Vitória no estilo Corinthians não pode apagar atuações desastrosas pela Libertadores
Timão se classificou no sufoco à segunda fase preliminar da competição continental contra um time semi-amador da Venezuela

Além de ser “maloqueiro”, o torcedor do Corinthians se orgulha e canta que é sofredor. Mas nem sempre é preciso ser assim.
Principalmente quando em uma fase preliminar de Libertadores se enfrenta uma equipe semi-amadora da Venezuela que disputa a competição pela primeira vez em mais de sete décadas de vida.
O triunfo sobre a Universidad Central foi do jeito que a Fiel gosta de cantar, mas viver são outros quinhentos.
Tanto que após o apito final, o recado foi claro nas arquibancadas.
– Não é mole não, tem que ser homem para jogar no Coringão – cantou a torcida corintiana presete no estádio.
Após o empate com atuação preocupante no jogo de ida, em Caracas, o Timão buscou a classificação à segunda fase prévia da Libertadores nos últimos minutos, após ficar duas vezes na frente do placar e ceder empates de formas recorrentes na mesma medida que também são inexplicáveis.
Coube a Yuri Alberto salvar. Ainda que com alguns gols desperdiçados, o centroavante foi o cara da partida ao ir às redes no acender e apagar das luzes.
O lateral Matheus Bidu também deixou a marca dele.
Agora, o Corinthians vira a chave, pois tem outra decisão no fim de semana, quando enfrenta o Mirassol, pelas quartas de final da Copa do Brasil, novamente em Itaquera.
Pela Libertadores, o próximo adversário será o Barcelona de Guayaquil, do Equador.
Corinthians dá sinais de atropelo, mas peca nas falhas de cobertura
O Timão teve noite de operadora de telefonia na Neo Química Arena.
Após jogar em câmera lenta na Venezuela, os atletas corintianos sabiam da responsabilidade de dominarem a partida de volta em São Paulo.
Isso, inclusive, foi dito por uma fonte à Trivela antes da partida.
Segundo a informação trazida por ela, os jogadores admitiram internamente e para pessoas próximas que o desempenho na primeira partida contra a UCV foi “preguiçoso” e isso ocorreu por conta das referências de fragilidade que eles tinham do rival venezuelano.
Na prática, essa postura pôde ser vista. Mas somente nos dois primeiros minutos.
O Corinthians abriu o placar no primeiro lance. José Martínez fez um grande lançamento para Carrilo receber pela direita. O peruano foi para cima da marcação e cruzou por baixo. Yuri Alberto se movimentou bem e aproveitou batendo de primeira.

O placar aberto cedeu e indicou um atropelo corintiano, mas foi aí que o sinal caiu.
E a culpa foi da falha de cobertura. E aí não estamos falando de telefonia, mas de sistema defensivo.
Na sequência do gol corintiano, a zaga corintiana deu a bola de graça para a Universidad Central duas vezes seguidas. Na segunda, Zapata recebeu livre pelo lado direito e cruzou para Juan Cuesta que, com mais liberdade ainda, escorou para o gol escancarado.
Errar é humano, mas persistir no erro…
Com o empate da UCV na sequência do gol corintiano, coube ao Timão seguir impondo o volume do jogo. E isso aconteceu, mas de forma improdutiva.
Enquanto o Corinthians tinha mais a bola, eram os venezuelanos que criavam as melhores chances.
E nessa, além das falhas de cobertura, a defesa do clube alvinegro voltava a apresentar os recorrentes problemas em lances aéreos – que, inclusive, custaram a vitória no jogo de ida, na Venezuela.
Com 1,62 metro, o meia Zapata voltou a ter chances pelo alto e ganhando dos zagueiros corintianos. Nas duas vezes, o goleiro Hugo Souza salvou com defesas fantásticas.
O Timão, por sua vez, teve uma grande chance, onde Memphis Depay não aproveitou o cruzamento de Matheus Bidu pela esquerda e, ala Cavani, furou na pequena área.
Vilões viram herois e vice-versa
Mesmo abaixo e criando poucas chances, o Corinthians chegou ao empate ainda no primeiro tempo.
E se Memphis Depay não aproveitou o passe açucarado de Matheus Bidu, minutos depois o neerlandês recompensou o companheiro devolvendo um presente que dessa vez foi aproveitado.
O camisa 10 corintiano recebeu na entrada da área, protegeu a bola e colocou na medida para o companheiro dominar e bater cruzado.
Momento importante para Bidu, que recuperou a titularidade perdida nos últimos jogos após uma sequência de falhas.
Além disso, Matheus viu o Corinthians encaminhar a contratação de Fabrizio Angileri para disputar a posição – o argentino, inclusive, esteve na Neo Química Arena e acompanhou o jogo em um dos camarotes.
Porém, se um “vilão” recente esboçou ser heroi, um personagem que costuma ter atos de heroísmo pecou de forma fatal: Hugo Souza.
O goleiro que já havia evitado dois gols da UCV falhou no empate do time venezuelano.
Se a zaga não ganhava pelo alto, Hugo tentou resolver sozinho e foi até o meio da área. Porém, catou borboleta e viu Adrián Martínez ganhar e empatar o jogo antes do intervalo.
No fim, salvou quem já foi herói e vilão, portanto conhece os dois lados da moeda: Yuri Alberto.
Responsável por abrir o placar em Itaquera, também coube a ele fechar.
Em um lance do jeito Corinthians, em que o centroavante puxou o contra-ataque, a bola chegou até Rodrigo Garro que cruzou errado, mas o desvio na marcação encontrou Yuri para finalizar de primeira e dar números finais ao placar.