Brasil

Como Mundial de Clubes reforçou convicção de Crespo para mudar prioridade no São Paulo

De volta ao clube após quatro anos, argentino é apresentado como técnico para substituir Luis Zubeldía

Nos últimos anos, o São Paulo priorizou as copas e deixou a disputa do Campeonato Brasileiro em terceiro plano. A estratégia era (e é) simples: concentrar esforços nos caminhos mais curtos para títulos — como funcionou na conquista inédita da Copa do Brasil de 2023.

Mas a chegada de Hernán Crespo faz o clube alterar esta lógica, ao menos nos primeiros meses de trabalho do treinador.

Apresentado oficialmente como técnico do São Paulo nesta terça-feira (24), o argentino afirmou que o Campeonato Brasileiro é a grande “urgência” do Tricolor nesta temporada.

E Crespo tem razão nisso. Hoje, o clube ocupa a 14ª colocação no Brasileirão, com 12 pontos. Tem apenas um ponto a mais do que o Internacional, primeiro integrante do Z4.

— Primeiro que fazer é tratar de viver dia a dia. Partida a partida. Claro que se vê uma urgência, que é o Brasileirão. De competir e ganhar pontos para viver tranquilo. E depois, Libertadores e Copa do Brasil, é mata-mata. Tudo pode passar. Urgência é o Brasileirão. É o que existe. O sonho, eu vim aqui ganhar. Vamos poder ganhar? Não sei, vamos ver. Comecemos por competir bem e ganhar partidas. Construir uma oportunidade para poder ganhar. Mas hoje, a realidade é ir jogo a jogo” — disse Hernán Crespo.

Mundial de Clubes dá razão a Crespo

De volta ao clube pelo qual foi campeão paulista e encerrou um longo jejum de títulos em 2021, Crespo evocou o seu amor pelo São Paulo durante boa parte da quase uma hora de entrevista coletiva na sala de imprensa do MorumBIS.

O sentimento foi o que fez ele sequer pensar antes de aceitar a proposta da diretoria são-paulina para substituir seu conterrâneo Luis Zubeldía.

Crespo estava livre no mercado mesmo após ter classificado o Al Ain para o Mundial de Clubes. O desempenho dos clubes brasileiros na competição, aliás, serve de prova para uma convicção do treinador: o Campeonato Brasileiro é um dos mais difíceis do mundo.

— O Brasileirão se não é o melhor, este entre os melhores. É um prazer para os amantes do futebol. É um prazer. E mostra no Mundial de clubes, que é muito competitivo. Tinha a necessidade de demonstrar. É parte de me apaixonar pelo futebol brasileiro. É isso. Ver, cada dia, gestos técnicos que o futebol brasileiro te dá todos os dias. A situação não me surpreende a nível mundial de clubes — analisa Crespo.

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> Confira mais respostas de Crespo:

“Sim” ao São Paulo

“O primeiro que posso dizer é que foi sentimento. Quando a diretoria me chamou, não pensei: É são Paulo, ponto”.

“Depois vemos. Os problemas, como melhorar. Eu acho que está melhor, mas cheguei ontem. Preciso ver o dia a dia, a dinâmica de trabalhos, o grupo de jogadores. Tudo isso precisa de tempo. Essa mini pré-temporada que vai começar. Tudo indica que sim, está melhor do que quatro anos atrás. Começando por mim. Estou melhor do que quatro anos. Agora, avaliar se está melhor ou pior, precisamos de tempo”.

O que mudou depois de quatro anos?

“Eu penso que estou melhor, mas creio que todos estão melhores. Mas sinto que sou um treinador melhor. Sigo sendo a mesma pessoa de antes, mas tenho mais ferramentas para poder oferecer ao grupo”.

Hernán Crespo foi campeão paulista com o São Paulo em 2021
Hernán Crespo foi campeão paulista com o São Paulo em 2021 (Foto: X/SaoPauloFC)

Uso das categorias de base

“Para mim, o futebol não tem documentos. O que demonstra que pode jogar, comigo não tem nenhum problema. Se me pergunta quantos anos tinham Nestor, Gabriel Sara, Luan, não sei. Jogavam porque tinham que jogar. Se amanhã, com o decorrer dos treinamentos, os garotos que vêm de Cotia merecem jogar, não tem nenhum problema. Eu não olho identidade. O que merece jogar, vai jogar”.

Estilo de jogo

“Não existe a fórmula mágica: jogar pragmático garante pontos. Jogar bonito, não sei. Não estou de acordo. Intensidade é o que se sente. É um estilo, uma forma de entender e viver o futebol. Queremos jogar bem. Jogar bem significa que os jogadores entendam as dificuldades da partida. O que tem que fazer para ser melhor que o adversário. E entender que o adversário também pode ser superior. Estamos falando de uma equipe muito grande, que é o São Paulo. Para mim, não são duas coisas separadas”.

Pelo que o São Paulo briga na temporada?

“Primeiro que fazer é tratar de viver dia a dia. Partida a partida. Claro que se vê uma urgência, que é o Brasileirão. De competir e ganhar pontos para viver tranquilo. E depois, Libertadores e Copa do Brasil, é mata-mata. Tudo pode passar. Urgência é o Brasileirão. É o que existe. O sonho, eu vim aqui ganhar. Vamos poder ganhar? Não sei, vamos ver. Comecemos por competir bem e ganhar partidas. Construir uma oportunidade para poder ganhar, mas hoje a realidade é ir jogo a jogo”.

Momento na temporada

“Se tudo fosse espetacular, me chamariam? Se tudo funcionasse… Quando vem um treinador, é para solucionar problemas. Porque se não há problemas, o treinador segue Sei que há problemas. É identificar e solucioná-los. Temos que solucionar. Como? Com o grupo. Identificar o problema e tentar selecionar rápido. Agora, um treinador chegar e tudo funcionar perfeitamente, teria que perguntar a Guardiola, a Luis Enrique”.

Lições com Ancelotti

“Não vou falar do aspecto técnico, porque o aspecto técnico cada um tem a sua forma. Mas a maneira que sempre me gostou de me relacionar com o jogador. Ao final, somos pessoas. Pode jogar com quatro, com três, com dois pontas. Isso é outra coisa. Carlo me ensinou que ao final, somos pessoas. Todos temos coisas boas e coisas ruins. O importante é que somos pessoas. Tratar de conviver da melhor maneira e de entender a personalidade de cada um. Eu não vou ser Carlo, ou Bielsa, eu sou Crespo. Tentarei fazer o melhor possível. Mas sem imitar a ninguém. Ter a serenidade de fazer o melhor possível em prol do bem comum. E nisso, Carlo é o melhor”.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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