A permanência do Cruzeiro na Série B deixa o clube diante de um abismo ainda mais profundo

Quase três semanas após comemorar o centenário de sua fundação, o Cruzeiro entra em campo para fazer uma das partidas mais melancólicas de sua história nesta quarta-feira. A Raposa recebe o Operário Ferroviário com apego à calculadora, não mais para saber quais suas probabilidades de retornar à Série A, diante das chances nulas de acesso. Os celestes ainda precisam de um cálculo mínimo para dissipar os riscos de um eventual rebaixamento à terceira divisão nacional, o que conseguiria piorar uma temporada já catastrófica. O cruzeirense estava vacinado sobre as dificuldades que enfrentaria em 2020, pois o principal desastre tinha começado muito antes além dos gramados e se escancarado com o inédito descenso na primeira divisão em 2019. Ainda assim, uma coleção de novos problemas confirmaram os antecipados temores, com a permanência na Segundona por mais um ano.
O roteiro do Cruzeiro estagnado na Série B, protagonizando uma hecatombe que nunca tinha sido vista entre os chamados “grandes” na era dos pontos corridos, tem como pivô a antiga gestão celeste. Os últimos presidentes deixaram uma herança tenebrosa na Toca da Raposa, que deverá ressoar por muitos anos e impacta de maneira forte ainda hoje sobre o clube. Numa seleção nacional de presidentes picaretas e fracassos econômicos, os antigos mandatários cruzeirenses (especialmente Wagner Pires de Sá) seriam fortíssimos candidatos ao posto de pior dirigente da história do futebol brasileiro – e isso não é pouco. Porém, o vexame do Cruzeiro na Segundona não se restringe a este passado de fraudes e dilapidação do patrimônio, mas também a muito do que foi realizado pelos sucessores na direção ao longo de 2020 – o que também não anima para 2021.
A impressão era de que o Cruzeiro menosprezava a Série B. Achava que conquistaria o acesso por osmose, como se o peso da camisa fosse suficiente para garantir a promoção automática. O novo conselho gestor (que assumiu em dezembro de 2019, até a definição do próximo presidente em maio passado) não levou tão a sério os efeitos que as questões extracampo teriam sobre o futebol e também não trabalhou com esmero no planejamento para os novos desafios que os celestes encarariam. A falta de direção culminaria em repetidas mudanças de rumos ao longo dos últimos meses, seja entre as trocas de comando ou nas diretrizes para a montagem do elenco, o que só evidenciava como os cruzeirenses estavam perdidos.
Os primeiros erros de 2020
Desde o início do ano, o Cruzeiro encarava audiências tão importantes quanto as próprias partidas. As dívidas sufocantes reduziam as perspectivas do futebol e tornavam a Toca da Raposa um lugar bem menos atrativo para reforços. A gestão podia ter mudado, mas não os entraves. Não foi nem preciso a Série B começar para se ter noção do tamanho do obstáculo e, com uma pandemia no meio do caminho, ampliando as dificuldades econômicas, a realidade cobrava uma consciência maior do que seria 2020 aos cruzeirenses. Consciência esta, afinal, que não se viu muito do lado celeste – com o exemplo do ex-diretor Ricardo Drubscky, reduzindo o acesso a mera formalidade, durante entrevista dada ao Superesportes em julho.
O Cruzeiro começou o ano com Adílson Batista, um velho ídolo que não evitou o descenso na Série A. Também manteve outros medalhões do elenco que pareciam comprometidos com a causa e jogou fora algumas laranjas podres, enquanto atletas insatisfeitos entraram na justiça. O principal veterano trazido em fevereiro era Marcelo Moreno, em negócio mais pautado em sentimento do que em termos técnicos. De resto, o início da temporada priorizava uma aposta nas categorias de base. Embora alguns garotos pinçados indicassem talento, não estavam preparados à exposição, e o nível de pressão jogava os cruzeirenses para baixo. Isso transpareceu pela modesta campanha no Campeonato Mineiro e pelo sofrimento desde as fases iniciais da Copa do Brasil, contra adversários bem mais fracos.
