Brasil

Os 6 motivos que explicam a queda de rendimento do Cruzeiro em agosto

Time celeste venceu apenas um dos seis jogos que disputou no mês; desempenho tem sido fraco

Cinco vitórias em seis jogos, 3 a 0 fora de casa contra o então líder Botafogo, futebol envolvente e time muito próximo do G4 do Brasileirão: assim terminou o mês de julho do Cruzeiro.

Os reforços se adaptando e adquirindo condições físicas e jogadores importantes como Juan Dinenno voltando de lesão fizeram com que a expectativa para agosto fosse alta. Quem sabe até uma briga pelo título brasileiro?

Mas tudo mudou com a virada de mês. O pesadelo agostino começou e o Cruzeiro venceu apenas um dos seis jogos disputados no período. Bem, a vitória foi a mais importante, por ter como consequência a classificação para as quartas de final da Copa Sul-Americana. Mas ainda é muito pouco.

Além dos péssimos resultados, o Cruzeiro também teve uma queda vertiginosa de rendimento. Antes ofensivo e insinuante, o time de Fernando Seabra passou a sofrer para romper a divisória de meio de campo dos seus adversários.

Os gols também tornaram-se raros. Apenas cinco em seis jogos. Por outro lado, sofreu seis. No Campeonato Brasileiro, o G4 ficou bem mais longe.

Mas se o Cruzeiro ganhou reforços, vindos de outros clubes e do DM, a torcida tem comparecido em peso aos jogos e o time não sofreu com lesões, o que explica o momento negativo? A Trivela levantou alguns pontos.

Estilo de jogo do Cruzeiro ficou ‘manjado’

O Cruzeiro surpreendeu o Brasil no mês de julho, quando conseguiu ótimos desempenhos, e isso virou os olhos dos rivais para a Raposa. Tal situação fez com que adversários preparasse armadilhas para travar o jogo celeste e isso funcionou em alguns momentos.

Contra o Atlético-MG, por exemplo, o ofensivo Gabriel Milito abriu mão de um meia para colocar mais um volante e isso travou o time celeste, que pouco criou no clássico.

Matheus Pereira, o grande craque celeste, também passou a ser implacavelmente marcado, chegando a cobrar de Seabra maior repertório.

O treinador falou sobre o assunto após a derrota para o Boca Juniors, no jogo de ida da Copa Sul-Americana.

— Precisamos ter sempre variação para evitar que nosso jogo fique “manjado”. Com o crescimento que tivemos, os adversários têm se esforçado bastante em neutralizar nosso jogo e eles vêm preparados para diferentes planos que a gente apresentou — afirmou Seabra.

As transições com toques de bola rápidos não parecem mais funcionar e a saída curta termina quase sempre em chutão após riscos de perder a posse na intermediária.

Lesão de Gabriel Veron

Gabriel Veron vinha de quatro gols e uma assistência em oito jogos, quando se lesionou. É verdade que isso aconteceu ainda em julho, mas quando foram necessárias novas opções para o ataque do Cruzeiro, o camisa 30 fez (e tem feito) falta.

O esquema que o time celeste vinha atuando era beneficiado pela capacidade de Veron em atacar espaços, o que resultou na veia goleadora que ele demonstrou pela Raposa.

Em alguns momentos, quando tentou replicar a formação, Seabra encontrou dificuldades em ter um jogador com essa característica de infiltração e com isso perdeu força ofensiva.

Gabriel Veron trabalha para voltar a ficar disponível para o Cruzeiro
Gabriel Veron trabalha para voltar a ficar disponível para o Cruzeiro – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Queda de rendimento de jogadores importantes

Jogadores importantes como Matheus Pereira e William tiveram queda de rendimento em agosto. Além deles, jogadores que davam solidez ao time, como Zé Ivaldo e João Marcelo, também passaram a falhar com maior frequência.

O ataque ainda é uma incógnita e único que parece mais adaptado é Lautaro Díaz, mais por sua entrega e determinação do que por refino técnico.

Áudio vazado de Pedrinho BH

Dono da SAF do Cruzeiro, Pedro Lourenço, o Pedrinho BH, se tornou pivô de uma polêmica após o vazamento de um áudio onde ele afirma ter exigido de Fernando Seabra que os reforços se tornassem titulares.

A publicação da gravação gerou muita repercussão e respingou no clube. Uma reunião chegou a ser realizada onde Pedrinho e Fernando Seabra estiveram presentes para tratar do tema.

Segundo Seabra e Pedrinho, tais cobranças jamais aconteceram, mas é fato que a situação não caiu bem em um clube que vivia bom momento.

Se o áudio interferiu ou não no rendimento do Cruzeiro, é difícil dizer, e o clube não comenta o caso. Mas o momento do acontecido e a queda de rendimento coincidem, o que alimenta a possibilidade.

Problemas na bola aérea

O Cruzeiro tem na bola aérea, ofensiva e defensiva, um antigo problema, que parece longe de ser sanado. Nos momentos de boas exibições, o time compensou tais falhas, mas hoje, elas se tornaram um terror.

Sem assustar pelo chão e muito menos pelo alto, o Cruzeiro se torna presa fácil para os adversários neste tipo de jogada e, quando os gols saem, fica difícil correr atrás no placar.

Questionado sobre o problema após a vitória sobre o Boca Juniors, o auxiliar técnico Wesley Carvalho afirmou que a comissão tem tido pouco tempo para trabalhar em cima do problema, mas que é algo que é atacado sempre que possível nos treinamentos.

Reforços ainda não se encaixaram totalmente no Cruzeiro

Outro problema é a adaptação mais lenta de alguns dos reforços do clube. O Cruzeiro tinha um time montado, que vinha bem e entrosado. Com as chegadas de novos nomes, a Raposa precisou se remontar, ainda que tenha ganho mais qualidade.

Dentre os contratados, Cássio e Matheus Henrique são os grandes destaques. Walace já acumula bons jogos, mas ainda não está 100% fisicamente e, por isso, não tem jogado sempre.

Lautaro Díaz é voluntarioso, mas ainda não se achou tecnicamente e Kaio Jorge decepciona até aqui. Fabrizio Peralta e Jonathan Jesus ainda não estrearam.

O time celeste terá a última oportunidade de reduzir o prejuízo de agosto na quarta-feira (28), quando enfrenta o Internacional, em partida adiada da quinta rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo será disputado no Mineirão, onde o Cruzeiro não perdeu no Brasileirão, às 19h30.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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