Brasil

Mineirão dividido, mais de 100 ônibus e promessa de paz: por que organizadas querem evitar brigas na Supercopa

Uniformizadas de Palmeiras e São Paulo, que vão dividir o Mineirão ao meio, assumiram compromisso de não entrar em conflito

A Mancha Alviverde, maior organizada do Palmeiras, até a noite de quinta-feira (2), tinha 52 ônibus confirmados em sua caravana. Já a Torcida Independente, do São Paulo, afirmou, em suas redes sociais, ter lotado 55 ônibus rumo ao Mineirão, para ver a Supercopa Rei, no domingo (4). Mas a promessa de ambas, estranhamente, é de paz.

Duas das rivais mais ferrenhas, as duas organizadas estão extraordinariamente juntas no mesmo propósito: mostrar para o Ministério Público de São Paulo que as arquibancadas do Estado podem voltar a receber torcida mista nos clássicos, algo que não acontece desde 2016.

Em contato com membros das duas torcidas, a Trivela apurou que a ordem para os associados é de não brigar. Um compromisso assumido com a Federação Paulista em janeiro.

Até o início da semana, mais de 70% dos 51 mil ingressos colocados à venda haviam sido comercializados por valores que variaram entre R$ 169,00 e R$ 1.250,00.

Federação Paulista lidera movimento

Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, é um grande entusiasta da retomada dos clássicos com torcedores dos dois clubes envolvidos. E quer utilizar a Supercopa como uma amostra para retomar tal discussão.

Na manhã de 19 de janeiro, Carneiro Bastos se reuniu com líderes das torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo. O propósito do encontro era justamente debater um plano de segurança para a Supercopa em Belo Horizonte.

Estiveram presentes à reunião representantes da Mancha Verde e TUP, pelo lado do Palmeiras, e da Independente e Dragões da Real, na parte tricolor. Além deles, Cesar Saad, titular da Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte, e o Capitão Felipe Justo, do Choque, compuseram a mesa.

A ideia da FPF era assegurar o compromisso das torcidas organizadas de que não ocorreriam incidentes fora de campo antes ou depois da partida no Mineirão. E os torcedores garantiram que o confronto seria disputado sem nenhum tumulto.

- - Continua após o recado - -

Assine a newsletter da Trivela e junte-se à nossa comunidade. Receba conteúdo exclusivo toda semana e concorra a prêmios incríveis!

Já somos mais de 3.200 apaixonados por futebol!

Ao se inscrever, você concorda com a nossa Termos de Uso.

Mas há questões que escapam

Mas ainda que os dirigentes garantam que seus comandados não vão se envolver em brigas, não há como se garantir a paz. Primeiro porque não são apenas os torcedores uniformizados que brigam.

Depois, porque álcool, cansaço pela longa viagem e a frustração da torcida derrotada podem virar combustível diante de alguma faísca de provocação.

E, por fim, porque nem todas as filiais de organizadas em outros estados e municípios estão necessariamente subordinadas aos comandos centrais das torcidas na cidade de São Paulo.

Uniformizados de uma determinada cidade podem se envolver em conflitos isolados no caminho para Belo Horizonte sem a anuência ou conhecimento das diretorias, por exemplo.

Episódios fora do campo aumentam risco

Além de decisivos, os duelos recentes entre Palmeiras e São Paulo também fizeram os dois clubes esquentarem a rivalidade com provocações nas redes sociais.

A vitória são-paulina na Copa do Brasil, nas quartas-de-final de 2023, foi seguida de muita corneta aos palmeirenses em publicações nos perfis oficiais do clube. Quando o Palmeiras aplicou a goleada por 5 a 0 pelo Brasileirão, a resposta veio na mesma moeda.

Sem falar no episódio mais recente que também serve de elemento para apimentar o clássico – ao menos no imaginário dos torcedores. O Palmeiras aplicou um chapéu e atravessou a negociação que o São Paulo tinha com o Fluminense por Caio Paulista e fechou a contratação do lateral-esquerdo. O jogador “pulou o muro” e fechou com o Alviverde.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
Botão Voltar ao topo