Adílson não durou mais que três meses e Enderson Moreira atravessou o país no meio da pandemia para assumir o clube. Parecia um casamento promissor. Em maio, também foi eleito o novo presidente, Sérgio Santos Rodrigues, que indicava um controle maior sobre os entraves extracampo. Boa vontade, porém, não bastava e a Série B não precisou de muito para destruir o sonho. O Cruzeiro começou o campeonato já com uma punição de seis pontos por causa do calote no empréstimo do volante Denílson e uma cota de direitos de televisão menor do que os demais grandes em anos anteriores, o que dificultava a missão. Além do mais, os portões fechados do Mineirão tiravam um potencial diferencial aos celestes – mesmo que o descontentamento da torcida ainda pudesse servir como uma faca de dois gumes. De qualquer maneira, mesmo que estes fatores tenham sua influência ao fracasso cruzeirense, a tomada de decisões seguiu ruim.
Vale lembrar que o Cruzeiro ainda pôde trazer reforços às vésperas da Série B, com uma liminar que contornou temporariamente o embargo no mercado de transferências por dívidas pendentes. Já estava claro como o elenco do início de 2020 não daria conta do recado e as novas contratações não pareciam representar o necessário salto de qualidade, com muitos nomes questionáveis. Da mesma forma, a volta de jogadores emprestados não passava certeza, com muitos desses atletas desinteressados no compromisso em campo – exceção feita ao zagueiro Manoel. A Raposa tinha uma folha de pagamentos quase quatro vezes maior do que seu concorrente mais próximo, mas nem de longe apresentava uma equipe que indicasse essa proporção de qualidade dentro de campo. Até o vizinho América, com os pés no chão, sugeria estar melhor preparado desde o princípio.
O começo do Cruzeiro na Série B serviu para encher o torcedor de falsas esperanças, logo revertendo a pontuação negativa e engatando três vitórias consecutivas. As despedidas no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil não geraram tanta crise, quando pareciam refletir problemas anteriores. Mas eles não eram tão antigos assim. A Raposa logo começou a patinar na Segundona e não achava um rumo. Dentro de campo, o time era uma pilha de nervos, que abusava dos erros e não produzia no ataque. Não se notava lideranças claras, numa apatia que se transmitia. Enderson Moreira se queimou em pouquíssimo tempo, por mais que o péssimo momento não se restringisse ao treinador. O sexto jogo seguido sem vencer, numa semana em que jogadores acabaram afastados do grupo por seus superiores, culminou na demissão.
Outro sinal da falta de respaldo do Cruzeiro viria na sucessão de seus treinadores. Os celestes tentaram um cômico retorno de Rogério Ceni, negado pelo ex-goleiro. Foram atrás de Ney Franco, um técnico com histórico na base do clube, mas longe de inspirar confiança ao tamanho do problema. As piores suspeitas se cumpriram e o atravancado time celeste passava a ver distante não só as possibilidades de acesso, como também convivia com os riscos do rebaixamento, ao tentar propor um jogo ofensivo que não deu liga. Ninguém parecia disposto a assumir o comando de um time com o mental em frangalhos e, depois de mandar embora Ney Franco, a Raposa foi negada pelos técnicos que ocupavam as cabeças da Série B.
Enquanto isso, outros entraves dinamitavam o Cruzeiro e também evidenciavam os erros de planejamento. Com o registro de atletas proibido, os reforços só podiam treinar. Mesmo com a redução salarial e com a criação de um teto, a folha de pagamentos ainda parecia muito alta à realidade da Segundona. As rescisões contratuais de treinadores também geravam novos problemas, com mais contas a pagar e gastos na casa dos R$11 milhões. E em pleno caos, chegaria Felipão. Um nome forte, mas num movimento que parecia até incongruente ao noticiário celeste.
