Cautela do Flamengo em caso de Wesley é muito importante em fase inicial das investigações
Lateral direito do Flamengo, Wesley é acusado de agredir um empresário em quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio
Depois de quase seis meses de tranquilidade, o Flamengo voltou a ter um caso de agressão documentado contra um atleta do clube. O lateral-direito Wesley, de 20 anos, é acusado de acertar um soco no rosto de um empresário em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ainda que não tenha sido realizado durante as atividades da equipe, ao contrário de casos anteriores, o Rubro-Negro mantém a mesma cautela.
O caso está inteiramente nas mãos de Marcos Braz, vice-presidente de futebol. A postura inicial do Flamengo é de não apresentar punições ao jovem, a fim de entender toda a apuração dos fatos. Pode até sair pela culatra, mas a decisão, diante do momento que vive o elenco, e Wesley, claro, foi o melhor dos mundos para o clube como instituição.
O que está sendo apurado no caso Wesley
De acordo com o depoimento prestado pelo empresário Kaio Mana, que registrou boletim de ocorrência, o estresse começou quando Wesley foi até a sua mesa para acusá-lo de tirar uma foto sem autorização. Naquele momento, segundo o depoimento da vítima, a discussão subiu o tom, mas terminou ali mesmo e cada um foi para o seu canto. Ele confirmou que nunca fotografou o jogador do Rubro-Negro naquela noite.
Minutos depois, Kaio afirma ter sido agredido por Wesley com um soco no rosto, enquanto comia no quiosque. O lateral do Flamengo ainda teria tentado coagir o empresário a não prestar queixas com ameaças. Num primeiro momento funcionou, mas, horas depois, a vítima foi orientada pelo seu time de advogados a prestar queixa na 16ª Delegacia de Polícia do Rio.
— Depois do soco eu fiquei um pouco preocupado. Ele me ameaçou. Falou que eu ia pagar caro se fosse jogar na mídia, me ameaçou de morte. Só que não tem como porque ele me agrediu, minha boca está doendo. Por medo eu não quis fazer o boletim de ocorrência ontem (domingo). Aí hoje liguei para os meus advogados, e eles me aconselharam a vir aqui (delegacia) para proteger a minha imagem e a minha vida — afirmou Kaio, em entrevista ao ge.
A reportagem da Trivela conversou com a assessoria do atleta, que negou um posicionamento neste primeiro momento. O jogador só deve se posicionar de maneira oficial depois que, pelo menos, prestar depoimento contando a sua versão. Por enquanto, apenas o empresário foi ouvido pela polícia.
A postura adotada pelo Flamengo
Assim como com Wesley, o Flamengo também não deve se posicionar durante a fase inicial das investigações. O lateral direito teve uma conversa com Marcos Braz na manhã desta terça-feira (12), antes do treinamento no Ninho do Urubu. A diretoria entende que um posicionamento, no sentido de punir o atleta, poderia atrapalhar as investigações da polícia.
Por enquanto, Wesley segue integrado ao elenco e participou da atividade desta manhã, ainda que em separado do grupo. O jogador está em fase de transição após sofrer uma lesão muscular, que o afastou dos jogos contra Madureira e Fluminense.
Momento de Wesley no Flamengo já não é dos melhores
É importante frisar que, antes do imbróglio, Wesley não vivia bom momento pelo Flamengo. Além da lesão muscular, que o tirou da rotatividade do elenco, o lateral já não vinha sendo utilizado por Tite. O uruguaio Guillermo Varela ganhou a posição de vez depois de um revezamento em janeiro, e o Garoto do Ninho recebeu menos minutos em fevereiro.
O momento em baixa, somado à lesão e agora ao caso da suposta agressão podem piorar ainda mais a trajetória de Wesley no Flamengo. O clube, no entanto, precisa entender a situação psicológica do jogador e, se necessário, até prestar um eventual auxílio ao atleta.
Os casos anteriores de agressão
Como mencionado, o Flamengo voltou a ter um caso de agressão em seu ambiente depois de mais de cinco meses. O 2023, além de péssimo dentro de campo, foi conturbado fora dele, e contou com três episódios que chocaram a torcida. Curiosamente, a trinca aconteceu em curto espaço de tempo, entre os meses de julho e setembro, todos sob o comando de Jorge Sampaoli.
Primeiro, o preparador físico Pablo Fernández deu um soco no rosto de Pedro, após o atacante se recusar a aquecer na vitória sobre o Atlético-MG, pelo Brasileirão, e foi demitido. Quase um mês depois, Gerson quebrou o nariz de Varela após desentendimento em atividade no Ninho do Urubu, mas não foi punido pelo Flamengo e se acertou com o uruguaio nos bastidores.
A terceira, e mais marcante, foi a agressão de Marcos Braz, personagem apaziguador no caso de Wesley, a um torcedor. Leandro Campos, que é entregador, cobrou o vice de futebol pelo momento ruim do Flamengo e recebeu chutes, socos e até uma mordida na virilha durante o entrevero. O dirigente jamais foi punido pelo caso, seja no âmbito esportivo ou judicial.