WTorre atrasa obras, mas terá evento no Allianz enquanto Palmeiras estiver jogando em Barueri
Enquanto o Palmeiras estiver brigando por vaga na semifinal do Estadual, o estádio será palco de jogo para clientes da empresa
Acaba hoje o prazo passado ao Palmeiras pela WTorre para conclusão da reforma do gramado sintético do Allianz Parque. A Trivela apurou que a empresa não fez contato com o clube sobre o assunto e tampouco concluiu o serviço.
Sem poder contar com seu gramado, o clube vai ser mandante nas quartas de final do Campeonato Paulista na Arena Barueri no próximo sábado, dia 16, contra a Ponte Preta. No mesmo dia, um evento promovido pela Real Arenas, braço da construtora que administra o local, estará acontecendo no Allianz Parque.
Os ex-jogadores Paulo Nunes e Euller serão os técnicos dos times no evento “Dia de Craque”, no qual pessoas podem pagar para usar vestiários e jogar no gramado do estádio, sob organização de uma subsidiária da Real Arenas.
A iniciativa faz parte do portifólio de ações do Allianz Parque Tour, que promove experiências no estádio do Palmeiras. Haverá oito jogos de quarenta minutos com times de futebol completos, onze contra onze. O primeiro está marcado para as 13h. A partir das 17h, os refletores serão acesos, informa o site do evento.
Após contato da reportagem, a WTorre disse à Trivela que a data do evento vai ser confirmada quando a liberação do gramado estiver confirmada. Mas os ingressos continuam à venda e o evento segue no calendário oficial do Allianz Parque e nas redes sociais da arena.
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Sem nova previsão
A reportagem fez contato com a Real Arenas/ WTorre. A empresa afirmou que não iria fornecer uma nova previsão para conclusão das reformas no Allianz.
O serviço consiste exclusivamente na instalação de cortiça sob o gramado, em substituição ao termoplástico usado anteriormente visando reduzir os impactos dos jogadores nas partidas.
O dia 12 de março já é o segundo prazo dado pela companhia para conclusão do serviço. O primeiro foi 20 de fevereiro, há pouco menos de um mês.
Por conta do novo atraso, fica cada vez maior a chance de o Palmeiras não retornar ao Allianz Parque ainda no Paulistão. No dia 17, o Palmeiras, caso se classifique, tem de informar à Federação Paulista de Futebol (FPF) onde quer mandar seu confronto na semifinal.
Mas para tanto, o clube, em menos de cinco dias, teria de checar, treinar e aprovar a superfície. E a FPF precisaria também revogar a interdição imposta ao campo de jogo.
A ESPN publicou em seu site que a obra não foi concluída por conta de atraso na entrega da cortiça. Fontes ouvidas pela Trivela não confirmaram a informação.
Prejuízos crescentes
Se é verdade que o Palmeiras perde muito em arrecadação com o estádio inutilizado, a própria Real Arenas e seus parceiros também estão sentindo na carne as consequências.
A ausência de jogos do Palmeiras não para de gerar prejuízos para as empresas que operam nos dias de jogos e detêm camarotes no estádio.
Os torcedores que são proprietários do passaporte Allianz Parque também veem seus investimentos sendo reiteradamente jogados no lixo.
Cronologia do caos
Abel Ferreira se queixa do gramado desde o fim de 2023. Após Palmeiras x Fluminense, último jogo do time no Allianz no Brasileiro do ano passado, o técnico já havia dito que o campo precisava ser trocado.
Após a vitória sobre o Santos no Paulista deste ano (28/1), Abel foi novamente taxativo sobre o tema. Simultaneamente ao fim da entrevista do técnico, veio a nota oficial do Palmeiras, dizendo que o time não jogaria mais no local até que a questão fosse resolvida.
Na mesma nota, o Verdão ameaçava pedir a interdição do estádio, o que inviabilizaria também a realização de shows e complicaria muito o fluxo de caixa da WTorre. Horas mais tarde da ameaça do clube, a WTorre informava que iria trocar o termoplástico do campo.
Em 1º de fevereiro, Soccer Grass e WTorre se reuniram e decidiram optar pela substituição do termoplástico por um composto orgânico de cortiça. O Palmeiras, no entanto, não participou da reunião.
Em 2 de fevereiro, a Federação Paulista de Futebol (FPF) decidiu interditar o estádio do Palmeiras após vistoria. A FPF só vai liberar o uso da arena após a manutenção — e uma nova vistoria que comprove que o problema foi resolvido pela Real Arenas, que pertence a WTorre, gestora do Allianz. Paralela à vistoria da FPF, o Palmeiras também quer dar seu aval.
A primeira data para conclusão da reforma era 20 de fevereiro, descumprida. A segunda data, 12 de março, também não foi obedecida.