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Felipão, a tábua de salvação
O anúncio de Luiz Felipe Scolari esteve muito mais ligado à aura de seu passado. Era um treinador com histórico no Cruzeiro e um inegável currículo no futebol, apesar da queda recente. Vinha numa intrincada negociação, mesmo abrindo mão de cifras, e se colocava muito mais como um escudo à situação geral na Toca da Raposa. Era uma bala de prata, a última de 2020. Felipão comprou um projeto apresentado a ele, como tábua de salvação aos cruzeirenses, e parecia disposto a emprestar seu prestígio para tirar a equipe da lama. Não dá para dizer que fracassou na missão, longe disso, diante do medo que surgia por um novo rebaixamento. Em sua própria chegada, o gaúcho afirmou que o objetivo era a permanência. Mas também não seria suficiente para o clube – numa culpa carregada, afinal, desde muito antes.
Felipão deu uma segurança que o Cruzeiro não tinha. Conseguiu reduzir as falhas constantes, que tanto custavam pontos, e montou uma equipe mais competitiva. Como era de se esperar do treinador, não havia um futebol brilhante, mas sim certa funcionalidade para buscar resultados. Uma nova permissão às contratações, depois do embargo perdurar entre setembro e outubro, caiu bem à Raposa e novas peças chegaram ao elenco – agora confiando em medalhões.
Os celestes iniciaram uma arrancada que os afastou do rebaixamento e, numa tabela equilibrada, permitiu que voltassem a ambicionar o acesso. Mas não que fosse uma equipe tão produtiva assim. Além dos empates em excesso, Scolari não conseguiu mais do que duas vitórias consecutivas desde que iniciou sua empreitada. Some a isso o fraco rendimento como mandante, que já era um problema e não foi resolvido, seja com o novo comandante ou com a mudança ao Estádio Independência para reduzir gastos. Felipão melhorou o aproveitamento, mas a sucessão de expectativas seria rápida.
O sonho de uma reviravolta ao Cruzeiro começou a esmaecer a partir de dezembro, com uma série de tropeços no final do ano. A vitória sobre o Sampaio Corrêa na visita ao Maranhão ainda resguardava as chances em janeiro, especialmente diante da briga parelha pelas últimas vagas do acesso. Mas não havia nada pior para acontecer do que a derrota em casa diante do Oeste, de longe o pior time da Segundona. A Raposa implodiu aí e, no último final de semana, a derrota no confronto direto para o Juventude só terminou de confirmar a péssima notícia que os torcedores pressentiam: o inferno na Série B vai durar, pelo menos, por mais uma temporada.
Nos últimos jogos, o Cruzeiro pareceu repetir falhas do primeiro turno. É uma equipe pragmática, que não tem volume de jogo ofensivo e acaba sendo pouco precisa à maneira reativa como atua. A falta de gols na frente, uma deficiência evidente durante boa parte da campanha, voltou a pegar forte. Mas, de novo, não que o drama se restringisse às quatro linhas. Os salários atrasados começavam a se acumular e a nova diretoria, mesmo que carregasse tantos fardos anteriores, também falhava feio ao descumprir seus tratos. A insatisfação se tornou pública através dos jogadores e Scolari, que tão engajado parecia com os planos, também não escondeu seu cansaço com a direção – a ponto de sua saída ser cogitada independentemente do projeto. Criticou, inclusive, a falta de qualidade do elenco e quebrou o protecionismo que geralmente marca sua gestão dos vestiários, mesmo que a bronca maior seja com os superiores.
