Brasil

Luiz Henrique chegou bem, mas é evidente que fantasma de 2023 ainda assola o Botafogo

Luiz Henrique chegou domingo, falou terça e estreou quarta pelo Botafogo: e diante do Flamengo; foi bem, mas não o suficiente para mudar tanto as coisas

Luiz Henrique chegou ao Botafogo como a contratação mais cara da história do futebol brasileiro, dado estatístico em números absolutos de registro importante, claro, mas que não pode virar um peso. O dono do clube queria um nome de impacto pra firmar sua base brasileira no mercado, o salário é maior que o de muita gente na Espanha, Dorival Junior promete olho atento ao futebol local em serviço à Seleção Brasileira. Motivos não faltaram para o atacante topar o alvinegro.

Soma-se a isso o contexto da abertura para um retorno à Europa via Lyon, time do mesmo proprietário norte-americano, nessa nova realidade do esporte global. Não que outros talentos não sejam assediados pelo estrangeiro, mas a particularidade aqui é que o tamanho da presença de Luiz no Rio de Janeiro nem passa pelo Botafogo ou por possíveis intempéries de negociações. Ele vai para a França assim que John Textor preferir, quem sabe daqui a cinco meses.

Mas o jovem não tem nada a ver com isso, e com os olhos cheios de lágrimas chamou a atenção pelo carinho com que se apresentou ao novo clube. Se tecnicamente não há grandes dúvidas de que ele é acima da média para a realidade brasileira, veio por tabela um sopro de alto astral para arejar esse novo e velho Botafogo, reforçado com gente boa de bola, mas com a zica e os vacilos do Campeonato Brasileiro ainda vivos como estigma e rotina.

Luiz Henrique chegou no Botafogo, falou e já estreou: um começo promissor

Luiz Henrique chegou domingo, falou terça e estreou quarta, já num clássico contra o Flamengo, encaixotado na ponta direita por Ayrton Lucas e pela dobra montada seja por Cebolinha, seja por Gerson. Protegeu bem as primeiras bolas, achou fácil um lançamento preciso para Tiquinho, soltou um canudo de fora, escancarou ter um tempo diferente entre seu pé esquerdo e a bola. Mas o jogo foi se firmando ruim (quanto balão e erro técnico no clássico, nossa!) e o Botafogo foi perdendo força, praticamente sem conseguir usar seu novo talento no segundo tempo.

Até aí digamos que tudo bem, uma partida pobre, um clássico sem gols em início de temporada, uma estreia discreta de um principal reforço que mal treinou com o time. Mas para o Botafogo não vai bastar o pacote de grandes novidades se não houver uma retomada da competitividade e da concentração por todo o jogo, porque
à medida que o time foi murchando no Maracanã o Flamengo nem precisou brilhar para achar o gol da vitória, 1 a 0 magérrimo, pouco depois da saída de Luiz Henrique e já nos todos minutos do segundo tempo. Filme repetido.

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Botafogo se reforçou muito bem, mas ainda falta superar trauma de 2023

O elenco se reforçou muito bem – John, Jeffinho, Savarino, em breve Allan, entre outros -, mas ainda falta Tiago Nunes dar um sinal de que coletivamente a equipe se rearranjou depois do trauma do ano passado. Ele precisará mostrar suas soluções e também rever a melhor fase de gente como Tiquinho, ainda longe do brilho de outros tempos. É só o começo do trabalho, já há lesões pelo caminho, mas um derretimento de fim de jogo com gol rival nos acréscimos (que vacilo, Gatito) retoma memórias indesejáveis em plena onda de Carnaval.

Faltam duas semanas e mais um par de jogos estaduais para a visita a Aurora ou Melgar pela Libertadores, um jogo que vai exigir um nível acima do mostrado na reta final do clássico de quarta-feira. Na alegria de Luiz Henrique, quem sabe, ir rabiscando um novo caminho e apagando a tristeza dos últimos meses. Em fevereiro já parece tarde: é urgente que a Estrela Solitária se livre de 2023.

Foto de Paulo Junior

Paulo JuniorColaborador

Paulo Junior é jornalista e documentarista, nascido em São Bernardo do Campo (SP) em 1988. Tem trabalhos publicados em diversas redações brasileiras – ESPN, BBC, Central3, CNN, Goal, UOL –, e colabora com a Trivela, em texto ou no podcast, desde 2015. Nas redes sociais: @paulo__junior__.
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