Um mês depois: Augusto Melo não desiste da presidência mesmo cada vez mais sozinho
Presidente afastado do Corinthians insiste nas mesmas estratégias e tem apoio cada vez menor após sucessão de liminares, recursos e manobras estatutárias

Nesta quinta-feira (26) completa um mês que o Conselho Deliberativo do Corinthians afastou Augusto Melo da presidência do clube.
Mesmo com a Assembleia Geral de Sócios marcada para o dia 9 de agosto, o dirigente não deseja aguardar a votação em última instância e busca a retomada à chefia da direção corintiana através de esferas judiciais e manobras estatutárias.
Nos últimos 30 dias, o grupo de Augusto entrou com um festival de liminares. Todas foram indeferidas pela Justiça.
No entanto, de acordo com o apurado pela Trivela, o intuito do coletivo é ingressar com novas ações até a Assembleia agendada para agosto.
Esses movimentos, porém, afastaram alguns antigos aliados.
Pessoas influentes na gestão de Augusto Melo não concordam com a forma que as coisas são conduzidas desde o afastamento do dirigente. Isso esvaziou o grupo do presidente afastado.
O ponto crucial para a ruptura aconteceu no dia 31 de maio, quando uma aliada de Augusto se autoproclamou presidente do Conselho Deliberativo e anulou todas as decisões expedidas pelo órgão a partir do dia 9 de abril.
Assim como o próprio clube e a Justiça, alguns então parceiros do presidente afastado também não legitimaram o movimento que alegava que Romeu Tuma Júnior estava afastado da presidência do Conselho quando, entre outras coisas, liderou a reunião que levou ao afastamento de Augusto Melo.
Hoje, esses antigos aliados são considerados “traidores” por parte do coletivo que segue ao lado de Augusto.
Defesa de Augusto segue liderada por ex-Ministro e bate em argumento único
Assim como nos últimos dias de Augusto Melo na presidência do Corinthians, a defesa do dirigente é liderada por José Eduardo Cardozo, ex-Ministro da Justiça.
Ela foi encorpada com a chegada de outros escritórios de advocacia renomados, como o Sartori Advogados e o Hasson Sayeg, Novaes e Venturole. O grupo, porém, foi contratado por aliados que seguem a tentativa.
Oficialmente, o representante legal de Augusto Melo é Ricardo Jorge, que ocupava a função de diretor administrativo do Corinthians na época do afastamento.
Cardozo e o próprio Augusto, porém, admitem a relação entre as defesas para que as estratégias dos dirigentes e aliados sejam traçadas de forma conjunta.
Até o momento, o plano jurídico que representa o presidente afastado restringe a não legitimação de Romeu Tuma Júnior como presidente do Conselho Deliberativo do Timão a partir do dia 9 de abril.
Na data em questão, houve uma votação através da Comissão de Ética e Disciplina que, por 3 votos a 1, foi favorável ao afastamento de Romeu da presidência do órgão.

Desta forma, embasados nos itens D e E do artigo 28 e também no artigo 30 do Estatuto Social do Corinthians, o grupo que ainda apoia Augusto Melo considera autônoma a Comissão que definiu o afastamento de Tuma.
Por consequência, todas as tomadas de decisão dele na presidência do Conselho a partir da data também deveriam ser anuladas.
Contudo, os dispositivos estatutários em questão abordam questões relacionadas aos associados. Enquanto o artigo 89 das “leis corintianas” deixa claro que o processo de destituição dos conselheiros, que é o caso de Romeu Tuma Júnior, passa por um procedimento específico no órgão, cabendo a Ética “colher novas provas, tomar novos depoimentos, juntar novos documentos e solicitar informações da Diretoria para o fiel cumprimento de suas atribuições”.
É através deste argumento que todas as tentativas de retornar Augusto Melo à presidência corintiana foram negadas pela Justiça em diferentes esferas.
A negativa mais recente aconteceu nesta quinta-feira (26), com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negando o recurso movido pelo conselheiro Roberto William Miguel, conhecido como Libanês.
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Aparições de Augusto na imprensa também foram vistas como “tiro no pé”
Na tentativa de provar a inocência em relação às irregularidades que o levaram ao afastamento da presidência corintiana, Augusto Melo se expôs ao ser entrevistado por alguns programas de televisão, podcasts e até mesmo com uma matéria falando sobre a vida que levava após a decisão do Conselho Deliberativo.
De acordo com informações obtidas pela reportagem, a postura do presidente afastado não foi bem vista nos bastidores não só do Parque São Jorge como também do CT Joaquim Grava.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, Augusto Melo perdeu cada vez mais credibilidade ao se posicionar como vítima e injustiçado.
Também foi mencionado que o excesso de liminares e recursos judiciais passou uma mensagem negativa, dando ao presidente afastado a imagem de interessado somente pelo poder.