Símbolo do elenco por toda a sua história e também porta-voz dos principais desabafos do Cruzeiro no ano, Fábio defenderia o técnico e daria declarações emblemáticas após a derrota para o Juventude: “Infelizmente, o torcedor já sabe tudo que aconteceu, tem que estar sempre preocupado e cobrando. A gente precisa não errar mais como errou em 2020, temos que ter uma equipe forte em todos os aspectos. Temos que agradecer muito ao Felipão, porque, se ele não tivesse chegado, ia ser muito difícil. A gente estaria em uma situação muito delicada, como estava antes dele. A gente lutou, mas todos sabem o que aconteceu. Uma equipe sendo montada dentro de uma competição, com vários problemas de Fifa… Isso é difícil dentro de uma temporada que era tão importante para o acesso”.
O que mirar para 2021
Caso cumpra a missão de permanecer na Série B durante os últimos três jogos, o Cruzeiro precisa virar a página e encarar seu pouco aprazível horizonte rumo a 2021, o ano de seu centenário. O acesso imediato era importante para recuperar receitas e impedir que a crise financeira, pelas más gestões ou pela pandemia, esgane mais as contas celestes. Não será possível e, neste momento, é fundamental que a Raposa se readéque como um time de segunda divisão. Não dá mais para preservar veteranos que não correspondem, confiar em jogadores medianos acomodados ou pagar salários tão altos a uma equipe que não entrega na mesma proporção.
No ótimo canal Seis a Um, especializado sobre o Cruzeiro, o jornalista Émerson Araújo apresenta uma lista de dispensas pensando na próxima temporada. De fato, há pouco a se aproveitar dentro do que os celestes utilizaram em 2020 e a limpa precisa ser grande, mesmo que as perspectivas de contratação sejam limitadas. Fábio e Rafael Sóbis (o mais importante dos acréscimos durante a Série B) se mostram como as principais lideranças capazes de encabeçar a Raposa rumo à próxima edição da Segundona. Outros como Léo e Henrique podem sair para aliviar a folha de pagamentos, reduzida apenas temporariamente em 2020. Além disso, nomes como Sassá e Dedé hoje parecem representar apenas um estorvo aos mineiros. Há uma necessidade de seguir olhando para a base e tentar dar o cuidado necessário à transição dos garotos. Porém, também é essencial uma ideia mais clara do que os cruzeirenses precisarão fazer nos próximos meses.
Antes de mais nada, o Cruzeiro precisa novamente resolver suas pendências jurídicas para voltar a contratar, além de descobrir de onde pode arranjar dinheiro – nos últimos tempos, a dependência de um mecenas também gera questionamento sobre a sustentabilidade a longo prazo. Quando o clube puder trazer reforços, não dá para rechear o plantel de jogadores desinteressados na realidade e alheios à necessidade da Série B. Um passo primordial será montar um time realmente com bons nomes para a divisão de acesso, e não pegar atletas encostados na elite. A postura mais aguerrida em campo, num campeonato de mais intensidade física que qualidade, precisa ser notada.
Obviamente, dá para cumprir a missão com um bom futebol, e não só espírito de luta. Até por isso, se Felipão seguir, precisará repensar um pouco o estilo do time. O pragmatismo pode ter ajudado a evitar o desastre em 2020, mas não basta para 2021. O Cruzeiro permanece como o time mais visado da segunda divisão e qualquer adversário se dá por satisfeito de arrancar pontos contra os celestes. Um futebol mais propositivo é vital, especialmente quando se produziu tão pouco ofensivamente. Os mineiros precisam de mais volume na frente.
O grande ponto é que, para pensar melhor a montagem do time, o Cruzeiro precisará arregaçar as mangas. Não dá para ficar apenas esperando que empresários batam na Toca da Raposa oferecendo opções em baixa, quando contratações mais inteligentes e menos óbvias precisam ser realizadas. Um novo olhar de mercado é vital neste sentido, como bem pontua o amigo Ubiratan Leal, em seu canal. Naturalmente, por sua grandeza, o time celeste vai conseguir interessar bons jogadores. Contudo, é impossível fazer por tentativa e erro de novo, com 23 reforços em 2020 – conforme lista a matéria do jornalista Thiago Mattar, no Superesportes.
