Até quando Ramón Díaz achará que fez um favor ao salvar o Corinthians do rebaixamento?
Sucesso na campanha de recuperação corintiana na temporada passada não pode servir de muleta para desempenho pífio nos jogos mais importantes de 2025

O Corinthians terminou a temporada passada celebrando a histórica arrancada que nos últimos jogos do ano tirou o time da luta contra o rebaixamento no Brasileirão à classificação à Libertadores.
Porém, 2025 já começou faz algum tempo e o resultado heroico de 2024 não pode servir de muleta nos momentos em que o Timão decepciona, sobretudo em jogos decisivos.
Contra o Barcelona de Guayaquil, no Equador, nesta quarta-feira (5), a equipe alvinegra teve a pior atuação em tempos e comprometeu o avanço à fase de grupos da principal competição continental ao ser derrotada por 3 a 0.
Não só o placar muito difícil de ser revertido no confronto de volta, mesmo na Neo Química Arena, a atuação apática do Corinthians fez com que o volante Maycon afirmasse ao fim da partida que se sentia envergonhado.
– Me sinto envergonhado de ter feito isso. E o pior sentimento que um jogador pode sentir é a vergonha. Pedir desculpa para o torcedor, é uma vergonha o que a gente fez hoje – disse o meio-campista em entrevista à “TV Globo”.
Enquanto isso, Ramón Díaz segue preso ao passado de sucesso até mesmo em meio ao maior fracasso dele até o momento pelo Timão.
– Entendo que a imprensa sempre busca partidas que não jogamos bem, mas não se esqueçam que a equipe estava em último quando chegamos. Os torcedores choravam pedindo por favor para salvar. Classificamos para a Libertadores, estamos na semifinal, estamos trabalhando e crescendo –- destacou o treinador corintiano na entrevista coletiva após a partida em Guayaquil.
🏆📈 ¡Las estadísticas #bwinColombia del 3⃣-0⃣ de @BarcelonaSC ante @Corinthians, por la ida de la Fase 3 de la CONMEBOL #Libertadores!@BwinColombia pic.twitter.com/5YSW8z9yu6
— CONMEBOL Libertadores (@Libertadores) March 6, 2025
Corinthians não pode aceitar conformismo de Ramón
Ainda que contrariando todas as estatísticas, Ramón Díaz não pode tratar a classificação à fase preliminar da Libertadores como um ponto máximo
Pelo menos não sem ao menos competir de forma qualificada.
Em três jogos pela competição continental, o Corinthians já sofreu seis gols. Uma média de dois por jogo. E já havia se complicado na segunda fase prévia em duas partidas contra a Universidad Central, time venezuelano semi-amador.
Quando parecia que nada poderia ser pior que a classificação sofrida contra um clube modesto da Venezuela, a Fiel teve que lidar não só com a apatia corintiana no Equador, mas também com o conformismo de Ramón Díaz após a derrota.
–- Dar os parabéns a eles porque fizeram uma grande partida. E temos que aceitar quando o adversário te supera. Sobretudo no tático, porque parece que no primeiro minuto tivemos bem, mas não fomos pulsantes como outras vezes. E quando a equipe te supera, tem que aceitar –- disse o técnico repetidamente.
Se a Libertadores é diferente, porque o Corinthians segue jogando igual?
Por fim, Ramón Díaz voltou a dizer que a Libertadores é um torneio diferente do que o Corinthians joga no Brasil.
– Na Libertadores é completamente diferente do que jogamos no Brasil. A atitude, a agressividade. Eles foram muito superiores em todos os sentidos. Sobretudo no tático. Fizeram uma grande partida, interpretaram como tinha que jogar e realmente nos superaram.
Esse discurso já havia sido usado nas duas apresentações vexatórias do Timão contra a UCV na segunda fase prévia da competição continental. Isso mesmo com a conquista da vaga à etapa seguinte, pois houve forte cobrança a respeito do desempenho da equipe.
A questão é que mesmo sabendo disso e reforçando mesmo antes mesmo de estar na Libertadores, a postura do Corinthians dirigido por Ramón Díaz não muda em jogos internacionais.
Vale lembrar que desempenho e argumento parecidos foram usados na eliminação corintiana para o Racing (ARG) na semifinal da Sul-Americana na temporada passada.

E a apatia do Timão enquanto treinado pelo argentino vai além de competições internacionais.
Basta remeter-se à semifinal da Copa do Brasil em 2024, contra o Flamengo, e até mesmo nos clássicos e jogos mais importantes já na temporada atual.
Cenário que aumenta a responsabilidade do Corinthians em avançar à final do Paulistão.
Neste domingo (9), o Timão recebe o Santos em jogo único pela semifinal da competição estadual.
Depois, na quarta-feira (12), caberá ao clube do Parque São Jorge usar a abusar da massa corintiana na Neo Química Arena para reverter a desvantagem contra o Barcelona pela Libertadores.