Ex-dirigente do Corinthians confirma que empresa ‘reprovada’ pelo compliance lidera projeto de sócios
Trivela teve acesso a esclarecimentos dados por um ex-superintendente de marketing a órgão internos do Timão

Ex-superintendente de marketing do Corinthians, Vinicius Manfredi de Azevedo admitiu que o projeto de sócios-torcedores e ingressos em jogos do clube é tocado por Bruno Balsimelli e Flávio Portella, proprietários da “Ticket Hub”.
A empresa em questão, porém, não foi recomendada pelo compliance corintiano durante o processo de concorrência promovido no ano passado para a prestação de serviço.
O motivo da “reprovação” está atrelado à ligação de Balsimelli, um dos sócios da empresa, em ações judiciais que estão em aberto, mas giram em torno de R$ 50 milhões.
A declaração de Vinicius ocorreu em reunião realizada com as comissões de Justiça e Marketing do Conselho Deliberativo corintiano e também com o Conselho de Orientação (Cori) nos dias 1° e 4 de abril. O profissional foi demitido do cargo nesta terça-feira (29).
Segundo o Corinthians, o desligamento se deve a um movimento de corte de gastos no clube. Porém, a reportagem da Trivela teve acesso a informações de que a decisão também esteve atrelada a questões políticas, sobretudo ligadas ao novo diretor de marketing Edgard Soares.
Antigo opositor, inclusive tendo assinado o primeiro pedido de impeachment contra Augusto Melo, Soares se tornou aliado do presidente corintiano.
Ex-dirigente admite participação da “Ticket Hub” em projeto de sócios e com empresa responsável por biometria facial
A Trivela teve acesso à parte do conteúdo em que Vinicius Manfredi de Azevedo diz às comissões e ao Cori ter conhecido Bruno Balsimelli e Flávio Portella em reunião com o intuito de discutir o contrato fechado sobre o projeto do Fiel Torcedor e de Ticketing, tocado justamente pelos sócios da “Ticket Hub”.
A empresa, que não foi recomendada pelo compliance, também liderou a negociação que levou à assinatura de contrato com a prestadora do serviço de biometria facial.
No dia 9 de abril, o Corinthians acertou a contratação da “Bepass” como responsável pela implantação da tecnologia. No entanto, a empresa não participou do processo de concorrência promovido pela TI do clube e pela consultoria “Alvarez & Marsal” – que teve contrato encerrado com o Timão nesta quinta-feira (1).
Foi a “Ticket Hub” quem participou da competição, representando também “Bepass” e “NewC”. Essas duas empresas atuariam paralelamente, prestando, de forma respectiva, os serviços de cadastramento de biometria facial e sócio-torcedor/ticketing.
De acordo com o documento que traz os relatos de Vinicius Manfredi de Azevedo, a informação que ele recebeu à época de Fred Luz, consultor representante da “Alvarez & Marsal” e que na ocasião tinha poderes para atuar como CEO do Corinthians, foi de que a negociação deveria prosseguir com a “Ticket Hub”, pois foi a empresa que iniciou as trataivas com o clube. Segundo o ex-superintendente de marketing, Fred recebeu a orientação da diretoria corintiana.
Após a publicação da matéria, Vinicius entrou em contato com a reportagem e esclareceu que o pedido para que a negociação seguisse liderada pela “Ticket Hub” foi a “NewC” e que o equívoco estava na ata que a Trivela teve acesso. Azevedo disse que entrou em contato com o Cori e as comissões de marketing e justiça para a alteração do documento.

Na reunião com as comissões de marketing e justiça do Corinthians e também com o Cori, Vinicius Manfredi Azevedo explicou que existem três situações já definidas e que serão implantadas pelo clube.
- Cadastramento da biometria facial dos torcedores, com a “Bepass”;
- Fiel Torcedor e Ticketing, com a “NewC”;
- Sistema das catracas, com a “Ticket Hub”.
Dessas três situações, somente o contrato com a “Bepass” foi assinado, por enquanto. O Corinthians aponta que o acordo foi firmado diretamente com a empresa, sem a participação de terceiros.
De toda forma, o projeto citado pelo superintendente de marketing corintiano é justamente o que foi liderado pela “Ticket Hub” no processo de concorrência conduzido pelo departamento de TI e a “Alvarez & Marsal”.
É mencionado nos bastidores corintianos que, mesmo havendo a ausência de recomendação do compliance, o clube pode avaliar e optar pela escolha de uma empresa, já que ela também passa por uma análise criteriosa do departamento jurídico do clube.
Na questão ligada à “Ticket Hub”, a informação apurada pela reportagem é que o Corinthians entende que o processo de “rejeição” da empresa esteve atrelado de forma equivocada com o de outra marca que não foi referendada pelo mecanismo.