Corinthians finalmente tem um executivo de futebol: como trabalha Fabinho Soldado, ex-Flamengo?
Depois de recuar no negócio por obstáculos com o Flamengo, Corinthians faz nova proposta ao Rubro-Negro pelo lateral direito Matheuzinho
Depois de tantos e erros pressão o Corinthians tem um executivo de futebol: Fabinho Soldado. Nesta quarta-feira (24), o clube divulgou a contratação do ex-Flamengo, pela diretoria alvinegra para ocupar um dos cargos mais importantes do clube. A escolha veio após acontecimentos das duas últimas semanas que evidenciaram a necessidade da contratação de um executivo de futebol pelo Timão.
Em nota, o Corinthians informou que o novo dirigente chegará a São Paulo nos próximos dias:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa a contratação do executivo de futebol Fabinho Soldado. O profissional estava no Flamengo e chegará ao alvinegro nos próximos dias.
É um desafio participar de uma reconstrução do departamento de futebol do Corinthians. Gostaria de deixar claro que as minhas funções não se resumem a contratações, mas também em capacitar e melhorar todos os departamentos dentro do futebol”, afirmou o novo executivo.
Saída de Veríssimo e integração de Matheuzinho sem contrato colocaram pressão na diretoria
Até agora, quem se movimentava atrás de reforços era Rubão, diretor de futebol, e ficou claro que a sua falta de experiência seria um grande problema nesse início da gestão de Augusto Melo, que se viu pressionado pelos conselhos do clube que o apoiaram na eleição a “recalcular a rota”.
Na semana passada, um dia antes da estreia no Campeonato Paulista, Lucas Veríssimo informou que não continuaria no clube. Emprestado pelo Benfica, de Portugal, o zagueiro e seu staff ainda não tinham assinado o contrato com o Corinthians, mesmo sendo anunciado como reforço, treinado com o elenco e inscrito na competição.
Agora, uma semana depois, a nova surpresa foi com o fim da negociação de Matheuzinho, que assim como Verissimo treinava com o elenco desde a última semana, inclusive esteve presente no treino aberto a torcida no último sábado, no Parque São Jorge. Porém, a situação é bem diferente, o jogador estava integrado antes mesmo de ter sua negociação sacramentada, e com os pedidos do Flamengo não avançaram, já que as clausulas eram extremamente desfavoráveis ao Corinthians.
Como Fabinho trabalhava no Flamengo?
O dirigente vai exercer, no Corinthians, funções muito mais ativas no departamento de futebol do que no Flamengo. Durante a passagem pelo Ninho do Urubu, Fabinho era — literalmente — um soldado a serviço do clube e cuidava da maioria das funções administrativas das quatro linhas. O dia a dia do Rubro-Negro passava pelas mãos cuidadosas do profissional.
Fabinho chegou a atuar com a camisa do Flamengo em 2003 e está no clube como dirigente desde 2017, quando veio para o departamento de scout. O trabalho foi bom e, com a saída do gerente da pasta, Marcos Biasotto, surgiu a oportunidade de capitanear o time, que foi aceita. A partir daí, sua responsabilidade no Rubro-Negro só cresceu.
A função de Fabinho englobava a supervisão de todos os passos dos mais de 70 atletas presentes no Flamengo. A ideia era integrar o departamento de futebol, comissão técnica e alta cúpula da diretoria, numa espécie de “gerência de futebol”. Enquanto o “Soldado” ficava com a parte administrativa, Juan, ex-jogador do Rubro-Negro, ficava mais com os jogadores.
— Eu tenho aqui no CT, tirando os atletas, 70 funcionários aqui dentro entre comissão técnica e o apoio para que esse prédio funcione. Tenho o dia a dia disso para que o treino aconteça, o campo esteja em boas condições e os horários sejam cumpridos. Então tenho todo esse gerenciamento. Essa parte um pouco mais administrativa é onde eu entro. Juan é na parte técnica, e eu bem mais na função administrativa — disse, em entrevista ao ge, em 2022.
É importante frisar que esse trabalho administrativo, por ser mais silencioso, gerava muitas críticas à Fabinho. Membros de torcidas organizadas, e até dos conselhos do Flamengo, não entendiam bem a função do dirigente e defendiam a sua saída, que chegou a ser especulada depois da passagem de Vítor Pereira pelo clube. Sobre a pressão, o Soldado confirmou que já está acostumado.
— Algumas críticas são importantes, que fazem parte. Quando se está num momento difícil, a gente precisa ter a maturidade de entender. A minha função hoje no Flamengo é trabalhar silenciosamente. Silenciosamente não quer dizer que eu não falo porque eu não quero. Não é minha função falar, minha função é fazer que os departamentos funcionem. O torcedor vai entender um pouco mais isso de que é preciso ter pessoas que façam o dia a dia se comunicar. Eu sou soldado do Flamengo, quero permanecer o maior tempo aqui colaborando para o sucesso do clube. Até aqui acho que tem sido bacana. A própria ascensão em relação às funções têm mostrado isso — finalizou.
Fabinho chega em clima de desconfiança, mas pode dar resposta imediata
Muito por conta dessa ausência de uma função definida, ou até mesmo de renome — se assim pudermos pontuar —, Fabinho chega ao Corinthians em momento turbulento, de muita confiança. O presidente Augusto Melo e o diretor de futebol Rubão sofrem críticas diárias, tendo, inclusive, anunciado jogadores cujo contrato ainda não estava assinado. Dizer que os tiros saíram pela culatra seria um eufemismo.
A questão é que, mesmo ainda desconhecido pela torcida do Corinthians, Fabinho pode chegar com o pé na porta, resolvendo um desses imbróglios, envolvendo o lateral Matheuzinho. O atleta pertence ao Flamengo e tinha acordo para vestir a camisa do Timão, mas pedidas póstumas do clube paulista aos cariocas fizeram com que o jogador retornasse ao Rio de Janeiro.
Agora, o Corinthians quer usar Fabinho, que conhece Matheuzinho desde as categorias de base, como trunfo para fechar a negociação. Se o acordo anterior era de empréstimo, Augusto Melo e Rubão prepararam nova proposta, dessa vez de compra em definitivo, no valor de 4 milhões de euros, sendo 3 milhões (R$ 16,1 milhões) diretamente e mais 1 milhão (R$ 5,4 milhões) em metas pré-estabelecidas.