Favoritos tímidos

Os times brasileiros estão gastando mais. Trazem mais jogadores do exterior, repatriam antigos ídolos, trazem estrangeiros, pagam bons salários. É inegável que o nível técnico tende a uma melhora em relação a, digamos, dez anos atrás, quando Diego e Robinho surgiram pela falta de grana do Santos para contratar jogadores medalhões – ou melhor, já o tinha feito e ainda pagava a conta disso. Só que passadas nove rodadas do Campeonato Brasileiro, ainda não vimos um grande time entrar em campo. E leia-se por grande uma medição de qualidade como time, não em tradição, porque isso muitos times possuem.
O Atlético Mineiro é o líder do campeonato. Um time arrumado, que tem mostrado o bom trabalho de Cuca, mas sem craques (mas tem um ex-craque, o hoje coadjuvante Ronaldinho). Mostra que pode causar problemas e brigar pelas primeiras posições. Pelo que vem mostrando, se coloca ao menos como um time para brigar por vaga na Libertadores – o que para o Atlético é uma evolução em relação aos últimos anos.
Os dois times seguintes na tabela são os que mais parecem candidatos ao título. O vice-líder Vasco fez um jogo ruim contra o Atlético Goianiense, mas venceu. E vem vencendo com frequência, porque possui jogadores como Diego Souza, Juninho Pernambucano e Felipe, todos capazes de decidir jogos. O elenco vascaíno é bom, capaz de suportar os percalços do campeonato, mesmo fazendo eventualmente jogos ruins como esse contra os goianos. Entre os times que estã na ponta, é o mais pronto, o que pode ser uma vantagem para levar o time a conseguri vantagem significativa sobre aqueles que brigarão pelo título até o final.
O Fluminense é o melhor elenco em nomes do meio para frente, mas ainda falta a eles jogar o futebol que se espera. Deco e Fred são jogadores com potencial de decisão enorme e é isso que ambos têm feito, de forma geral. O problema é que os demais jogadores do elenco, como Wagner, não têm conseguido manter o nível quando um dos dois, ou ambos, não estão. Além disso, não tem conseguido mostrar força como time, recuando em excesso algumas vezes, quando precisa, de fato, decidir o jogo. Por enquanto, os nomes são melhores no papel do que em campo.
O Botafogo é o quarto colocado, que é uma boa posição. O time tem jogadores acostumados a serem coadjuvantes e trouxe o reforço mais sonoro do Brasileiro, Seedorf, que ainda não estreou. Tem um time que é razoável e pode brigar por Libertadores. É o máximo que o time parece ter condições de fazer, a não ser que Seedorf mude o patamar da equipe, o que será necessário esperar para ver.
O São Paulo é um time que, para 2012, parece difícil se organizar. Apesar de ter bons nomes, o time ainda não existe. Falta poder de marcação no meio-campo, mas falta principalmente brio. Falta a dedicação que pode fazer o time jogar um pouco melhor e eventualmente conseguir vitórias difíceis. O São Paulo parece mostrar que é um candidato apenas a Libertadores – e conseguir essa vaga já seria motivo para muita comemoração dos tricolores, diga-se.
O Internacional vive o mesmo que temporadas passadas: tem um time no papel muito bom, mas em campo… Não é grande coisa. Os bons nomes não rendem bom futebol, nem consistência, nem um time que assuste o adversário pela organização e coletivo forte – como é o caso do Corinthians. O mesmo vale, curiosamente, para o arquirrival Grêmio, que tem alguns bons nomes no elenco, mas ainda falta consistência. Fez um ótimo jogo contra o Cruzeiro no fim de semana – aquele que já foi líder, mas que o elenco fraco não aguentou manter a boa sequência -, mas o tricolor gaúcho ainda precisa de mais jogos assim para ser candidato a algo mais.
Os que são e os que estão
Alguns times estão em posição que não é a sua capacidade real, seja para cima, seja para baixo. O Corinthians em 14º não é o normal. Com o time agora concentrado apenas no Brasileiro, a tendência é que suba. Se será candidato ao título, só saberemos daqui a algumas rodadas. Mas é um time que certamente terminará o campeonato mais acima na tabela. Vale o mesmo para o Santos, que ainda que não seja o esquadrão que sua diretoria tenta fazer o público acreditar, é um time para ficar para cima do atual 13º lugar.
Se estes estão mais para baixo do que podem, alguns estão em uma posição acima. A Ponte Preta está aproveitando para somar pontos e está em oitavo na tabela, posição que não deve conseguir manter até o fim. O mesmo vale para Sport e Náutico, que mostraram fragilidades. A vitória do Sport foi contra um candidato ao rebaixamento, Portuguesa, o que significa que foi um confronto direto. As atuais posições dos pernambucanos, 11º e 12º, ainda devem cair um pouco.
O Bahia dá sinais que, mesmo com um time com bons valores, pode ter que lutar contra o rebaixamento. Se conseguir fazer valer a qualidade dos seus jogadores, pode escapar e ficar no pelotão intermediário. Alguns, porém, já parecem bem definidos em suas posições. O Atlético Goianiense é o maior favorito ao rebaixamento. O Figueirense é outro candidato a cair, ainda mais mostrando tantas falhas defensivas quanto no jogo contra o Atlético Mineiro.
O campeão da Copa do Brasil mostra reação
Na final da Copa do Brasil, o Palmeiras mostrou uma força que sua torcida não estava acostumada a ver. O time se impôs, soube ganhar o título e reforçar a galeria de troféus. Um título merecido e que parece ter trazido algum muito importante ao time: confiança. Ao menos foi o que deu para tirar do Choque-Rei contra o São Paulo, no fim de semana. Mesmo desfalcado de alguns dos seus principais jogadores, o time alviverde foi melhor do que o rival, que tinha mais jogadores de qualidade.
A posição atual do Palmeiras é a zona do rebaixamento, mas o time tem capacidade para escapar. Dizer que o time vai brigar pelo título é ir além da conta e jogar para a galera. Dá para dizer, porém, que a mudança de atitude é um sinal que o time pode ir além do que fez na temporada passada, quando brigou nas rodadas finais para não entrar na turma que tentava não cair. O time continua sendo tecnicamente limitado, mas a diferença é que sabe disso, entende que precisa de dedicação e organização. E essa consciência pode ajudar o time a subir na tabela.