Desses jogadores trazidos, 12 vieram já para o segundo semestre, além de outros seis que retornaram de empréstimos. No fim do ano, 13 dos 23 novatos haviam feito as malas. Resta à atual gestão de futebol realizar esta ponderação nas ações. E nem na chefia do departamento há tanta continuidade recente, considerando também que muito mudou na parte executiva, com quatro pessoas diferentes ocupando a diretoria desde 2020. André Mazzuco é o atual responsável pela tarefa, recém-chegado ao posto. Deivid, outro com poder nos corredores, é bastante contestado por sua falta de atitude e pode deixar o clube.
A bola de neve celeste
O Cruzeiro, que já andava numa corda bamba, agora vê um abismo um pouco mais profundo enquanto tenta se equilibrar. O clube precisa lidar com os intermináveis imbróglios do passado, ao mesmo tempo em que a bola de neve aumenta e cria novos problemas. Outra preocupação que deveria integrar os próximos passos da Raposa é a punição aos picaretas que tanto prejudicaram o clube nos últimos anos. Contudo, depois de tantas fraudes evidentes, .
Se olhar ao passado enoja, não há qualquer segurança no futuro do Cruzeiro. Segundo o Globo Esporte, as receitas caíram de R$77 milhões para R$22 milhões, comparando os períodos de janeiro a setembro em 2019 e 2020. As dívidas aumentam, não há mais cotas para antecipar, entradas são destinadas a sanar débitos e sequer o engajamento dos torcedores nas arquibancadas pode representar uma solução, com a pandemia. Os esforços principais acabam recaindo sobre a renegociação das dívidas, antes de se pensar concretamente em construir um futuro. Assim, fica difícil de cravar até o retorno da Raposa em 2021 – e a estadia na Série B pode se ampliar ainda mais.
Para que o Cruzeiro arrume sua casa, é importante que o futebol cumpra sua parte e garanta tranquilidade aos bastidores. Os momentos de crise nesta Segundona pareceram ampliar a desorganização que se via do lado de fora. No entanto, é uma via de mão dupla e não dá para esperar tanto do time se a gestão não oferecer condições mínimas de trabalho. Que se critique o parco rendimento da equipe, não tem como dissociar isso dos sucessivos erros de planejamento e dos novos atrasos salariais. Da mesma forma, a postura em campo cobra mais ação dos dirigentes. E, desta maneira, a Raposa tentará tapar seus buracos descobrindo outros.
É possível que o Cruzeiro tenha o mínimo de alívio em 2021 e pelo menos retorne à Série A do Brasileiro, o que ajudaria a conter a sangria. Mas nem dá para imaginar que isso resolverá todos os problemas de um clube com dívidas na casa de R$1 bilhão e cujas ações judiciais pipocam a cada semana. Os celestes precisarão controlar melhor suas possibilidades e pensar bem a cada escolha feita, porque cada correção de rumo significa mais tempo perdido e um sufocamento maior das finanças. Os problemas da Série B 2020 podem ensinar um pouco mais, numa cartilha de erros que já vem de tempos em Belo Horizonte – como bem cita o jornalista Frederico Jota, em sua coluna no jornal O Tempo.
Agora, o Cruzeiro precisará se agarrar em quem deseja aprender e também fazer o novo, sabendo que deverá lidar com novas bombas e engolir certos sapos. Os conflitos internos persistem. Já no campo, a pressão aumenta, embora o fracasso também permita ao Cruzeiro entender melhor a Segundona. Só não pode se acomodar. Talvez esse seja o medo maior da torcida, junto com outros processos que possam surgir. O clima recente não ajuda a confiar tanto assim, sobretudo após as declarações de Rafael Sóbis de que “apenas 10%” dos problemas internos são de conhecimento do público.