se envolver em conflitos isolados no caminho para Belo Horizonte sem a anuência ou conhecimento das diretorias, por exemplo.
Episódios fora do campo aumentam risco
Além de decisivos, os duelos recentes entre Palmeiras e São Paulo também fizeram os dois clubes esquentarem a rivalidade com provocações nas redes sociais.
A vitória são-paulina na Copa do Brasil, nas quartas-de-final de 2023, foi seguida de muita corneta aos palmeirenses em publicações nos perfis oficiais do clube. Quando o Palmeiras aplicou a goleada por 5 a 0 pelo Brasileirão, a resposta veio na mesma moeda.
Sem falar no episódio mais recente que também serve de elemento para apimentar o clássico – ao menos no imaginário dos torcedores. O Palmeiras aplicou um chapéu e atravessou a negociação que o São Paulo tinha com o Fluminense por Caio Paulista e fechou a contratação do lateral-esquerdo. O jogador “pulou o muro” e fechou com o Alviverde.