Brasil

As razões para a demissão de Tite no Flamengo, às vésperas da semifinal da Copa do Brasil

Vitória sobre o Athletico Paranaense parecia dar respiro ao treinador, mas diretoria decide encerrar a passagem pelo clube

Tite não é mais o técnico do Flamengo. A decisão parecia natural depois da eliminação para o Peñarol na Libertadores, mas surpreende por conta da vitória sobre o Athletico Paranaense, no último domingo (29). A tendência era que o treinador permanecesse pelo menos até quarta-feira.

Para entender melhor o que motivou a saída, a Trivela ouviu fontes ligadas ao dia a dia do clube, que explicaram as razões por trás da decisão.

 

Publicação de @flamengo
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Desempenho abaixo das expectativas

Após a vitória sobre o Bahia e o empate com o Vasco jogando bem, o desempenho do Flamengo foi por água abaixo. A Data Fifa do início de setembro, embora tenha sido fatal para o trabalho de Tite, graças a lesão de Pedro, foi o último alento futebolístico no Flamengo. De lá para cá, só dores de cabeça.

Debilitado por lesões, muito por conta do planejamento ruim entre diretoria e comissão técnica, o Flamengo ficou exposto na eliminação para o Peñarol. Nem mesmo a diferença gritante entre os elencos foi capaz de dar a vantagem a Tite e companhia, que viram os uruguaios quererem mais, ainda que bem mais limitados tecnicamente.

Internamente, o desempenho já irritava uma parcela da diretoria, que não via um bom futebol para justificar a sequência nas três competições importantes. Como os resultados estavam aparecendo, Landim e companhia sustentavam a permanência. A partir do momento que deixou de ser um fato, o trabalho teve um fim abrupto.

Ainda assim, a relação entre comissão técnica e direção não terminou estremecida. A conversa com Tite, também abatido pelos últimos resultados, fez com que os dois lados chegaram a um acordo pela saída.

Marcos Braz e Rodolfo Landim monopolizaram a decisão. O vice de futebol foi quem decidiu bater o martelo, após observar um Tite exaurido e sem forças para mudar a situação de um elenco com pouca confiança.

É importante frisar que o treinador já não permaneceria no Flamengo para a próxima temporada. Os três principais candidatos na eleição tinham resistência ao trabalho de Tite, especialmente os dois mais bem votados nas pesquisas: Luiz Eduardo Baptista, o BAP, e Rodrigo Dunshee de Abranches.

Pressão de fora para dentro

Se a torcida já não era fã do trabalho de Tite há algum tempo, a eliminação para o Peñarol, como mencionado, também convenceu uma ala da diretoria rubro-negra de que a demissão era o caminho. Em ano eleitoral, isso vale muito para o Flamengo.

Como publicado pela Trivela no último fim de semana, o medo passava pela repetição do cenário visto em 2023, quando um Sampaoli, claramente sem clima, permaneceu até a perda do título da Copa do Brasil. Não era a hora de arriscar mais um ano sem uma conquista de expressão. 

Tite, técnico do Flamengo (foto: Imago)

Como o mercado está cada vez mais escasso, o Flamengo dará sequência a Filipe Luís num primeiro momento, que estava relutante em momento anterior, mas aceitou o desafio quando chamado. Quem diria, para uma pessoa que pendurou as chuteiras em dezembro, estaria como técnico do clube de maior torcida do país em setembro.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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