Kaká não precisa de gols ou assistências para ser essencial ao São Paulo

Desde que voltou ao São Paulo, Kaká entrou em campo nove vezes pelo Campeonato Brasileiro. Fez um único gol e nenhum dos seus passes terminou dentro das redes. Quem analisa apenas esses números pode chegar à conclusão de que a segunda passagem do jogador pelo Morumbi foi um fracasso e não poderia estar mais enganado.
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Alheio às estatísticas, Kaká tem sido muito importante na arrancada do time de Muricy Ramalho. Já são quatro vitórias seguidas e a maior delas foi neste domingo, no Morumbi, por 2 a 0 contra o Cruzeiro. Serviu para diminuir a diferença em relação ao líder para quatro pontos e ressuscitar um Brasileirão que parecia fadado a mais um título espetacular e previsível do clube de Minas Gerais. Nesse jogo, o camisa 8 cumpriu quase perfeitamente a sua função tática e também contribui com liderança e exemplo dentro de campo.
Kaká atuou aberto pelo lado esquerdo do meio-campo e teve como uma das suas principais missões marcar o ótimo Mayke. No primeiro tempo, foi quase implacável e poucas vezes permitiu que o jogador passasse do meio-campo desacompanhado. Em uma delas, poderia ser injustamente castigado porque o cruzamento do jovem lateral direito encontrou a cabeça de Ricardo Goulart, livre na segunda trave. Foi mais uma bobeada da defesa do São Paulo que entra em pânico em qualquer bola cruzada pelo alto. Goulart, no entanto, pegou mal com a testa, cabeceou fraco para o chão e foi apenas um susto.
Aos 32 anos, com um prêmio de melhor jogador do mundo no armário e um histórico de lesões que prejudicou a sua forma física nos últimos anos, Kaká passa uma mensagem muito forte para todos os outros jogadores do time ao cumprir a sua função tática sem reclamar. Quem vai contestar uma instrução de Muricy Ramalho se a grande estrela do time aceita se sacrificar a favor do coletivo? Postura de líder, que também aparece na hora de acalmar os companheiros e organizar os jogadores dentro de campo.
Com a bola rolando, sua influência também não pode ser desprezada. Kaká é uma válvula de escape importante pela esquerda e uma coisa que deu muito certo para o São Paulo contra o Cruzeiro foram as jogadas que começaram naquele setor, foram passando de pé em pé, e terminaram na direita. Como no lance do pênalti, quando Kardec deu para Pato, que acionou Ganso, derrubado por Dedé dentro da área.
Compreensivelmente mais cansado, foi perdendo intensidade no segundo tempo. Ainda assim, ele conseguiu descolar um passe lindo para Kardec, que poderia ter feito o segundo e matado a partida. O atacante, porém, desperdiçou o gol, mas compensaria mais tarde ao completar um escanteio e ampliar a vantagem do São Paulo.
Sem o físico de outrora, o meia não consegue mais decidir as partidas como fazia no Milan, arrancando do meio-campo e se recusando a parar antes de colocar a bola dentro das redes. Trocou essa característica por um papel mais cerebral, com passes curtos e movimentações inteligentes ao invés de rápidas. Sem contar a liderança e o exemplo de profissionalismo que passa aos outros jogadores. Muitas vezes, números são apenas números: Kaká é muito importante para o São Paulo, que nunca esteve tão vivo na briga pelo título brasileiro.
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