Brasil

Qual é a resposta do Corinthians para os credores que cobram as dívidas com o clube?

Timão monta plano para centralizar as execuções e reclamações precisam ser direcionadas à Justiça

O Corinthians possui um total de R$ 2,4 bilhões em dívidas, contando a Neo Química Arena. E a maioria dos credores são empresários do meio do futebol. 

Alguns deles entraram em contato com o clube alvinegro para negociar essas pendências. Porém, a resposta da direção corintiana é a mesma: é necessário que as cobranças sejam feitas judicialmente. 

Isso porque desde o dia 27 de novembro, a Justiça de São Paulo autorizou o Regime de Execuções Centralizadas (RCE) solicitado pelo Timão. 

A medida visa organizar as dívidas da instituição mediante a um plano de pagamento. 

O Corinthians tem até o dia 27 de janeiro para apresentar esse planejamento à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). 

Até a data, os credores da equipe alvinegra estão proibidos de executarem ações como penhora de bens e bloqueio de contas. 

Dívidas com empresários são referentes a empréstimo e intermediação em negociações

De acordo com o documento enviado pelo escritório de advocacia contratado pelo Corinthians ao TJ-SP ao qual a Trivela teve acesso, a soma do endividamento do clube com Pessoas Físicas e Jurídicas é de R$ 379,2 milhões. 

O valor contempla empresas, associações, ex-atletas, ex-treinadores e empresários

As dívidas com agentes representam ausência de pagamento em intermediações. Mas em alguns casos também há empréstimos que não foram pagos. 

Entre os credores estão nomes como os de Giuliano Bertolucci, André Cury, Carlos Leite, Fernando Garcia e outros. 

O grupo aparece ao lado de outros nomes. Paulo Pitombeira, Beto Rappa, Luisinho Piracicaba, Will Dantas, Júnior Pedroso, Rafael Brandino, Kia Joorabchian, Marco Vanzini, o ex-atacante Roni e o já falecido Juan Figer constam no documento com pendências com o Timão.

Augusto Melo Vinicius Cascone
Diretor jurídico do Corinthians, Vinicius Cascone é o grande aliado político de Augusto Melo atualmente (Foto: IMAGO / Fotoarena)

Bertolucci e Cury são dois que fizeram cobranças recentes ao Timão e devem aparecer em posições prioritárias no plano corintiano no RCE. 

André Cury, inclusive, acusa o Corinthians de fraude junto a Caixa Econômica Federal e tenta impedir o Regime de Centralização de Execução. 

A reportagem teve acesso à parte do documento enviado ao TJ-SP no qual a defesa do empresário afirma que desde 2022 o clube encaminha os seus recebíveis ao banco público. 

Segundo a denúncia feita por Cury, o Timão tem acesso a essa conta. E isso livra a instituição de algumas execuções como bloqueios e penhoras solicitadas por credores. 

A Justiça Federal apura o caso e já solicitou ao Corinthians a apresentação de contratos entre a instituição e a Caixa. 

Inclusive, foi através da esfera nacional que Cury conseguiu bloquear novamente as contas corintianas o que impactou diretamente os cofres do clube nos primeiros dias de 2025. Elenco profissional e comissão técnica não receberam os salários programados para serem depositados na quarta-feira (8), quinto dia útil. 

O Corinthians trabalha para resolver a situação até a próxima semana, acertando não somente os vencimentos como também adiantando o pagamento dos direitos de imagem. 

RCE gera temor de SAF em pessoas do clube

O Regime de Centralização de Execuções foi liderado por Fred Luz, ainda como consultor representante da empresa Alvarez & Marsal. O executivo tinha poderes de CEO até o fim do ano passado, quando reduziu a participação no clube alvinegro. Atualmente, o diretor jurídico Vinicius Cascone é quem lidera esse movimento. 

Por ser um mecanismo comumente usado por clubes com grandes dívidas e processos de SAF em aberto, o movimento é questionado internamente por conselheiros e lideranças do clube. 

Internamente, há discussões sobre o processo ser um primeiro passo para transformar o Corinthians em empresa e, posteriormente, ser vendido para um grupo de investimento que teria ligação direta com a atual administração. 

Em reuniões que aconteceram principalmente no segundo semestre, conselheiros questionaram diretamente Augusto Melo e Fred Luz sobre as intenções de transformar a equipe alvinegra em SAF.  Os dirigentes sempre negaram o desejo. 

Ainda assim, o histórico da Alvarez & Marsal em participar da transformação de clubes como Coritiba e Cruzeiro em empresas fez com que a presença de Fred no Corinthians sempre tivesse resistência. 

Foto de Fábio Lázaro

Fábio LázaroSetorista

Nascido em Santos, criado em São Vicente e entregue a São Paulo. Na Trivela desde junho de 2024, como setorista do Corinthians. Passagem pelo Lance! entre fevereiro de 2020 e maio de 2024, onde cobriu Santos e Corinthians. Por lá, também coordenou pautas e estratégias digitais. Atualmente, também é comentarista no programa Esporte por Esporte, da TV Santa Cecília.
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