Brasil

‘Fair play financeiro é fraude’: John Textor rebate críticas e manda indireta para o Vasco

Dono da SAF do Botafogo disse que modelo usado na Europa só serve para reforçar a hegemonia dos gigantes

Dono da SAF do Botafogo, John Textor voltou a falar sobre fair play financeiro (FPF) no futebol brasileiro. Mas, dessa vez, para criticar a discussão levantada por clubes em reunião realizada nesta quarta-feira, na CBF. O empresário americano aproveitou para criticar o as regras fiscais usadas na Europa.

Perguntado sobre as criticas que alguns diretores de clubes têm feito sobre o investimento do Botafogo – na última janela, foram mais de R$ 350 milhões em reforços -, John Textor disse que o FPF é adotado para manter privilégios e defendeu os gastos feitos no seu clube.

— Vamos começar com a definição de fair play financeiro. Parece ser algo óbvio, todos querem fair play. Não é o que a expressão significa na Europa. O termo fair play financeiro é uma fraude, porque não é justo o suficiente. Fala que os times só podem gastar 75% das receitas com salários de jogadores – afirmou John Textor.

– É uma regra na Europa que foi feita para permitir que os grandes times, com suas grandes marcas, como Liverpool, Manchester United, de gastar mais dinheiro. Isso não é justo. O Crystal Palace tem que jogar contra o Manchester United, que é permitido gastar mais com jogadores, não há paridade financeira. Não é fair play financeiro, é unfair (injusto) – completou o dono do Botafogo.

– Eles colocam outras palavras, como sustentabilidade, que há fair play financeiro porque se importam com seu clube. Na Premier League, você tem pequenos clubes adquiridos por megabilionários, com muito dinheiro, mas eles não podem gastar. Só os grandes clubes, com os maiores orçamentos globais, são permitidos a gastar. Não é sobre sustentabilidade financeira para a saúde do clube, mas sim uma prática injusta, uma regra feita para permitir uma hegemonia, dos grandes clubes sempre serem dominantes – seguiu John Textor.

Vale lembrar que foi o próprio John Textor quem iniciou os debates sobre Fair Play Financeiro no futebol brasileiro, após criticar os investimentos feitos pelo Grupo City no Bahia.

El Arouch chega ao Botafogo em intercâmbio entre clubes de Textor
El Arouch chega ao Botafogo em intercâmbio entre clubes de Textor (Foto: Divulgação/Botafogo)

Textor cita obrigação de investimento no Botafogo

Para defender os valores investidos no Botafogo, John Textor afirmou ser obrigado a cumprir o contrato que assinou com o clube, baseado na Lei da SAF.

– Sobre o Brasil. Quero lembrar a todos que eu vim para cá por causa do conhecimento dos legisladores, que criaram a Lei da SAF. A Lei da SAF convidou os investidores estrangeiros, o dinheiro viria de fora para dentro do Brasil. Isso não é bom não só para o futebol, mas como para a economia brasileira. Eu assinei um contrato em que me exigia investir no clube, não apenas operar, mas investir fortemente no clube, nas estruturas, nos jogadores… A Lei da SAF exigiu que eu investisse, e eu estou investindo – se defendeu Textor.

– Quando as pessoas falam que a Eagle gasta muito mais dinheiro do que Flamengo e Palmeiras, é claro que fizemos. Tivemos que construir um elenco do nada. Eles têm times maduros, que foram construídos ao longo dos tempos, têm categorias de base consolidadas, com jogadores como Endrick surgindo no seu jardim. Tivemos que voltar à Série A e ser competitivos, tivemos quatro semanas para montar um elenco com 27 jogadores e escapar do rebaixamento. É claro que tivemos que gastar mais do que os outros, porque construímos do nada, e o contrato exigia que fizéssemos exatamente o que está sendo feito – completou o americano.

Publicado por @trivelafutebol
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Indireta para Pedrinho e o Vasco

John Textor também ironizou a reunião que aconteceu na CBF nesta quarta-feira. Representantes de Flamengo, Vasco, Palmeiras, Fortaleza, Internacional e Fluminense iniciaram conversas sobre um possível implementação de um Fair Play Financeiro no futebol brasileiro.

O dono do Botafogo citou nominalmente Pedrinho, presidente do Vasco. No entanto, o mandatário da Associação e controlador da SAF vascaína não esteve presente na reunião. O Vasco foi representado pelo CEO da SAF, Carlos Amodeo.

– Estou construindo uma relação com Pedrinho, presidente do Vasco. O Vasco tentou executar a SAF, seu contrato exigia os investidores a investirem até mais do que eu sou obrigado. Achei muito peculiar que o Pedrinho estivesse nesse encontro falando sobre fair play financeiro, só porque sua SAF não funcionou tão bem. Ele tentou fazer a mesma coisa, não funcionou e agora ele está numa reunião onde não fui convidado reclamando sobre como investimos? Se a 777 ainda estivesse aqui, o Vasco estaria fazendo a mesma coisa agora – disse Textor.

Pedrinho e Marcelo Sant'ana são os responsáveis pela busca de reforços no Vasco
Pedrinho e Marcelo Sant'ana são os responsáveis pela busca de reforços no Vasco (Foto: Leandro Amorim/Vasco)

‘Estamos aqui e não vamos mudar'

John Textor finalizou o seu discurso voltando a defender o investimento feito no Botafogo. Em um discurso empolgado, o americano fez questão de exaltar a história do clube para justificar o novo momento do Glorioso.

– Estamos atuando em conformidade com o fair play financeiro, gastando 45% do nosso orçamento em salários. O que estamos fazendo com nosso capital é investindo em ativos, estruturas e contratações de jogadores. Apesar das pessoas estarem ofendidos que o Botafogo repentinamente se tornou forte de novo, somos o clube mais tradicional do Brasil, somos o Glorioso, não fiquem tão surpresos que o Botafogo esteja novamente perto de vocês como times top do país. Botafogo, Santos… Somos o Glorioso. Estamos aqui e não vamos mudar – finalizou Textor.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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